MACUNAÍMA REDIVIVO,
OS POLÍTICOS E AS SAÚVAS
Arnaldo Santos *
Um país tropical,
abençoado por Deus e bonito por natureza. A poética descrição do tropicalísta Jorge Ben Jor,
sintetiza as belezas naturais e o clima tropical dessa extensão geográfica, “do
lado de cá do equador”.
Sua conformação
geológica assegura estabilidade às suas placas tectônicas, livrando-o de
terremotos, tsunamis, tornados e outras catástrofes naturais.
Por essas bandas dos
trópicos, o sol é mais dourado, brilhando todos os dias, o ano inteiro,
tornando o seu céu ainda mais azul.
Nem tudo, entretanto, é só beleza e
encantamento. Temos uma catástrofe de outra natureza, esta provocada pelo homem!
Aqui nos referimos à
ação delituosa de grande parte dos seus homens públicos, que fazem da política
um meio para ganhar dinheiro e enriquecer, mediante conchavos com o setor
privado, utilizando-se dos mais inventivos meios e práticas de corrupção, na
grande feira de negócios escusos, chamado Congresso Nacional.
Para atingir seus
objetivos, alguns desses peraltas trapaceiam e mantêm, traem e descumprem
acordos firmados, inclusive, entre os comparsas.
Nesse balcão de
negócios vende-se e compra-se de tudo: medidas provisórias, para beneficiar o
setor automotivo, bancos e as grandes empresas da construção civil, até a
aprovação de leis isentando de impostos os donos da República.
Quando o escritor
Mário de Andrade, um dos precursores do Movimento Modernista no Brasil (1922),
lançou o livro Macunaíma, (1928), um dos mais importantes romances na sua
época, o fez em uma bem-sucedida elaboração e valorização da cultura
nacional.
O que nunca imaginou, passado quase um século da sua publicação, foi que a personagem Macunaíma viesse no Século XXI consubstanciar de maneira tão própria, de estilo, igualmente original, sobre o
que são, como agem, pensam e fazem os políticos brasileiros, em uma versão
atualizada dos vários macunaímas que
povoam o universo macrocósmico da política e da economia.
“Macunaíma, herói de
nossa gente, nasceu no fundo da floresta virgem”. Nossos políticos, banqueiros,
diretores de estatais e de grandes empreiteiras, vieram ao mundo no recôndito das
matas da região Amazônica, na caatinga do Nordeste, no serrado do Brasil
central, no baixo, médio e alto do Jequitinhonha mineiro, nos pampas gaúchos
e Planaltos Atlântico e Meridional da região Sudeste, dentre outros.
A “índia Tapanhumas”
pariu Macunaíma, em meio ao “murmurejo” do “Uraricoera”; o Brasil, essa grande
aldeia, descoberta por Cabral, pariu um bando de políticos de espírito e índole
“macunaímicos”, que mais parecem formigas do tipo saúvas vermelhas, aquelas
cujas cabeças eram decepadas por Macunaíma,
o que era seu entretenimento, preferido na meninice.
As formigas têm grande
habilidade para trabalhar em equipe e realizar operações, pois, agindo
sozinhas, tal seria impossível. Nessa tarefa, os políticos também são
imbatíveis (em má comparação relativamente às formigas).
Quando cuidam de defender
os próprios interesses, formam pequenos ou grandes grupos, a depender da ação
que pretendem executar. Nunca em favor do País, claro! Tudo isto seja para votar, e aprovar,
alterações na legislação que a eles beneficiem diretamente, como projetos de leis,
medidas provisórias, instalação de CPMIs, que muita vez funcionam apenas como
instrumento de chantagem, ou quando o que está em jogo é negociar com o setor
privado o tamanho do pixuleco.
Segundo ensinam os
entomólogos, as formigas são escravas dos seus instintos e estímulos
externos.
