segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

CRÔNICA - Viva Obama (RV)


VIVA OBAMA!
Reginaldo Vasconcelos*


Quando Obama se elegeu à presidência dos EUA, em 2009, publiquei um artigo festejando o fato como o primeiro grande passo da humanidade contra o preconceito racial.

Sou crítico das tais “políticas afirmativas”, que a meu sentir mais acirram que amainam o sentimento antinegrista, além de tratar a afrodescendência com descabido coitadismo.

Entendo eu que exaltar negros valorosos, evidenciando suas virtudes morais e descortino filosófico, seria a maneira correta de atacar a discriminação negativa contra a classe – em vez de contrapor os mestiços nacionais à genuína ixotimia, afrontando o sacrossanto critério do mérito pessoal e aprofundando a crença nefastas de que os negros precisam de ajuda externa para competir na sociedade.


Na verdade, o preconceito brasileiro é socioeconômico, que atinge os mestiços mais evidentes porque a maioria destes é pobre, enquanto grande parte dos pobres do País, por motivos históricos, ainda têm o estigma dos colonizados. Então, políticas efetivas contra a pobreza, e pela educação universal, gratuita e qualificada, seriam as diretrizes cogentes em prol da diversidade, como efeito da mais urgente mobilidade social. 

No Brasil, se estabelece na sociedade uma difusa prevenção contra a melanina, a feição rotunda e o pelo ulótrico, que lhes relacionam à subalternidade. Mas, sem aversão odiosa. Não se registram entre nós ataques e mortes em função da cor da pele.

Mas Barack Obama fora eleito (e foi reeleito) pela via democrática, naquele país em que o racismo é historicamente violento, agressivo, cruel, ao contrário do Brasil, que nunca teve uma Ku Klus Klan.

Contudo, no mesmo artigo em que me revelei exultante com a eleição de Obama, confessei certo receio de que todos os previsíveis percalços que ele encontrasse no governo, que ele assumiria em um momento de crise, fossem maldosamente atribuídos, pelos racistas, à sua afrodescendência. Como se sabe, a pretensa inferioridade intelectual é a principal e mais perversa pecha da tese nazista da eugenia.


Qual nada, Barack Obama sai do governo consagrado como um sábio e sereno líder, como um estadista de escol, com lugar garantido entre os maiores presidentes da história americana. Michele, uma grande lady, uma Primeira-Dama cheia de classe, as filhas educadíssimas, enfim, uma família nobre e exemplar.
  
E entra em seu lugar um branco ariano das mais sombrias e toscas referências, a ameaçar aquele país e o mundo todo com perspectivas tenebrosas.  Fica assim evidente que as origens étnicas, por si mesmas, sejam quais forem, não recomendam o indivíduo.





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