UM PERIGO REAL
Rui Martinho Rodrigues*
O ataque americano à Síria pede uma reflexão
sobre o perigo de guerra em larga escala. Conflitos entre grandes potências tendem
a acontecer quando um lado está em declínio em face de outro. As duas guerras
mundiais são exemplo disso. Os EUA e a Rússia estão em declínio.
A China é candidata favorita ao posto de
primeira potência. A limitação do poder a dois polos facilitou o entendimento,
na guerra fria. Hoje temos multipolaridade, com poderes regionais emergentes,
como o Irã e a Índia, tornando mais complexa a política internacional, com
maior probabilidade de conflito.
A demarcação das áreas de influência da URSS e
dos EUA contribuiu para evitar a IIIGM. Havia uma linha separando os dois
blocos, reconhecida por ambos. Hoje a China contesta os limites da área de influência
americana no Oriente. A Rússia disputa os limites de influência da UEA,
ameaçando a Ucrânia e as repúblicas bálticas.
Guerras acontecem quando as democracias se
desarmam e tentam resistir às pressões das ditaduras. UEA e Japão gastam menos
de dois por cento do PIB com defesa. Não por acaso temos crise na Ucrânia, na
Coreia e no mar da China. Os EUA gastam muito, mas se encontram mais fracos do
que nunca desde a IIGM.
As democracias estão falando grosso na Europa,
dando garantias às repúblicas bálticas e à Ucrânia. A firmeza verbal diante da
China; como em face das ameaças da Coreia do Norte, mas não têm respaldo na
força militar. É o caminho do desastre.
O conflito da Síria lembra a guerra
civil espanhola às vésperas da IIGM, pela presença de potências rivais,
internacionalizando o litígio e como campo de provas de armas e exibição de
poder. Lideranças despreparadas, populistas e agressivas, usando os conflitos
externos em busca de apoio popular interno, completam a receita da guerra. EUA,
Rússia e Coreia do Norte se encaixam nesta situação.
Só as armas nucleares estão evitando uma
grande guerra. Isso será suficiente?
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