domingo, 14 de maio de 2017

MENSAGEM ÀS MÃES - A Leoa (HE)


A LEOA
Humberto Ellery


Hoje acordei pensando numa leoa chamada Ilay Garcia Ellery, minha mãe.

Dona Ilay foi uma mãe dedicada, justa, gentil, mas decididamente uma educadora severa e exigente.

Por não ser destra, nos admoestava dizendo: “não queira experimentar da minha canhota”, referindo-se à sua mão esquerda, que empunhava o rebenque e nos aplicava sovas (que chamávamos “pisa”) sempre que extrapolávamos nas “danações”.

Eu não sei bem o porquê de eu ter sido o campeão no quesito “levar pisa”. Eu só era um pouco traquino.

Qualquer dia desses vou contar o dia em que bati o recorde e levei três pisas, no curto espaço de uma tarde!

Mas, por falar em Leoa, lembrei do belíssimo poema de Raimundo Correia que reproduzo, como homenagens a todas as Mães.


A  LEOA

Não há quem a emoção não dobre e vença
lendo o episódio da Leoa brava
que sedenta e famélica bramava
vagando pelas ruas de Florença.

Foge a população espavorida,
e na cidade deplorável, erma,
topa a Leoa só, quase sem vida,
uma infeliz mulher débil, enferma.

Em frente à fera, no estupor do assombro,
não já por si tremia, ela, a mesquinha,
porém porque era Mãe, e o peso tinha,
sempre caro pras mães, de um filho ao ombro.

Cegava-a o pranto, enlouquecia-a o choro,
desvairava-a o pavor... e, no entanto, o lindo
o terno infante, pequenino e louro,
plácido estava nos seus braços, rindo...

E o olhar desfeito em pérolas celestes
crava a mãe no animal... que para...  hesita
àquele olhar de súplica infinita
que é só próprio das mães em transes destes.

Mas a Leoa, como se entendesse
o Amor de Mãe, incólume deixou-a.
É que esse Amor até nas feras vê-se.`
É que era Mãe também... essa Leoa.


Feliz dia das Mães


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