ODE AOS ACADÊMICOS CONTEMPORÂNEOS
Régis Kennedy Gondim Cruz*
Minha intenção neste escrito ligeiro – ode sem rima –
é homenagear a inteligência cearense, configurada no corpo imortal da Academia
Cearense de Literatura e Jornalismo, cujo blog
tenho a satisfação de acompanhar há algum tempo, apreciando a crônica de
excepcional qualidade da autoria dos ocupantes de suas cátedras.
Pincei um deles, pelo fato de ser seu leitor assíduo,
desde as primeiras produções, eu ainda na qualidade de estudante de Letras da
Universidade Federal do Ceará.
Adianto, contudo, a ideia de que admiro sobremodo as
expressões de todos os seus colaboradores, em razão dos excepcionais textos nos
vários gêneros cultivados por eles, como, por exemplo, Rui Martinho Rodrigues,
Pedro Altino, Reginaldo Vasconcelos, Paulo Maria de Aragão, Geraldo Jesuíno da
Costa, Aluísio Gurgel e tantos outros.
Neste passo, aludo à produção científica, literária e
artística do Prof. João VIANNEY Campos de MESQUITA, incluindo em minha prosa
títulos de livros seus e em colaboração, os quais, para identificação, pelo
leitor, são grafados em negrito.
Sejam, pois, benditos os acadêmicos contemporâneos,
porquanto, debruçados Sobre Livros, realizam
seus Estudos de Comunicação no Ceará,
em especial na U.F.C., fonte de poesia e laboratório de pesquisas, timbrando,
assim, seu Repertório Transcrito de
beleza e emoção; tudo isto por intermédio de Impressões registradas com tintura a exatos 100 graus Celsius,
aferidos cuidadosamente nO Termômetro de
McLuhan. Louve-se essa Escrita
Acadêmica, cujo Fermento na Massa do
Texto nos conduz a um Resgate de
Ideias saudosistas, como em Folhas
Mortas, e futuristas, em Para além
das Colunas de Hércules, de tal sorte que nenhum Arquiteto a Posteriori ousará modificá-la.
A tinta da pena de Vianney Mesquita é o remédio de
que o vernáculo necessita para, ainda que moribundo, continuar a existir com
dignidade. Que ele escreva, escreva como quem respira a última corrente de ar
proveniente do Lácio, pois seu verbo oxigena o cérebro e enleva a alma.
Alberto Nepomuceno, um dos mais celebrados musicistas
eruditos, nosso coestaduano, dizia que não
é nação um povo que não canta em sua própria língua. E esse Escritor,
conforme sucede com a maioria dos que militam nessa Academia, é parte do
pequeno grupo a restabelecer a ordem etimológica das palavras.
Desse modo, recorro aos insignes detentores das
pelerines dessa Sociedade científico-cultural do Ceará, para que se apiadem do
povo e nos curem com as porções homeopáticas dos seus escritos.
Gosto, imenso, da forma como o Autor de ... E o Verbo se fez Carne recupera
vocábulos e expressões do riquíssimo bazar da Língua Portuguesa, como se estes
pululassem do papel para nossas veias, que os conduzem ao cérebro e desembocam
no coração. Suas urdiduras literárias pacientam a Ciência e enchem de lirismo a
Literatura, fazendo com que ambas interajam, respeitosa e
interdisciplinarmente, amalgamando razão e emoção, em eco sinfônico às oitivas
do leitor. Sua escrita, pois, dignifica o vernáculo, tão açoitado por
escrevinhadores desatentos, minguados do Latim e carentes do Grego.
As análises procedidas pelo Autor de quem ora trato
são absolutamente críticas, isentas e fundamentadas. Constituem a gota d’água,
o deferimento para o sucesso de qualquer trabalho científico ou literário. Seu
aval é a batuta do maestro, fazendo vibrar o argumento bem suscitado e a
circunstância emocional, em simultâneo, como se ambos, pari passu, invadissem o ser, o conduzindo até o mar da pesquisa e
ao céu da imaginação.
Passar pelo seu crivo, na qualidade de revisor
perspicaz, é, por conseguinte, ter o escrito lapidado, torneado, adornado,
pronto para a busca científica do cérebro e o deleite do espírito anímico.
Remeto o leitor a uma matéria publicada, no Estado de Minas, pela jornalista Márcia
Siqueira, reproduzida exatamente neste blog,
no dia 26 de dezembro de 2013, Os Mil
Pecados que se Cometem contra a Língua, na qual a redatora apenas reforça o
que eu já houvera comprovado: o zelo e a fidelidade com que ele cuida da Língua
Portuguesa.
Leio, em uma passagem do que escreveu a Professora
Joseneide Franklin Cavalcante, a exata expressão do meu pensamento, a qual veste como luva o modo de ser deste Produtor
de textos científicose literários. Apreciemos o belo torneio:
{...} o Vianney
Mesquita escritor vejo à semelhança de um Michelangelo, esculpindo cada frase,
cada construção. As palavras são seu mármore, a pena seu cinzel, a pureza das
formas seu modelo, a busca da perfeição sua exigência. Seus escritos são
Moisés, que adquiriram a própria voz e dele se libertaram, ganharam sua
autonomia. As palavras são artesanalmente trabalhadas e vão ganhando formas,
muito suas, e que poderão ser tão variadas quanto ele as queira variar,
mantendo, entretanto, a elegância e a pureza de uma língua nacional que,
agonizante, deveria suplicar, em favor da sua sobrevivência, por um Vianney que
já quase não se consegue encontrar. (Resgate de Ideias, 1996, p.184).
Como se denota, pois, são realmente escassos os
guardiões deste tesouro nacional, porém, existem. Penso que nada impede,
conforme ele faz, de se produzir escritos com um vocabulário pouco comum, digo
até imodesto, entretanto absolutamente claro e objetivo, fazendo do texto um
tecido de fina estampa.
Lê-lo é ouvir uma sinfonia com os olhos e o coração
abertos, num silêncio profundo, sem querer espectadores para que nenhuma
palavra desafine...
* * *
*Régis Kennedy Gondim Cruz é bacharel em Letras
pela Universidade Federal do Ceará, professor de
Línguas Inglesa e Portuguesa das redes públicas estadual do Ceará e municipal
de Fortaleza. Pós-graduado em Letras pela U.F.C.
Nenhum comentário:
Postar um comentário