CORRESPONDÊNCIA
Ao
Escritor João Soares Neto*
Por Vianney Mesquita**
Fortaleza,
18 de fevereiro de 2013.
Prezado
Dr. João Neto,
Abraço.
Muito
me contenta acusar e agradecer pelo convite para sua posse como imortal da
Academia Cearense de Letras, nosso mais distinto Sodalício, locus de peso da intelectualidade
literária deste Estado.
Folgo,
em particular, com o fato de recair a opção em um nome denso da nossa
inteligência, o qual acompanho, velada, mas intensivamente, desde os anos 1960.
Quando ainda discente secundarista da antiga Escola Industrial de Fortaleza –
hoje Instituto Federal de Educação – apliquei questionário público (amostra) de
sua COCEA – Companhia Cearense de Administração, na oportunidade em que
empreendeu investigação científica (já naqueles tempos, cuidava, na juventude
mediana, de misteres tão assinalados!) com vistas à instalação de ônibus
elétricos na urbanisticamente claudicante e ainda arquitetonicamente
provinciana Fortaleza.
Meu
regozijo é dirigido, neste passo, a crédito, por primeiro, do seu perfil de
pessoa afeita aos estudos diuturnos e sem intermitências, como escolar
demandante do estado d’arte dos saberes da Ciência de Henri Fayol, dos teores aziendais e do Direito, sem descurar das
artes e da cultura, fato demonstrado constantemente em suas manifestações nos
registos em livros, bem assim em artigos e crônicas de inconcussa qualidade na
imprensa local.
A
outra parte desse confesso júbilo assenta no êxito de a ACL haver promovido
esta excepcional renovação do seu quadro academicial, rejuvenescido de
intelecção e produção, a fim de se destacar no Ceará e noutros rincões, do
Brasil e do Estrangeiro, como prima inter
pares de nosso discernimento literário.
Sabe,
infelizmente, o preclaro companheiro da quase indigência de alguns silogeus
cearenses, onde, via de regra, o prestígio social, assistido pelos haveres
financiais e certas circunstâncias ocasionais, é que preenche suas cátedras,
chegando a quase lotar alguns deles de pessoas apenas mais do que alfabetizadas.
São participações goras e brocadas, defesas de produzir, exatamente à míngua de
aptidão intelectiva; ou, quando muito – quiçá isto se afigure pior – levando à
luz produtos desabridos em quaisquer gêneros, insossos e sem humo algum de
originalidade, porquanto jamais perseguiram as feições de intelectuais, pela
via do estudo procedido de caso pensado, da leitura constante e das observações
inteligentes no labor dos bancos e campos de prova das universidades.
Intelectual
à força, osmótico, é impossível! E nossas entidades culturais e científicas os
têm em profusão. Ó tempora! Ó mores!
Perversidade cultural dos nossos tempos! Para não ser fastidioso, me reporto à
produção nas quais é sensível o pasticho servil, visível é o expediente (talvez
até ingênuo) da cópia amouca, notadamente colada de escritores mais recuados e
de estrangeiros, como, e.g.,
historiar fatos do século XVII, sem mencionar literatura, como se fosse
possível longevidade matusalênica para viver os períodos históricos, consoante
ocorre na obra princeps de um
conhecido escritor brasileiro, postado na crista do sucesso e assentado no topo
da ascensão.
De
efeito, prezado imortal, Dr. João Soares Neto, tenho razões para celebrar esse
feito justo e oportuno, na convicção de que concorrerá para engrandecer os
haveres intelectuais da Academia Cearense de Letras, ditosamente ali tão
ocorrentes, entre a maioria, nas pessoas de Pedro Paulo Montenegro, Giselda
Medeiros, José Augusto Bezerra, Eduardo Diathay, Batista de Lima, Marly
Vasconcelos, Carlos d’Alge, Linhares Filho, Noemi Elisa, Ednilo Soárez, Luciano
Maia, Juarez Leitão, Cid Carvalho, Dimas Macedo e tantos outros.
Fora
de dúvida, esta representou para mim, até agora, a melhor notícia de 2013.
Como
remate, aceite meus emboras e as escusas por não comparecer à festa, em razão
de um evento de natureza cardiovascular, felizmente – pensamos eu e o meu
cardiologista Valdester Cavalcante Pinto Jr. – sem maiores consequências.
Atenciosamente.
V.M.
Obs.
Não houve registo de recebimento desta mensagem.
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