segunda-feira, 15 de maio de 2017

RESENHA - Programa Dimensão Total (14.05.17)


PROGRAMA
DIMENSÃO TOTAL
14.05.17



Dimensão Total é um programa radiofônico semanal de debates, do Jornalista Ronald Machado, pela Rádio Assunção Cearense, na sintonia AM 620 ou pela Web, aos domingos, entre 10 e 12 horas, apresentado interinamente por Reginaldo Vasconcelos, Presidente da ACLJ, tendo como assistente de estúdio o radialista e produtor executivo Alexandre Maia.



O tema musical de abertura do programa de 14 de maio foi a Ave Maria de Schubert, em versão gravada ao vivo, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, pelo cantor popular brasileiro Roberto Carlos, que cantou em italiano – e, em latim, pelo tenor italiano Luciano Pavarotti. A apresentação conjunta se deu quando da visita de Pavarotti ao Brasil, em 1998.  Em seguida, a técnica colocou no ar o poema Para Sempre, de autoria e na voz de Carlos Drummond de Andrade. Quem quiser ouvir a preciosa gravação do poema acesse o link abaixo.




Essa abertura foi inspirada pelo transcurso do dia consagrado à figura materna, essa entidade sagrada que enternece a todos e comove a cada um. Coincidentemente, o dia das mães deste ano se seguiu ao 13 de maio, dedicado a Maria de Fátima, que para os católicos simboliza a mãe espiritual da humanidade.

O apresentador fez uma saudação à própria mãe, Dona Estefânia, de 84 anos, e a outras mães de sua família, recomendando à técnica que ao final do programa colocasse no ar  a canção Trem Bala, terna composição de estreia da jovem compositora paranaense Ana Vilela, em versão encomendada pelo marketing do Banco do Brasil, especialmente para o dia das mães.

Compareceram ao programa o jornalista e sociólogo Arnaldo Santos, o advogado e analista político Roberto Pires, o médico psiquiatra e analista político Antônio Mourão, o jornalista e advogado, ex-senador da República Cid Sabaio de Carvalho e o jornalista Ronald Machado.




O primeiro tema debatido foi o interrogatório do ex-presidente Lula ao Juiz Federal Sérgio Moro, ocorrido em Curitiba no último dia 10 de maio. Arnaldo Santos abriu os debates se dizendo indignando com o festival de cinismo e de hipocrisia verificado, tanto durante o interrogatório como logo depois, com a desfaçatez com que o casal Mônica Moura e João Santana delatara Lula e Dilma, dos quais foram íntimos, conselheiros e amigos, e depois de se cevarem das verbas publicitárias de campanha. 

Reginaldo Vasconcelos concordou com Arnaldo, pontuando que o processo penal já corresponde a uma penalidade moral, e que o cidadão eventualmente submetido a ele não é um demônio, mas alguém que presta contas de seus atos perante a sociedade. Reginaldo lembrou, a propósito,  o brocardo latino do Direito Criminal, res sacra reus est – "o réu é coisa sagrada".

Antônio Mourão discorreu sobre os acertos do Governo Lula, em suas políticas públicas de cunho social, virtudes que não seriam consideradas por seus muitos acusadores. Argumentou que Sérgio Moro tem atuado no desiderato inglório de destruir o mito nacional que Lula representa, atendendo aos interesses do "governo ilegítimo" de Michel Temer, no que foi contestado por Reginaldo Vasconcelos, no sentido de que quem combate um mito se torna mítico, e de que não seria ilegítimo o Governo Michel Temer, do ponto de visto jurídico.

Reginaldo pontuou que o Governo Temer resultou de um processo de impeachment que seguiu, rigorosamente, o rito previsto na Constituição Federal – por mais que careçam de verdadeira representatividade popular os parlamentares que atuaram no processo, e embora Michel Temer e seu Ministério não sejam simpáticos, nem ao debatedor, nem ao povo brasileiro, segundo os seus ínfimos índices de popularidade, ainda inferiores aos de Dilma Rousseff quando de sua deposição  ela que o conduziu por suas vezes à vice-presidência da República.  

Cid Carvalho achou que aquele ato processual penal de oitiva do denunciado Lula da Silva fora escorreito, elogiando a postura do Juiz Sérgio Moro, que não obstante um magistrado muito jovem, teria demonstrada sensatez e equilíbrio. Por outro lado, também achou que Lula da Silva se saiu muito bem em suas respostas – vaticinando ao final o ex-senador que Lula jamais será condenando, pois certamente a sentença de Moro será reformada em grau de recurso. Entusiasta do projeto petista de governo, e ainda inconformado com a sua derrocada, Cid também profetizara que o impeachment de Dilma jamais seria efetivado.  

Com a chegada de Ronald Machado, que protestou contra a revogação da prisão provisória de José Dirceu pelo Supremo Tribunal, o assunto polarizou as opiniões. Antônio Mourão posicionou-se a favor da medida, com a qual também pareceu concordar Roberto Pires, sendo essa também a opinião de Arnaldo Santos, ao contrário do que pensam a respeito Cid Carvalho e Reginaldo Vasconcelos, os quis entendem que Dirceu deveria aguardar preso o transito em julgado da sentença penal condenatória contra si, em face da gravidade de suas condutas e do poder de articulação que ainda tem.    

O programa foi encerrado pelo Dr. Antônio Mourão, que leu matérias de jornal sobre o fechamento da rede de drogarias criada pelo Governo Lula, visando fornecer medicamentos a preços subsidiados – a Farmácia Popular. Esse serviço está sendo delegado exclusivamente a redes particulares de farmácias, o que, segundo Mourão, corresponde a confiar o galinheiro aos cuidados das raposas.



COMENTÁRIO I

Defendo que parte do aparato judicial brasileiro está sendo – lamentavelmente – manipulado para servir a uma tendência do xadrez político brasileiro. É nítida e fartamente denunciada a postura do condutor, Juiz Sérgio Moro, em preferencialmente investigar a ex-presidente Dilma, o ex-presidente Lula e seu partido, o PT;

Fez-se uma polarização esdrúxula: o juiz e o réu (Moro x Lula), sendo inclusive capa de diversos meios sociais (jornais e revistas).  Juiz é juiz. Não tem lado. Não se torna partidário. Aliás, em recente comunicado, pela Internet, Moro convidou os adeptos de sua facção a não participarem de manifestações em Curitiba quando do depoimento de Lula. “Vamos deixar eles virem. Os nossos não devem se manifestar”... Muito curioso um juiz se expressar nestes termos;

A delação premiada tornou-se uma panaceia. Mas, sempre centrada na possibilidade de acusar os ditos réus ordinários (Lula, Dilma, PT), pois, quem autoriza a delação é o dito juiz e só interessaria denúncias nesse eixo. Ademais, estas delações que são apenas um indício – pistas para investigações mais consistentes  são logo distribuídas aos meios de comunicação, sem qualquer respeito aos supostos suspeitos (redundância?!);

Houve a derrubada de um governo legitimamente eleito. As medidas propostas pelos novos ocupantes do poder, logo se tornaram evidentes: terceirização, reforma da previdência e trabalhista. No conflito capital x trabalho pode-se descobrir a gênese da derrubada...

19.05.17

Antônio Mourão Cavalcante



COMENTÁRIO II

Os fatos desta semana, que sobrevieram portanto à edição do programa Dimensão Total de domingo último, o qual foi resenhado na matéria comentada, desmentem essa teoria conspiratório do nosso estimado Prof. Mourão, que é psiquiatra, mas a quem ouso contraditar, do alto da minha ignorância nas convulsões da mente humana. 

A Lava Jato acaba de alcançar o Presidente do PSDB, partido antípoda ao PT, como também atingiu sem dó e sem piedade o Presidente da República – presidente de honra de uma sigla historicamente aliada ao PT, entretanto tido hoje como inimigo número um do lulopetismo. E a rede Rede Globo, que também faz parte do mesmo delírio persecutório da militância, tem sido inclemente com os novos acusados. 

Mantido por dois mandatos na vice-presidência de Dilma Rousseff, Temer se viu compelido  a substituí-la por dever funcional, após o processo de impeachment constitucionalmente conduzido contra ela pelo Congresso Nacional, não se constituindo portanto em golpe, nem sendo ele um presidente "ilegítimo". 

Agora ele é um presidente indiciado, e se perder o mandato vai ser julgado pelo mesmo Sérgio Moro, que no entender de Mourão é perseguidor de Lula e Dilma. Para mim, corroborando o pensamento do Prof. Cid Carvalho, Moro se conduziu com a maior correção do interrogatório de Lula.

Como jurista quero esclarecer ao médico que Sérgio Moro não investiga nada, pois a sua função é apenas presidir o processo e ao final julgar. Quem investiga e a Polícia, e quem escrutina as investigações do inquérito é o Ministério Público, instituições que não fazem parte do "aparato judicial". 

Quando Moro falou ao povo foi na tentativa de evitar confrontos, pois ele sabe que há uma divisão ideológica no País, e a facção antipetista o enxerga como aliado, já que ele cumpre sua missão institucional de julgar uma malta de corruptos daquela agremiação e de seus aliados.

Parece-me natural que Lula, Dilma e PT sejam responsabilizados pela situação grave do País, que eles governaram pelos últimos 15 anos.  

Reginaldo Vasconcelos    



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