DAR UM TEMPO
João Soares Neto*
Aos
14 anos comecei a escrever o que, à época, se chamava “diário”. Era o resumo dos
acontecimentos de cada dia: livros em leitura, filmes vistos, problemas da
cidade, esportes, amigos, viagens, festas, namoricos etc. Sobraram uns cinco. Encadernados
e em algum lugar da minha desorganizada biblioteca.
Aos 16, editei um jornal em mimeógrafo, o
“Girafa”. Universitário, passei a
escrever, remunerado, no jornal “Correio
do Ceará”. “Informes Acadêmicos” foi a
minha primeira coluna. Relatava fatos da vida acadêmica e da Universidade. Depois, passei, no mesmo “Correio do Ceará”,
a comandar outra coluna, “Administração & Negócios” por sugestão de Eduardo
Campos. Ao me formar, cortei o vínculo.
Depois,
não resisti a convite dos jornalistas Alexandrino Rocha e Cascudo que, em
Recife, editavam a revista semanal “Carta Econômica do Nordeste”. Passei a ser
o correspondente dela aqui no Ceará.
Durou pouco mais de um ano.
Com
a coragem e a cara resolvi ser patrão de mim mesmo. Minha natureza destemida
precisava ser canalizada para sustentar uma família que ia surgindo. Mesmo
assim, continuei a colaborar, de forma esporádica, em jornais locais.
Estava
no Sistema Verdes Mares, no dia 19 de dezembro de 1981, sábado, quando do primeiro exemplar do
Diário do Nordeste (DN). Edson Queiroz vestia camisa azul, óculos na ponta do
nariz. Feliz, o mostrou aos integrantes do “Grupo dos Sábados”, do qual fazíamos
parte.
Anos 90. Passei a escrever, semanalmente, neste jornal. Agora, agradeço a todos os
do DN, nas pessoas de Pádua Lopes e do Carlos Eugênio. Dou um tempo. Novo livro. Qualquer dia, volto.
Obrigado
aos leitores.
NOTA DO AUTOR
Deixei de escrever no jornal Diário do
Nordeste, aos sábados, como o fazia há mais de 20 anos, todas as semanas. Resolvi Dar Um Tempo, título do artigo
que saiu na semana passada. Pretendo concluir um livro em andamento.
Por enquanto, não deixarei de escrever no
jornal O Estado, com coluna semanal às sextas feiras.
Aproveito para agradecer aos meus leitores, e,
ao mesmo tempo, dizer da minha alegria em ter visto no Diário do Nordeste, na
Seção Leitores e Cartas, edição de 16.05.2017, a carta abaixo, do leitor
José Maria de Carvalho.
Caro João.
Desde quando ingressei na Faculdade de
Direito, aprendi a admirar a conduta íntegra de João Soares Neto, estudioso,
determinado, empreendedor, altivo, excelente caráter e exímio escritor.
Acompanho, de longe, sua trajetória luminosa.
Aos domingos, e ultimamente aos sábados, a
primeira coisa que fazia ao abrir o jornal era ler, com gosto e satisfação,
suas crônicas primorosas, sempre muito bem redigidas e atualizadas com as
novidades do mundo moderno, envolvendo assuntos os mais díspares a respeito dos
acontecimentos políticos, econômicos, administrativos, históricos e sociais.
No último sábado, 13 de maio de 2017, véspera
do Dia das Mães, ficou para trás mais um dos meus cada vez mais escassos
prazeres, porque o nosso dileto João resolveu dar um tempo, dar um descanso às
suas mãos e à sua privilegiada inteligência.
Prometeu voltar, ninguém sabe quando. Só nos
resta, então, agradecer-lhe pelos bons momentos que nos proporcionou com suas
belas crônicas, ao longo dos anos, e concluir com Eça de Queiroz: “por mal dos
meus pecados, já acumulo um bom acervo de recordações e de saudades.”
Um abraço, João.
José Maria de Carvalho
Fortaleza
(CE)
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