A MARCHA DA INSENSATEZ
Rui Martinho Rodrigues*
Stephen Hawking adverte para o perigo de
autodestruição da nossa espécie. A complexidade crescente do mundo e o
proporcional crescimento das decisões políticas de grande impacto aumentam a
probabilidade de catástrofes.
O entendimento do que seja bem público,
legitimando a prevenção restritiva de direitos, promove o aumento da tutela
estatal, concentrando decisões nos governos, unificando o poder político e o
econômico, levando à regulamentação crescente da vida dos cidadãos.
Isso prejudica a contenção recíproca dos poderes
econômico e político, análoga ao sistema de freios e contrapesos da divisão
entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Quanto mais unificado o Poder, menor
a ação dos freios impostos à insensatez, que só o contraditório limita. As
redes sociais incrementaram a passionalidade e potencializaram o populismo.
Temos cada vez mais demagogos e menos estadistas. É a dinâmica da insensatez.
A paz entre as grandes potências foi mantida,
até agora, por um dos períodos mais longos da História, graças à divisão do
mundo entre dois centros de poder, limitando o âmbito das decisões, impondo uma
pax amaricana e a pax soviética,
desfrutando da sombra da dissuasão nuclear, com o apoio da memória das duas
grandes guerras do século XX. Tudo isso passou.
O declínio dos EUA e a implosão da URSS, a
ressurreição da China, a reconstrução do Japão e da Alemanha, a iminente
desagregação da União Europeia e as incertezas quanto ao futuro da OTAN,
promovendo a volta da multipolaridade, multiplicam as possibilidades de erros e
conflitos, pois “quanto mais cabra mais cabrito”, diz a sabedoria popular.
A criação de novos países diminutos, incapazes de autodefesa, facilitando agressões, levando ao envolvimento de terceiros países, aumenta o perigo de guerra. O nacionalismo e o avivamento religioso ou “revanche do sagrado” incrementam o fanatismo político, conflitos e políticas econômicas danosas.
A criação de novos países diminutos, incapazes de autodefesa, facilitando agressões, levando ao envolvimento de terceiros países, aumenta o perigo de guerra. O nacionalismo e o avivamento religioso ou “revanche do sagrado” incrementam o fanatismo político, conflitos e políticas econômicas danosas.
A insensatez bate à porta.
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