PRISÃO
QUE LIBERTA
Humberto
Ellery*
Poeta
eu não sou, mas gostaria
de
prender num soneto a minha dor,
transformar
em canção minha agonia.
Mas o
soneto é cruel. Dominador.
Um
leito de Procusto é o soneto,
em
seus quatorze versos, bem medido,
prende
as palavras rimadas no quarteto,
sem
liberdade e sem perder sentido.
Mas
alegria maior há nesse feito,
ao
confinar a ideia nesse leito,
em
tanta norma que a poesia aperta.
Por no
soneto o que lhe vai no peito,
é tão
bonito que uma coisa é certa:
É
o soneto a prisão que liberta.
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