VIVA OBAMA!
Reginaldo Vasconcelos*
Quando
Obama se elegeu à presidência dos EUA, em 2009, publiquei um artigo festejando
o fato como o primeiro grande passo da humanidade contra o preconceito racial.
Sou
crítico das tais “políticas afirmativas”, que a meu sentir mais acirram que
amainam o sentimento antinegrista, além de tratar a afrodescendência com descabido
coitadismo.
Entendo
eu que exaltar negros valorosos, evidenciando suas virtudes morais e descortino
filosófico, seria a maneira correta de atacar a discriminação negativa contra a
classe – em vez de contrapor os mestiços nacionais à genuína ixotimia,
afrontando o sacrossanto critério do mérito pessoal e aprofundando a crença nefastas de que os negros precisam de ajuda externa para competir na sociedade.
Na
verdade, o preconceito brasileiro é socioeconômico, que atinge os mestiços mais
evidentes porque a maioria destes é pobre, enquanto grande parte dos pobres do
País, por motivos históricos, ainda têm o estigma dos colonizados. Então, políticas efetivas contra a pobreza, e pela educação universal, gratuita e qualificada, seriam as diretrizes cogentes em
prol da diversidade, como efeito da mais urgente mobilidade social.
No Brasil,
se estabelece na sociedade uma difusa prevenção contra a melanina, a feição
rotunda e o pelo ulótrico, que lhes relacionam à subalternidade. Mas, sem
aversão odiosa. Não se registram entre nós ataques e mortes em função da cor da
pele.
Mas
Barack Obama fora eleito (e foi reeleito) pela via democrática, naquele país em que o racismo é
historicamente violento, agressivo, cruel, ao contrário do Brasil, que nunca
teve uma Ku Klus Klan.
Contudo,
no mesmo artigo em que me revelei exultante com a eleição de Obama, confessei
certo receio de que todos os previsíveis percalços que ele encontrasse no
governo, que ele assumiria em um momento de crise, fossem maldosamente
atribuídos, pelos racistas, à sua afrodescendência. Como se sabe, a pretensa inferioridade
intelectual é a principal e mais perversa pecha da tese nazista da eugenia.
Qual
nada, Barack Obama sai do governo consagrado como um sábio e sereno líder, como
um estadista de escol, com lugar garantido entre os maiores presidentes da
história americana. Michele, uma grande lady,
uma Primeira-Dama cheia de classe, as filhas educadíssimas, enfim, uma família
nobre e exemplar.
E
entra em seu lugar um branco ariano das mais sombrias e toscas referências, a
ameaçar aquele país e o mundo todo com perspectivas tenebrosas. Fica assim evidente que as origens étnicas, por si mesmas, sejam quais forem, não recomendam o indivíduo.
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