segunda-feira, 10 de abril de 2017

RESENHA - Programa Dimensão Total (09.04.17)


PROGRAMA
DIMENSÃO TOTAL
09.04.17


Dimensão Total é um programa radiofônico semanal de debates, do Jornalista Ronald Machado, pela Rádio Assunção de Fortaleza, na sintonia AM 620 ou pela Web, aos domingos, entre 10 e 12 horas, apresentado interinamente por Reginaldo Vasconcelos, Presidente da ACLJ, tendo como assistente de estúdio o radialista e produtor executivo Alexandre Maia.


O apresentador abriu o programa pontuando que na semana que passou o mundo assistiu às imagens chocantes das vítimas civis de um ataque com arma química na Síria, em que as pessoas, inclusive crianças, agonizam e morrem muitas delas, com dores lancinantes pelo corpo e sem conseguir haurir o oxigênio, em  holocausto tenebroso.

E neste domingo se inicia a Semana Santa, em que os católicos relembram a paixão e a ressurreição de Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus, forma como foi ele identificado na cruz de seu suplício, Iesus Nazarenos Rex Iudeorum.

Então, o programa se iniciou com a canção intitulada Hava Nagila, um cântico de resistência do sofrido povo judeu, que, apesar de tudo, nessa canção, louva a vida e a alegria. Foi uma homenagem àqueles inocentes sírios, sacrificados pela selvageria humana, pela barbárie que assola a humanidade na mesma região médio-oriental em que, pelas mesmas obtusas razões político-ideológicas, Jesus Cristo foi trucidado. 

Hava Nagila foi sucesso mundial, inclusive no Brasil, nos anos 60, e na abertura do programa ela foi cantada na voz do cantora franco-italiana, nascida no Egito, Dalida, falecida em 1987. 

No encerramento, a mesma canção foi solada pelo jovem violonista alemão David Garret, acompanhado pelo também muito moço acordeonista lituano Martynas Levickis, numa gravação ao vivo em Berlim, em 2013. 

Compareceram ao estúdio o Professor Rui Martinho Rodrigues, o advogado Roberto Pires, o Senador Cid Carvalho, o médico Antônio Mourão e o jornalista e sociólogo Arnaldo Santos. Ao final dos debates, o jornalista Ronald Machado, titular do programa, veio encerrá-lo, com uma participação emocionada.



Dentre os temas tratados na edição, o adiamento do julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE, no último dia 04 de abril, bem como a possibilidade jurídica da individualização da conduta de cada um dos componentes da chapa.

Assim também se discutiu a viabilidade prática de se promover uma eleição indireta, e uma transição de governo, neste momento em que o País vive uma aguda crise moral, política e econômica. 

Por fim, se trouxe à baila o ataque com armas químicas contra a população civil na Síria e a reação americana, com o bombardeio de base militar síria, pelos EUA.

Porém, por inflexões ideológicas dos debatedores, cada um dos temas políticos propostos foi parcialmente analisado, mantendo-se o foco nos tradicionais ícones da direita  no Brasil Fernando Henrique Cardoso, e Donald Trump nos EUA  e nos seus procedimentos e declarações, desprezando-se o desejado exame isento, com distanciamento histórico e frieza científica, de cada fato colocado para análise.

Por exemplo, estranhamente, nenhum dos debatedores deu a mínima importância ao ataque a populações civis com gás sarin, atribuído ao ditador Assad, com dezenas de mortos e feridos, mas apenas discutiu-se o bombardeio americano contra a Síria, ordenado por Trumpcom um saldo de apenas nove vítimas.

Cid Carvalho, no âmbito nacional, atacou o PSDB, que entende estar presidindo de fato o País, embora tenha sido derrotado na urnas na última eleição presidencial. Desancou Fernando Henrique Cardoso, como de hábito, embora este esteja sem mandato por décadas. Não ficou clara a afirmação de que o PSDB comanda a Nação, quando Temer é do PMDB, e seus correligionários são maioria no seu Ministério, bem como no Congresso.  

