A INFORMAÇÃO E O FATO
Rui Martinho Rodrigues*
Até as pedras sabiam: a política tem é um
canal de enriquecimento e as campanhas milionárias são financiadas com dinheiro
sujo. O prestígio dos titulares dos cargos sempre foi medido pelo volume de
verbas administradas. A essência da corrupção não é nova. A novidade é a forma
e a quantidade.
Corrupção era emprego e dinheiro para comprar
votos, não para enriquecer. O dinheiro da “viúva” ficava no Brasil, sendo
apenas transferido para a iniciativa privada. Hoje, desviam-se centenas de milhões.
Políticos já não têm como patrimônio apenas casarões. Bilhões circulam pelos
paraísos fiscais, deixando a economia brasileira desfalcada.
Ninguém ignorava que jatinhos particulares;
marqueteiros contratados a peso de ouro; enriquecimento súbito de políticos e
de seus filhos eram corrupção em larga escala. Isenções fiscais, favores do
Banco Central e outras transações ilícitas eram do conhecimento de todos. Todos
sabiam de tudo.
Eis que de repente a televisão mostra, ao
vivo, empresários envolvidos na corrupção relatando tudo em detalhes, indicando
datas, locais e hora de encontro e entrega de numerários, dando nome aos bois e
tudo mais. Eram réus colaborando em troca dos benefícios do direito premial.
Não podem mentir, sob pena de perda dos grandes benefícios da colaboração
premiada, que incluem prisão nas confortáveis mansões e penas curtas.
Diz o Ministério Público: nenhum colaborador
mentiu até agora. Houve omissão, mas nunca disseram demais. Disseram de menos.
Toda a nação ficou atônica com o que já sabia. É a diferença entre a informação
e o fato presenciado.
A casa caiu. Não cabe alegar que é
“perseguição contra o meu ídolo ou o meu partido”. A lama cobre indistintamente
a todos. Agora o argumento cínico é: “todos erram, mas não se pode incriminar a
política”. O certo seria dizer: todos erraram e devem sofrer as penas da lei.
Criminalização da política é impunidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário