FIDALGUIA
NÃO É COVARDIA
Arnaldo Sant0s*
Desde a
redemocratização do Brasil vivemos tempos corrosivos do republicanismo. O que
predomina, salvante as exceções, são os desvios éticos e morais (“imorais”), o
conluio e as negociatas, que variam da venda de emendas a projetos de leis e
medidas provisórias, ao mensalão e ao
petrolão, transmudados em rotina.
Independentemente dos
matizes ideológicos, na percepção de um substantivo contingente de brasileiros,
até mesmo o processo que culminou com impeachment
da ex-presidente Dilma (constituído com base no clamor das ruas e em razão das denúncias de pedaladas fiscais, liderado pelo
ex-deputado Eduardo Cunha – preso pela Lava-jato) foi um atentado a democracia.
Em Modernidade Líquida, o sociólogo polaco recém-falecido Zygmunt Bauman, evidencia quão aquosas
são as relações sociais globalizadas. A política brasileira, nas últimas
décadas, sofreu uma reação físico-química que corroeu a República, derreteu a
ética e, pelas ações imorais de alguns, se transformou no fluido ácido da
corrupção. Felizmente, no âmbito político, no
Ceará não têm disso não, conforme
poetiza a canção gravada em 1950 pelo imortal Luiz Gonzaga.
Nos derradeiros anos,
nosso Estado elegeu governadores dos mais variados estilos e percepções dos
problemas socias, bem como nas práticas governativas. Uns mais vaidosos, outros
menos, mas, em geral, todos de subido padrão moral e ético. Assim, foi possível
trazer o Ceará ao patamar de desenvolvimento político-econômico atual.
Alguns praticaram
estilo mais hermético, com viés autoritário, e aversão ao modelo político
vigente de sua época. Outros foram mais empreendedores, modernizantes, mas perdulários,
entretanto. Em maior ou menor
grau, tivemos uns mais corporativistas e protecionistas.
Pela vez primeira, no
entanto, temos um governador que, além da austeridade imprimida em suas ações,
inaugurou um estilo político ancorado no mais amplo diálogo, tanto do ponto de
vista endógeno como exógeno. Sua simplicidade ao dirigir o governo distingue-o como
do tipo fidalgo!
A fidalguia é uma
peculiaridade estudada por Freud, em seus ensaios sobre os diversos espécimes
de tipos humanos. Ao empreender uma releitura do pensamento do Pai da Psicanálise, podemos inferir que
[...] “o fidalgo só é fidalgo, até quando a fidalguia não parece covardia”.
A julgar pelas últimas
ações político-administrativas, que surpreenderam a todos, trazendo Maia Jr.
(PSDB) para comandar o Planejamento do Governo (ainda petista), e o ex-reitor da
UFC, Prof. Dr. Jesualdo Farias, para a Pasta das Cidades, com o apoio de parte
da intelectualidade e do (PSB), o Governador Camilo Santana manteve a fidalguia e incorporou a ousadia.
De voz mansa e
educada, exercitando a temperança esperada dos homens públicos, e avesso às
frivolidades circulantes à órbita do poder, o Governador, aos olhos daqueles
que miram a sucessão, progride com um governo ainda sem identidade, carecendo
fazer um ponto de inflexão desde a segunda metade do mandato.
Ao imprimir essas
alterações na equipe, o Governador inicia a montagem de um projeto de
engenharia política, que tem um tempo de validade. Embora o prazo demarcado
para o estabelecimento desse plano seja até 2018, a finalização do conjunto da
obra tem, como objetivo antecipado, uma prorrogação por mais quatro anos –
ainda que, para materializar o objeto pretendido, essa fidalga ação implique a concretagem de alguns engenheiros-artífices
de sua governança, se me faço entender ao leitor/eleitor.
COMENTÁRIO:
De fato, como percebe
o articulista, a fidalguia é um qualificativo perfeito para a conduta do
Governador Camilo Santana – embora ele não herde essa lhaneza de seu pai, ao contrário do que a
etimologia do adjetivo nos sugere.
Eudoro Santana passa
muito longe de ter os modos refinados e a nobreza aristocrática que sobram no
trato principesco de seu filho.
Não somente nisso o
jornalista e sociólogo Arnaldo Santos acerta, mas o faz também nos demais conceitos
que formula em seu artigo – tirante a pequena confusão que parece fazer ao
referir o impeachment da Dilma.
A fundamentação
jurídica para o processo foram as tais pedaladas fiscais, e o “clamor das ruas”,
em função do “conjunto da obra”, foi a motivação política. Ele afirma, e eu
concordo.
Mas me parece que
Arnaldo se equivoca quando atribui ao então deputado Eduardo Cunha as denúncias
contra Dilma, ou a "liderança" do processo de impeachment.
Eduardo Cunha – aliado do PT, cúmplice, abandonando, magoado – apenas fez a admissão da denúncia – como era de sua atribuição fazer – mas, ao fazê-lo,
dela escoimou grande parte das increpações que eram feitas a Dilma,
deixando apenas as fraudes fiscais, para que não se investigassem crimes em que ele também estava envolvido.
Assim como esse processo também não foi liderado, nem partiu de denúncias de Michel Temer, como alguns querem entender. A presidência, por designação constitucional, caiu no colo de Temer – aliado, abandonado, magoado com o PT – mas que não tinha ascendência sobre os acusadores, nem sobre o Ministério Público, muito menos sobre o juiz Sérgio Moro, tampouco sobre a bancada que se opunha ao Governo de que participou. Nem consta que um velho árabe faça mandingas na macumba.
Reginaldo Vasconcelos
Não poderia deixar de me referir e aplaudir o interessante artigo do jornalista Arnaldo Santos sobre a figura serena do nosso Governador Camilo Santana, sobre o qual estou de pleno acordo, inclusive o comentário sobre ele, do confrade Reginaldo Vasconcelos
Cássio
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Não poderia deixar de me referir e aplaudir o interessante artigo do jornalista Arnaldo Santos sobre a figura serena do nosso Governador Camilo Santana, sobre o qual estou de pleno acordo, inclusive o comentário sobre ele, do confrade Reginaldo Vasconcelos
Cássio
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