FINALIDADES DO CASTANHÃO
Cássio Borges*
O
Açude Castanhão tem características funcionais e operacionais diferentes das dos
açudes construídos pelo DNOCS, visto que, além de regularizar vazões, foi previsto
para controlar enchentes no Baixo Jaguaribe. Do ponto de vista hidrológico, tem
duas finalidades: da cota 55m (leito do Rio Jaguaribe) até a cota 100m, acumula
4,4 bilhões de m³, é a cota de regularização de vazões, e da cota 100m até a
cota 106m, acumula 2,3 bilhões de m³, é o “volume de espera” para evitar
inundações catastróficas no Baixo Jaguaribe. O “volume de espera” deve, como o
próprio nome diz, sempre que possível, estar
vazio, a “espera de uma enchente excepcional”.
O
leitor deve estar lembrado de que no final do inverno de 2009 houve uma grande
discussão através da mídia e também na Assembleia Legislativa, envolvendo até
mesmo o Governador do Estado e o então Diretor Geral do DNOCS: “se as comportas
do Castanhão deveriam, ou não, ser fechadas”. A decisão foi a de que as
comportas deveriam ser fechadas para “acumular
o máximo possível de volume d´água”. Assim, o “volume de espera”, que deveria
estar vazio, foi, incorretamente, enchido e a barragem passou a acumular 6,7
bilhões de m³.
Pelo
visto, houve um erro de gestão do açude, que poderia ter ocasionado graves consequências, pois se
tivesse havido, naquela ocasião, uma chuva de 100 ou 120 milímetros, os diques de terra, auxiliares da barragem, poderiam ter sido rompidos ocasionando, uma
tragédia no Baixo Jaguaribe. Não obstante, graças a este erro de gestão, a
barragem, excepcionalmente, ganhou um volume adicional de 2,3 bilhões de m³ de
água, que hoje está sendo responsável pelo abastecimento de água da Região
Metropolitana de Fortaleza. Se assim
não tivesse sido, desde o início do ano passado, ou até mesmo antes, o referido reservatório já teria secado.
No
nosso entendimento, o “volume de espera” nunca deve ser usado para acumular “mais
água” acima da cota 100m, que é a indicada para “regularização de vazões. No
inverno de 2009, a barragem correu risco de romper, só não ocasionando uma
catástrofe quando decidiram abrir as comportas que ocasionaram uma enchente
(artificial) no Baixo Jaguaribe. Outra decisão, a nosso ver, também errônea,
que deve ter provocado problemas de cavitação e forte vorticidade, quem sabe
(?), teriam provocado, já naquela ocasião, as fissuras na parede da obra.
Esperamos
que erros semelhantes não mais sejam repetidos para preservar a segurança desse
empreendimento e da própria população jaguaribana.
(Publicado no Jornal O Povo - Edição de 13.03.2017)
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