domingo, 16 de abril de 2017

ARTIGO - A Informação e o Fato (RMR)


A INFORMAÇÃO E O FATO
Rui Martinho Rodrigues*


Até as pedras sabiam: a política tem é um canal de enriquecimento e as campanhas milionárias são financiadas com dinheiro sujo. O prestígio dos titulares dos cargos sempre foi medido pelo volume de verbas administradas. A essência da corrupção não é nova. A novidade é a forma e a quantidade.

Corrupção era emprego e dinheiro para comprar votos, não para enriquecer. O dinheiro da “viúva” ficava no Brasil, sendo apenas transferido para a iniciativa privada. Hoje, desviam-se centenas de milhões. Políticos já não têm como patrimônio apenas casarões. Bilhões circulam pelos paraísos fiscais, deixando a economia brasileira desfalcada.

Ninguém ignorava que jatinhos particulares; marqueteiros contratados a peso de ouro; enriquecimento súbito de políticos e de seus filhos eram corrupção em larga escala. Isenções fiscais, favores do Banco Central e outras transações ilícitas eram do conhecimento de todos. Todos sabiam de tudo.

Eis que de repente a televisão mostra, ao vivo, empresários envolvidos na corrupção relatando tudo em detalhes, indicando datas, locais e hora de encontro e entrega de numerários, dando nome aos bois e tudo mais. Eram réus colaborando em troca dos benefícios do direito premial. Não podem mentir, sob pena de perda dos grandes benefícios da colaboração premiada, que incluem prisão nas confortáveis mansões e penas curtas.

Diz o Ministério Público: nenhum colaborador mentiu até agora. Houve omissão, mas nunca disseram demais. Disseram de menos. Toda a nação ficou atônica com o que já sabia. É a diferença entre a informação e o fato presenciado.


A casa caiu. Não cabe alegar que é “perseguição contra o meu ídolo ou o meu partido”. A lama cobre indistintamente a todos. Agora o argumento cínico é: “todos erram, mas não se pode incriminar a política”. O certo seria dizer: todos erraram e devem sofrer as penas da lei. Criminalização da política é impunidade.


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