LEITORES POLIDOS
INTELECTUAIS URBANOS*
Vianney
Mesquita**
O agradecimento é a memória do coração (Lao-Tse. China. Entre os séculos VII ou VI,
a.t.p. - Antes do tempo presente).
No mês de março recém-passado (2017), desenvolvi
pequena investigação acerca do emprego de A
Gente, com vistas a demonstrar seu uso exagerado em todos os quadrantes de
fala, transferido para a configuração escrita, avesso à aplicação correta
indicada pela língua portuguesa, e como dicção substitutiva – de modo refalsado
– de eu, nós, se, ninguém etc.
Mencionado ensaio envolveu cinco segmentos
como sujeitos da pesquisa, quatro dos quais programas de rádio e televisão,
mais uma homilia da Igreja Católica (J.H.S.). Está publicado nos jornais
eletrônicos das Academias Cearense da Língua Portuguesa e Cearense de
Literatura e Jornalismo, bem como no blog
“Textos de Vianney Mesquita”, com a postagem espontaneamente dirigida pela
professora Aíla Sampaio, docente universitária (UNIFOR) e escritora de renome
no Ceará, imortal pertencente à Academia Cearense da Língua Portuguesa.
Encontra-se no prelo, para edição, pela
Revista Essentia, da Universidade
Estadual Vale do Acaraú, a qual comumente acolhe minhas produções, tendo como
editora a professora Maria do Socorro Araújo Dias (experimentei a honra de
revistar sua dissertação de mestrado e a tese de doutorado, ambas sustentadas
na Universidade Federal do Ceará).
TODAS as pessoas às quais remeti o relatório (antes
de o levar ao lume) – e isto é de relevo informar – opinaram, por telefone ou
carta eletrônica, a respeito dessa busca, muitas das quais concederam
aditamentos e sugeriram acertações de itinerário, em apropriado complemento aos
propósitos do escrito, conforme foram os casos dos professores Myrson Melo Lima
(UECE e IFCE), Teobaldo Campos de Mesquita, José Liberal de Castro e Ítalo
Gurgel (UFC), a respeito de quem, e juntamente a outros, à frente, volto a
referenciar.
Os
professores Dimas Macedo (UFC-ACL) e Giselda Medeiros (ACL – ACLP), Régis Kennedy
Gondim Cruz (ACLJ), Luciano Maia (UNIFOR-ACL-ACLJ), Aíla Sampaio e Révia
Herculano (ACLP), bem como o escritor Assis Martins (ACLJ) e o
engenheiro-agrônomo e linguista Pedro Eymard C. Mesquita (Arcádia Nova
Palmaciana), e ainda a professora Maria Lívia Marchon, partícipes da nossa
apurada sociedade intelectiva, pois imortais desses sodalícios cearenses,
através da rede mundial de computadores, exprimiram o agrado pelo estudo
exercitado, quando lhe acataram o enredo e votaram pelo seu sucesso.
Teobaldo Campos Mesquita (UFC-UVA-Acad. Cearense de Engenharia), a seu
turno, colaborou com os consertos de letras maiúsculas em malformação e
detectou impropriedades nas notações bibliotécnicas e bibliográficas, como
autor e regente de teores metodológicos da pesquisa na Universidade; e ainda
intermediou a publicação na Revista da UVA, há momentos referida.
Ítalo
Gurgel, colega imortal da Academia Cearense da Língua Portuguesa e citado no
decorrer do artigo Diacronia, Desleixo
Linguístico ou Emprego Idiomático Inocente? (A Gente no Lugar de Eu, Se, Nós,
Ninguém etc), por sua ordem, fez reparos na troca de títulos por mim
perpetrada em escritura sua referenciada no texto sob relação, havendo, antes,
louvado a iniciativa de relatar o exígua investigação em instante oportuno,
haja vista a usança sobrantemente pronunciada nos dias atuais.
Mesmo estando a palavra dicionarizada, o
arquiteto, historiador, docente e linguista Liberal de Castro (UFC – Instituto
do Ceará) estranhou, com razão, o emprego do verbo normatizar, de saúde linguística minguada em decorrência de má ou
de nenhuma proveniência glossológica, fruto de um descuido dos dicionaristas,
conduzindo-me a substituí-lo por normalizar.
O professor Myrson Melo Lima, mencionado no
início destes comentários, mais uma vez, entre tantas e quantas, me demonstrou
amizade, e o carinho particular ao sábio, inserto nele ingenitamente, ao me
dirigir letra, reproduzida, em parte e noutro corpo gráfico, logo à frente. Ele
é referência terciária em língua portuguesa no Ceará, derradeiro reduto onde o
consulente deve procurar desfazer dúvidas, nosso pleno do STF da Língua, meu consultor padrão-ouro, a quem sempre
indago quando das incertezas e hesitações de aplicação do código lusitano; e me
responde de imediato, jamais deixando para depois.
Amigo
Vianney,
Li com
vivo interesse sua pesquisa, digressões e comentários acerca do emprego da
expressão a gente no lugar de eu, nós,
se, ninguém etc.
Pareceu-me
bastante informativo e oportuno e admirei-lhe, mais uma vez, o zelo pela
divulgação dos estudos sobre os mecanismos da língua e pelo emprego correto e
adequado das palavras e expressões do nosso rico e belo idioma.
Vejo
que seu apuro pelo vocabulário se revela em cada publicação e o faz como
verdadeiro artesão que domina com maestria e raro talento os desafios da
escrita do bom texto.
Embora
afirme, no introito, que o experimento não se sujeita à metodologia científica
e se apresente deseixado de exigência universitária, verifica-se a preocupação
com a fundamentação sólida, embasada em um corpus
rico e variegado, que registra à saciedade o fenômeno em foco e respalda com
segurança para o leitor as deduções da pesquisa.
O
texto não me parece acessível a um grande contingente de leitores, quase sempre
desprovido de conhecimento mínimo de linguística e de familiaridade com a
linguagem mais trabalhada e formal do jargão acadêmico [...].
Exprimindo,
antes, o fato de ele haver sugerido, com a decência particular a sua esmerada
educação, algumas permutas de vocábulos e dicções, quase todas acatadas,
explico, por oportuno, essas adversões do Prof. Myrson, ao lhe dizer sobre a
não sujeição rigorista à metodologia científica, porque trouxe, antes do
momento propício, o resultado do inquérito com os cinco sujeitos da demanda,
sucedimento pouco comum em trabalhos desse jaez, pois normalmente esta é
providência derradeira, bem depois de lavrados, sob o espectro teórico, os
elementos basilares de uma busca, vazados nos sistemas em curso, com o fito de
justificar os caminhos para o aporte dos resultados.
Com
relação à dificuldade e até impossibilidade de recepção, pelos leitores menos
aparelhados de saberes, dos conteúdos do artigo sob exame, minha resposta
sobrou expressa mais ou menos na ideia de, em tempo algum, haver sido eu acessível,
sob o prisma estilístico, a grande mundo de ledores. Peguei o vezo de entrar por cima,
resultando no atingimento de público minúsculo e elevadamente qualificado (em
relação ao geral). Sou muito criticado por esta ocorrência, entretanto no
âmbito do recato e na seara da camaradagem. Foi, contudo, o jeito como me
perfiz. Inês é morta. Desta sorte,
conquanto à demanda de baixar a bola,
não alcanço bom produto. Não há mais remédio, tendo de me conformar com chegar
apenas a leitores mais aprestados, como, por exemplo, os da aleia do prof.
Myrson, de meus consultores aqui mencionados, componentes da Universidade e
membros dos silogeus acadêmicos.
No
concernente à mingua de exigência da Academia para efetivar a curta demanda,
não me reportei à ideia de desobedecer às trilhas metodológicas, pois somente
tencionei exprimir a noção de ter sido a citada pesquisa procedida sem
vinculações universitárias, porquanto efetivada de motu proprio, na circunstância de servidor jubilado por tempo de
trabalho, descometido, assim, de maiores misteres escolares, muito embora
entenda salutar, vez por outra, colaborar com o conhecimento, mesmo à sorrelfa,
desobrigado das instâncias acadêmicas.
O
professor Rafael Sânzio de Azevedo (UFC-ACL), um dos intelectuais brasileiros
mais celebrados no universo da língua portuguesa, autor eclético (diversos
gêneros) e, também, meu consultor padrão-ouro, endereçou-me o bilhete sequente,
por caminho eletrônico.
Amigo
Vianney,
Apesar
de muito cheio de trabalhos, consegui ler seu estudo que, ao contrário do que
você diz, não é pequeno e despresumido,
mas um longo ensaio fruto de longas pesquisas, e que honra a memória do nosso
Rogério Bessa.
A
propósito, lembrou-me um episódio prejudicado pela minha atual falta de
memória. Manuel Bandeira, não sei em que livro, falando dos versos Água corrente, água corrente! / Teu destino
é igual ao destino da gente, de Olegário Mariano, declarou que jamais um
parnasiano matriculado usaria a gente
em prosa séria. Alberto de Oliveira, no entanto, considerado por alguns como o
parnasiano mais radical, diz, em “Vaso
Chinês”: Que arte em pintá-la! A
gente acaso vendo-a, / sentia um não sei quê com aquele chim / de olhos
cortados à feição de amêndoa. (Sonetos
e Poemas).
Jamais
me senti creditado de tanto cartaz!
Por
dever de fidelidade e obrigação cidadã de retorno, sobra a mim adequado
demarcar, depois de suspender a redação deste comentário para continuar noutra
ocasião, o acontecimento de meu ensaio haver recebido o aprovo, também, dos
drs. Antônio Custódio de Matos Neto, José Washington Veras Barbosa e Sáris
Pinto, em complemento à lista de pessoas habituadas, de berço, a praticar a boa
educação e exercer a polidez, no decurso de tempos tão bicudos e de
ensimesmamento notório, quando a grossura é a moeda de câmbio e a
pseudo-relevância econômica serve de chave para desobstruir a maioria dos
pórticos e alargar todas as portas.
Faço
questão de propalar o hoje quase inusitado comportamento desses intelectuais,
pois, além de se dignarem a ler e apreciar o relatório, subtraindo um bom
retalho do seu tempo consumido em múltiplos afazeres, sugestionaram achegas
relevantes a fim de a pesquisa poder aportar ao seu objetivo de demonstrar, nas
mais das vezes, a impropriedade de aplicação do artigo-substantivo A Gente.
Sem dúvida, decorrem de tais procederes
uma taxativa manifestação de finura e atenção ao tema pesquisado e a privativa
expressão de urbanidade, no caso, relativamente à pessoa deste escriba, postado
em situação comum, asserindo, com efeito, valor e verdade ao temário ali
relatoriado, ocorrência a me lisonjear sobremodo.
Ainda existe isto, sim...!
(*OBS.
Este texto não tem a palavra que -
salvante os textos das pessoas citadas).
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