A
LEOA
Humberto
Ellery
Hoje acordei pensando numa leoa chamada Ilay
Garcia Ellery, minha mãe.
Dona Ilay foi uma mãe dedicada, justa, gentil,
mas decididamente uma educadora severa e exigente.
Por não ser destra, nos admoestava dizendo: “não
queira experimentar da minha canhota”, referindo-se à sua mão esquerda, que
empunhava o rebenque e nos aplicava sovas (que chamávamos “pisa”) sempre que
extrapolávamos nas “danações”.
Eu não sei bem o porquê de eu ter sido o
campeão no quesito “levar pisa”. Eu só era um pouco traquino.
Qualquer dia desses vou contar o dia em que bati
o recorde e levei três pisas, no curto espaço de uma tarde!
Mas, por falar em Leoa, lembrei do belíssimo
poema de Raimundo Correia que reproduzo, como homenagens a todas as Mães.
A
LEOA
Não há
quem a emoção não dobre e vença
lendo
o episódio da Leoa brava
que
sedenta e famélica bramava
vagando
pelas ruas de Florença.
Foge a
população espavorida,
e na
cidade deplorável, erma,
topa a
Leoa só, quase sem vida,
uma
infeliz mulher débil, enferma.
Em
frente à fera, no estupor do assombro,
não já
por si tremia, ela, a mesquinha,
porém
porque era Mãe, e o peso tinha,
sempre
caro pras mães, de um filho ao ombro.
Cegava-a
o pranto, enlouquecia-a o choro,
desvairava-a
o pavor... e, no entanto, o lindo
o
terno infante, pequenino e louro,
plácido
estava nos seus braços, rindo...
E o
olhar desfeito em pérolas celestes
crava
a mãe no animal... que para... hesita
àquele
olhar de súplica infinita
que é
só próprio das mães em transes destes.
Mas a
Leoa, como se entendesse
o Amor
de Mãe, incólume deixou-a.
É que
esse Amor até nas feras vê-se.`
É que
era Mãe também... essa Leoa.
Feliz
dia das Mães
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