Perito Reporta-se
em Livro
às Razões da Seca
Vianney Mesquita*
Passam-se um, dois, seis meses venturosos,
derivados da exuberância da terra, até que surdamente, imperceptivelmente, num
ritmo maldito, se despeguem, a pouco e pouco, e caiam as folhas, as flores, e a
seca se desenhe outra vez nas ramagens mortas das árvores decíduas. (EUCLIDES Rodrigues Pimenta DA CUNHA. YCantagalo-RJ, 20.01.1866; †Rio de Janeiro, 15.08.1909).



Na
tentativa de aduzir mais explicações, é prescindível fazer referência, por
manifesta e consabida, à ideia de ser este um assunto de relevância, inserto no
âmbito do saber ordenado. Importa, contudo, evidenciar a conceição de que não
apenas o senso comum desconhece os enredamentos temáticos da Meteorologia, ramo
científico a reboque dos humores da Natureza, pois também as teorias, a maioria
das quais comprovadas, bem como os operários e equipamentos da mais moderna
tecnologia, estão acostumados, recorrentemente, a ser tapeados pelas filigranas
e ludibrios da Mãe-Terra.
Eis
que esta, pois, em conluio com outros sistemas galácticos, cujos movimentos
internos interferem geofisicamente nos motos terreais (gravidade, magnetismo,
sismicidade, fenômenos elétricos etc), como por capricho improviso ou veneta
subitânea, desdiz, renega e não sanciona, em muitos momentos, as previsões,
sempre louvadas em exitosos experimentos laboratoriais sucedidos em inumeráveis
ocasiões.
Daí
por que, no momento asado pelo possível cessamento da estação invernal de 2014,
topei, para ler, o volume Seca: visão
dinâmica, integrada e correlações, do professor Caio Lóssio Botelho, de quem
fui escolar, na disciplina Geografia, nos anos 1960, quando cursava a então
Escola Industrial de Fortaleza, hoje – após haver tomado no curso do tempo
algumas outras denominações – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Ceará.
Avezara-me,
então, à velha e conhecida decoreba, imposta pelo desordenado sistema de ensino
da época, para o qual o bom estudante era aquele cuja lição tomada era sabida
“na ponta da língua”, decorada e de salto, contudo, sem nenhum cuidado relativo
à absorção dos conteúdos.
Ocorreu,
com efeito, a prima vez que pude conjeturar o vínculo horizontal e dialógico
dos diversos ramos do saber ordenado, sempre que o Professor Botelho trazia à
colação, em suas substanciosas preleções, as estreitas relações da Ciência de
Estrabão de Amasia com as distintas vertentes disciplinares, à maneira como
também procediam as estimadas mestras de então – Laysce Severiano Bonfim,
Adelba Montenegro de Carvalho e Maria Augusta Gadelha de Alencar Araripe – em
História, Língua Portuguesa e Matemática.
Mais
adiante, afora engano, em 1988, ocorreu a mim a oportunidade de proceder, no
ato de lançamento do livro do Professor Botelho, intitulado A Filosofia e o Processo Evolutivo da
Geografia, à apresentação desse compêndio, didático por excelência e que
delineia, com elevada intensão analítica, as conexões e dependências do mais
importante conhecimento corológico em relação ao saber das primeiras causas.
Eu
e ele, ambos como objetos – no entanto, principalmente, sujeitos – de lida
buliçosa e até convulsa de uma urbe moderna, usamos de ser intermitentes nas
ligações culturais e profissionais, porém, de quando em vez, por ofício ou
contingência, surde o lance de sustentar conversas, concertar opiniões e
consertar ideias, como também de evocar tempos de fausto e indigência neste
terreno sempre movediço de culto às coisas do espírito.

Esta
é mais uma peça de essência agregada à farta produção desse mestre na seara
prolígera da Ciência de Humbolt e ramos disciplinares afins, a enriquecer a bibliografia
especializada e mais nobilitar a inteligência coestaduana, já tão bem
representada pelos seus autores em multíplices conhecimentos, em meio aos quais
se destaca o Professor Caio Lóssio Botelho na fração de saber por ele escolhida
para esquadrinhar.
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