segunda-feira, 27 de março de 2017

ARTIGO - A Marcha da Insensatez (RMR)


A MARCHA DA INSENSATEZ
Rui Martinho Rodrigues*


Stephen Hawking adverte para o perigo de autodestruição da nossa espécie. A complexidade crescente do mundo e o proporcional crescimento das decisões políticas de grande impacto aumentam a probabilidade de catástrofes.

O entendimento do que seja bem público, legitimando a prevenção restritiva de direitos, promove o aumento da tutela estatal, concentrando decisões nos governos, unificando o poder político e o econômico, levando à regulamentação crescente da vida dos cidadãos.

Isso prejudica a contenção recíproca dos poderes econômico e político, análoga ao sistema de freios e contrapesos da divisão entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Quanto mais unificado o Poder, menor a ação dos freios impostos à insensatez, que só o contraditório limita. As redes sociais incrementaram a passionalidade e potencializaram o populismo. Temos cada vez mais demagogos e menos estadistas. É a dinâmica da insensatez.

A paz entre as grandes potências foi mantida, até agora, por um dos períodos mais longos da História, graças à divisão do mundo entre dois centros de poder, limitando o âmbito das decisões, impondo uma pax amaricana e a pax soviética, desfrutando da sombra da dissuasão nuclear, com o apoio da memória das duas grandes guerras do século XX. Tudo isso passou.

O declínio dos EUA e a implosão da URSS, a ressurreição da China, a reconstrução do Japão e da Alemanha, a iminente desagregação da União Europeia e as incertezas quanto ao futuro da OTAN, promovendo a volta da multipolaridade, multiplicam as possibilidades de erros e conflitos, pois “quanto mais cabra mais cabrito”, diz a sabedoria popular. 

A criação de novos países diminutos, incapazes de autodefesa, facilitando agressões, levando ao envolvimento de terceiros países, aumenta o perigo de guerra. O nacionalismo e o avivamento religioso ou “revanche do sagrado” incrementam o fanatismo político, conflitos e políticas econômicas danosas.


A insensatez bate à porta.


Nenhum comentário:

Postar um comentário