Assim como as formigas
(cotejando-as mal), é factível afirmar, e isso já está comprovado pelo
Ministério Público, Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro, que muitos políticos
são escravos do seu instinto corrupto e da falta de caráter.
Os bilhões de dólares
são o estímulo externo de que precisam para operar suas práticas nada
republicanas.
Quase quinhentos políticos, e uma centena de
empresários, em conluio com alguns diretores e servidores de empresas estatais,
agindo como se fossem “saúvas” – as aspas em louvor a elas - quase devoraram a
Petrobrás, o BNDES, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e até a Receita
Federal, como ficou demostrado na operação “Zelotes”.
As formigas,
trabalhando em rede, rapidamente atacam, devoram e transportam com eficiência
vastas áreas de folhagem, para alimentar a numerosa família no formigueiro. Os
políticos e alguns empresários alimentaram suas ambições e ganância sem limites,
conduzindo bilhões de dólares por todos os meios, inclusive motoboys – “delivery da propina”.
“As formigas são animais
pertencentes à família formicidae, o grupo mais numeroso dos insetos”. Assim também
pode ser considerada a família dos corruptus, do latim, “quebrado em pedaços”.
“O verbo corromper significa tornar
pútrido”. No Brasil, a família dos que se tornaram “pútridos” parece ser tão
numerosa quanto à das formigas e, ao contrário do restante da população – trabalhadora, e honesta – que está envelhecendo, os corruptos estão se
multiplicando rapidamente e são cada vez mais jovens.
Os bancos suíços e de
outros “paraísos fiscais” são os grandes formigueiros desses corruptos que compõem
a trama. Foi para esses que, impunemente, eles drenaram os bilhões de dólares
da corrupção que praticaram desse lado de cá do equador.
Monitorados pela
Justiça, “esses paraísos fiscais” já não mais aceitam depósitos ou
investimentos, oriundos dos integrantes da família dos pútridos.
Macunaíma, à noite, quando ia dormir, subia ao jirau e, quando
urinava, molhava a cabeça de sua mãe, que dormia em baixo da sua rede.
Parte da classe
politica e dos empresários, que formaram essa rede internacional de corrupção,
também evacuaram na cabeça do povo brasileiro, nos últimos 30 anos. Felizmente
a operação “lava jato” está fazendo a faxina nos dejetos que esses
representam.
Macunaíma, ainda na meninice, gostava de tibungar no rio para
tomar banho. Hoje, uma parcela da elite política, e do empresariado brasileiro,
envolvidos na trama, tibungam em banheiras de espuma e fragrâncias europeias, tudo
regado a champanha e vinhos caros, em companhia de belas jovens em luxuosos
hotéis da Europa, dos Estados Unidos e dos Emirados Árabes.
Enquanto isso, o povo
é que fica nu, e seus jovens atletas, muita vez, não têm sequer um par de tênis
para treinar, em meio aos canaviais e estradas de chão batido, transformadas em
pistas de atletismo.
Mesmo identificando
essas semelhanças, desde logo, advertimos o distinto público leitor e pedimos
permissão ao genial Mário de Andrade para fazer essa que talvez
possa ser considerada uma infame comparação, sem, no entanto, pretender,
sob qualquer hipótese, empanar a figura mítica e de múltiplas representações da
personagem Macunaíma, tampouco das
nossas formigas.
Com essa maneira de
agir e de ser do “mandarinato” brasileiro, seria até previsível imaginar que as
personagens que compõem a representação da política e da economia brasileira,
nessa trama, tivessem um perfil de "heróis", cuja característica de
maior relevo fosse a ausência total de caráter (em Macunaíma o caráter era apenas vacilante).
Racionalmente,
recorremos a Mário de Andrade, dele tomando por empréstimo a figura de Macunaíma, porque, como preguiçoso, mentiroso,
trapaceiro, sem palavra e traidor, sintetiza, como nenhum outro, as centenas de
políticos embusteiros e empresários oportunistas que operam pelo País afora.
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