sábado, 4 de março de 2017

CRÔNICA - Carnavais D'outrora (PT)


Carnavais d’Outrora
Paulo Tadeu*


Quem vê a animação da orla marítima no Ciclo Folclórico Carnavalesco não imagina que, na Fortaleza de outrora, as praias eram praticamente desabitadas. A hoje animadíssima praia de Iracema era a praia do Peixe. Pelo nome, vê-se que ali era local para pescadores, com suas bucólicas colônias no branco areal das dunas, com o vento assobiando nos telhados das casinhas ornadas pelo coqueiral.
Era uma época em que a sociedade não havia descoberto o charme de morar em uma casa com vista para o mar. Alguns ricaços faziam lá suas chácaras para veraneio.   E estas, geralmente, não tinham frente para o mar. Veja-se, por exemplo, a Vila Morena, o tradicional e boêmio Estoril. O mesmo acontecia com os clubes elegantes, a exemplo de Náutico, Iate e Ideal.



Eram muitos os clubes, tanto filiados ao Interclubes, entidade que agregava os grêmios elegantes, como as agremiações ligadas à União dos Clubes Sociais Suburbanos que animavam os carnavais nos bairros. A Associação dos Cronistas Sociais e Carnavalescos, com os profissionais dos jornais e das emissoras de rádio, percorria cada um, compondo a Corte de Sua Majestade o Rei Momo “Primeiro e Único” ao lado da Rainha e suas princesas, em um cortejo anunciado pelo clarim do corneteiro real.





Na praia havia muitos clubes, cada um fazendo animadíssimos bailes carnavalescos, cabendo aos cronistas proclamarem o mais animado e concorrido da temporada. As tradicionais marchinhas, marchas-rancho, o samba e o frevo comandavam os blocos de clubes, formados por grupos de amigos e componentes familiares que se apresentavam com seus belos estandartes e usavam criativas fantasias, geralmente confeccionadas em seda, cetim, lamê e paetês. 


Muitos abusavam da estamparia, destacando-se tecidos ornados com bolas, que, no conjunto, davam um ar de muita alegria e comunicação.  Os blocos de clube competiam internamente no quesito animação, cujos vencedores eram proclamados na noitada da terça-feira momina.

Havia o Comercial Clube, o Centro Massapeense, Centro Quixadaense, Clube do Médico, Diários, Associação Atlética Banco do Brasil, Clube de Regatas Barra do Ceará  (este, na  gestão da prefeita Luizianne Lins, foi adaptado  para   CUCA Che Guevara).

Fora da orla marítima, destacavam-se as festas mominas do Clube Líbano Brasileiro, do Ceará Country Club e  Clube Iracema. Bem mais distante, na rua Barão do Rio Branco, quase esquina com a avenida Treze de Maio, reinava o Maguari Esporte Clube com seus  inolvidáveis  carnavais.

No subúrbio, as festas eram no Romeu Martins, Vila União, Cotonifício Leite Barbosa, Iassocial, Menfis, Keops Club, Santa Cruz, SECAI, Clube Recreativo Aerolândia, Clube Recreativo e Educacional Mocidade de Aparecida – CREMA, Internacional, Renascença, Grêmio dos Ferroviários, Espaço Clube, Tiradentes, Tiro e Linha, Terra e Mar, Feirantes, Patinação Clube e o Fortaleza.

Fortaleza era a “Cidade dos Clubes”. A animação reinava também nas chamadas “pensões altas”, as boates do Centro, bem como do Arraial Moura Brasil: Curral, Cinza e Oitão Preto; e no Farol.

Hoje os foliões estão nas barracas de praia e nos distintos polos organizados pela Secultfor.

Outros tempos, novas atrações. E viva Momo!


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