E o nosso querido senador deitou grandes elogios a Lula da Silva, ao seu caráter, à sua inteligência, garantindo que, definitivamente, ele não seria má pessoa. Após todo esses encômios e essas expressões de grande simpatia, por fim, talvez considerando o evidente envolvimento de Lula no Mensalão e na Lava Jato, o definiu como uma figura contraditória  o que é, em si, uma contradição. Se Lula é uma incógnita, não é santo, pois a dubiedade é predicado do demônio.


Por outro lado, a mesa defendeu que o TSE deveria promover um imediato “fora Temer”, independentemente da análise do mérito jurídico, mas com base em uma vindita ideológica, pelo fato de que Dilma Rousseff, segundo entendimento majoritário entre os debatedores, teria sido injustiçada pelo impeachment, processo motivado de fato pelo desastrado “conjunto da obra”, embora, oficialmente, ela tenha sido deposta pelos seus delitos fiscais. 

Não se levou em conta que, se o atual governo é uma triste marcha pelo pântano, na tragédia moral propiciada pelo PT (de quem Temer e seus asseclas foram aliados figadais por anos), sua duração está restritamente limitada no tempo, e sob os holofotes da Lava Jato. 

É óbvio que destituir o Governo agora seria um salto no escuro, quando as instituições nacionais estão fragilizadas, as finanças públicas combalidas, e não há no universo político ninguém de confiança que pudesse tomar as rédeas da Nação, ainda mais pela via indireta, votado por um Congresso repleto de indiciados e de réus em ações penais. Correria-se o risco de que o pretenso remédio terminasse por matar o paciente.

O advogado Roberto Pires anunciou notícia novíssima obtida na Internet de que Lula da Silva havia pedido ao governador do Ceará, Camilo Santana, que é do PT, para dar apoio a Ciro Gomes na próxima campanha à Presidência da República, enquanto Antônio Mourão, também ligado na WEB, reportou que naquela mesma manhã havia acontecido um novo ataque terrorista, desta vez no Egito, pelo Estado Islâmico, contra templos cristãos. 

O assunto derivou para a escalada de terrorismo no mundo, e para a violência no Brasil, movida em grande medida pelo crime organizado, com sequenciamento do assunto para o problema do tráfico de drogas, os métodos adotados para o seu combate, a descriminalização da venda e do consumo como possível solução.

Arnaldo Santos defendeu que um jovem (presumivelmente de bom nível social) que fume um cigarro de maconha para relaxar, uma vez apanhado no ato, não deve sofrer repressão policial, muito menos punição penal de qualquer ordem. 

Foi contraditado pelo apresentador, o qual retorquiu que um milhão de outros jovens poderiam deixar de entrar para o mundo das drogas e terminar na cracolândia, se fossem desestimulados pelo exemplo, sabendo que aquele primeiro foi legalmente constrangido e devidamente apenado pelo uso de maconha.

O Prof. Rui Martinho Rodrigues, que tinha preparado contrapontos mais pragmáticos e mais isentos a todas essas colocações de cunho passional, infelizmente não teve o necessário tempo para expressar o seu pensamento, porque o espaço do programa se exauriu. Nas próximas edições voltaremos à carga sobre os mesmos temas, para que possamos esgotá-los. 



O Dr. Mourão, médico psiquiatra, pontuou com a falta de prevenção estatal ao ingresso de meninos no vício, citando a política equivocada de promover palestras de famosos que entraram e saíram da adicção, como o jogador Casa Grande, pois, segundo ele, esses exemplos de recuperação podem ter efeito inverso ao pretendido, encorajando o jovem a experimentar as drogas, já que seus ídolos o fizeram, e saíram contando a história.     
Dentre os participantes do programa deste domingo, Arnaldo Santos e Rui Martinho Rodrigues são membros da ACLJ, este último seu Presidente Emérito, bem como é titular da nossa Academia o Senador Cid Carvalho, seu Presidente de Honra. 

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