O
REI XERXES DO CERRADO
Humberto
Ellery*
A história de Leônidas na defesa de sua
querida Esparta, quando, às portas do Estreito das Termópilas enfrentou o Rei
Xerxes, que o atacou com um numero quase mil vezes superior de soldados, é bem
conhecida de todos os brasileiros, principalmente depois da espetacular
performance do Rodrigo Santoro no cinema encarnando o heroico general.
Ao se deparar com aquele diminuto exército, o
Rei persa, arrogante, ordenou que os gregos se rendessem e entregassem suas
armas. Leônidas respondeu: “Venha buscá-las”.
Xerxes então ameaçou: “Enquanto houver bambu
haverá flechas”. Não! Vixe Maria, tô misturando as histórias. A ameaça
foi: “Nossas flechas serão tão numerosas que irão obscurecer o sol”, ao que o
valente Leônidas retrucou: “Melhor, combateremos à sombra”.
Miseravelmente apareceu na história um
traidor, Efialtes. Na calada da noite guiou Xerxes pelo “caminho das pedras” e
então conseguiu surpreender Leônidas pela retaguarda e destruiu os
destemidos espartanos.
Mas é pouco conhecida a história de Xerxes quando
ele precisou atravessar o estreito do Helesponto, no Mar Negro, justamente para
invadir a Grécia. Para transpor o braço de mar ordenou a seus engenheiros que
construíssem uma ponte gigantesca apoiada sobre flutuadores (técnica utilizada
até hoje).
Concluída a espetacular obra de engenharia,
quando suas tropas se preparavam para a travessia, o mar se agitou em meio a
uma violenta tempestade que destruiu completamente a formidável estrutura.
Irritadíssimo, Xerxes condenou seus engenheiros à morte e sentenciou que ao Mar
Negro fossem aplicadas trezentas chibatadas como castigo por sua indisciplina.
O Xerxes do Cerrado também está irritadíssimo,
primeiro porque não apareceu nenhum Efialtes para trair o Temer, que continuou “com
muita serenidade” à frente de suas tropas, guarnecendo a entrada do seu
estreito das Termópilas, trabalhando para colocar o trem de novo sobre os
trilhos, sem medo de suas flechas de bambu (que nem encobriram o sol).
Agora surgiu uma forte tempestade, em forma de
gravação, que destruiu completamente toda a sua exuberante pantomima, e levou
de roldão o pouco que ainda restava de sua reputação. Como dizem aqui no Ceará:
Lascou-se, negão!
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