ENCONTRO COM
O PROF. DR. ROBERTO PONTES
Vianney Mesquita*
Escritor
original não é aquele que a ninguém imita; é o que nenhuma pessoa consegue
imitar (François-René Auguste de Chateaubriand - Saint-Malo, 04.09.1768; Paris,
04.07.1848).
Entrevista fortuita e não menos
aprazível, ocorrida no dia 08 de abril fluente, com o escritor Francisco Roberto Silveira Pontes de Medeiros (docente do Departamento de Literatura da
Universidade Federal do Ceará), rendeu-me dois excepcionais regalos de peças de
sua colheita, uma das quais de mimoso continente - o livro de bolso 50 Poemas Escolhidos pelo Autor
(vol.55), com 120 páginas, parte das Edições
Galo Branco, impresso pela insuperável Expressão Gráfica e Editora, do
amigo arquiteto F. Eulálio Santiago Costa.
Sob a coordenação editorial da
Prof.a. Dr.a. Elisabeth Dias Martins e diferentíssimo daqueles grossos
in-fólios à antiga, o volume, de 11cm x 7cm, tem capa artisticamente simpática,
da assinatura de Carlos D. von Minini, e xilogravura de frontispício de Adir Botelho.
Para a História da Editoração no Brasil
Adito por oportuno, a fim de
constituir notícia para a história editorial brasileira, o fato de que,
consoante registo procedido na quarta capa desse primoroso softcover, as Edições Galo Branco reeditam a ideia, concebida por
José Simeão Leal, dos celebrados Cadernos
de Cultura, editorados por ele no antigo Ministério da Educação, no Rio de
Janeiro, com início em 1950, cuja publicação inaugural da Coleção 50 Poemas Escolhidos pelo Autor foram
cinco dezenas de poesias de Manuel
Carneiro de Sousa Bandeira Filho.
A ideia de homenagear essa diligência
do então diretor do Serviço de Documentação do MEC – Simeão Leal - em favor da
poesia brasileira configura a providência das Edições Galo Branco de oferecer,
com igual denominação, o conjunto de 61 “bolsilivros”, da assinatura de
escritores de poemas com os mais distintos pendores e escolas, oriundos de
muitos rincões do Brasil, em meio aos quais estão vários cearenses,
contabilizando-se, entre outros, meu preclaro amigo, escritor e diplomata
Márcio Catunda (o qual no exato momento passa certos apertos com sua
transferência, imposta pelo Itamaraty, de Madrid para Argel); o Prof. Dr.
Linhares Filho, estudioso de Miguel
Torga (Adolfo Correia da Rocha) e António Fernando
Nogueira de Seabra Pessoa; e o
Prof. Dr. Pedro Wladimir do Vale Lyra, autor de Utiludismo – a Socialidade da
Arte.
A edição desse conjunto poemático
do mais erguido merecimento coincide, de estudo, com a passagem dos 70 anos do
Escritor de Lições do Espaço (1970),
que ele perfez agora, no dia 4 de fevereiro, pois ao Mundo neste dia de 1944,
na mais cabida reverência a um intelectual de eminente estimação, conforme se
exibe o produtor de Verbo Encarnado
(1996) e Breve Guitarra Galega
(2002).
O Conteúdo
Com relação ao teor das 50 peças
que recheiam o livro, cujo continente termino de comentar – máxime pelo fato de
haver sido escolhido pelo próprio Roberto Pontes, literato de nascença (pois
deixou rendosa banca de advocatura para mourejar nos mal retribuídos misteres
de escritor e professor) – não intento escoliar sobre a esplendidez de seu estro
nem a respeito dos seus transportes poéticos. Acho suficiente exprimir o fato
de que é conhecido, respeitado, admirado e multicitado por estudiosos dos
países lusófonos, pois assina, por exemplo, Poesia
Insubmissa Afrobrasilusa (1999) e O
Jogo de Duplos na Poesia de Sá-Carneiro – meu segundo presente auferido no nosso casual encontro da Faculdade de Educação da
UFC, ao qual me referi no começo destas notas, e estou no aguardo de asado ensejo para a seu respeito
emitir juízos.
Sua literatura passiva se
expressa por demais afortunada em todo o País, verbi gratia, nos conceitos de Pedro Lyra, Antônio Girão Barroso,
Rogério Bessa, Sânzio de Azevedo, Nilto Maciel (Goiás), Lúcia Helena (Rio de
Janeiro), Luiz Papi (Paraíba), Hélder de Sousa (DF), Pedro Paulo Montenegro,
Fernando Py (Petrópolis), Angel Zuazo (Cuba) e tantos e muitos e múltiplos...
O Contracanto (1968) está com 46 anos, o que representa quatro
décadas e meia de poesia, numa trilha de qualidade, no acompanhamento do estado
da arte da Poética, prosa, ensaio, crônica e tantos
quantos gêneros entenda experimentar, porquanto arte e engenho encerra de
sobejo.
Concedeu-lhe esse estatuto o
fato de exercitar, constantemente, a poesia, a crítica, o ensaio, a tradução, o
magistério de língua e literatura brasileira, portuguesa e africana. É um
escritor que ESCREVE, não sendo desses bissextos, “dispensados de fazer
poesia”, conforme dito por Ivan César em homenagem a Antônio Girão Barroso.
Conclusão
Ex expositis, sobre ser a existência escritural do autor de Movimentos de Cronos (2012) completa de
estudos formais na grande área por ele escolhida para tornear e exercer
magistério – cursos de pós-láurea lato
e stricto sensu – além de participante de motos literários dos mais diversos
gêneros, o Prof. Dr. Roberto Pontes é, como ocorre, v.g., com Rafael Sânzio de Azevedo, Francisco de Oliveira Carvalho
e o também imensurável escritor baturiteense Nilto Maciel, pena constantemente
manifesta.
Isto porque tais circunstâncias
os converteram em escritores plurais, lidos, acompanhados e monitorizados pelos
fiéis leitores, granjeados com seus escritos pouco intervalados e em evolução,
no concernente à essência literária e à axiologia estética de sua produções.
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