terça-feira, 4 de abril de 2017

POEMA - Prisão que Liberta (HE)


PRISÃO QUE LIBERTA
Humberto Ellery*


Poeta eu não sou, mas gostaria
de prender num soneto a minha dor,
transformar em canção minha agonia.
Mas o soneto é cruel. Dominador.

Um leito de Procusto é o soneto,
em seus quatorze versos, bem medido,
prende as palavras rimadas no quarteto,
sem liberdade e sem perder sentido.

Mas alegria maior há nesse feito,
ao confinar a ideia nesse leito,
em tanta norma que a poesia aperta.

Por no soneto o que lhe vai no peito,
é tão bonito que uma coisa é certa:
É o  soneto a prisão que liberta.




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