TRAGÉDIA NACIONAL
Reginaldo Vasconcelos*
Todo crime de sangue é uma tragédia, que
atinge diretamente a vítima – não se pode negar isso. Mas, diferentemente das
tragédias comuns (por descarga elétrica, por afogamento, por queda de rede), um
assassinato doloso, antes de ser tragédia, tem que ser visto pelo Poder Publico
como um crime, e de caráter hediondo.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7scF0RgUOYnnktRGl7C2Df_b8Tlb5k1RjyWqvbsV-7wAVvVadAY8YIXRyKIqTjUVn3PXWDdVq9QIUW4qDoSkx98b31NUPJvwzX8wS4fS1KPopNpstmqFvCIT7Te2CebVXJ51xKn2_NKx0/s320/TRAG%25C3%2589DIA+II.jpg)
Com essa declaração cavilosa o General
Ministro tenta desconhecer que as
cidades do País têm regiões proibidas aos cidadãos de bem, que trabalham e que
pagam impostos – e proibidas até para tropas de elite da polícia – de modo que um
simples erro de trajetória pela periferia pode significar uma sentença de
morte.
Não, General Etchgoyen. Enveredar pela rua
errada, circulando pelo Rio de Janeiro, não foi a tragédia que vitimou o soldado
da Força Nacional, pois em lugar nenhum do mundo errar o roteiro dentro de uma
grande cidade tem potencial para levar à morte trágica. Somente a total banalização
do crime pode explicar um raciocínio desses.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAJ7WO6shWdcJCvT4twF5w4AKksCM5ivGSYq5iIWPNr2vpKtCVb9TQcMlnRypdMXNdjsb7-nK8FaAXrCjb2b8mHblW3HyorxRQsf1N6029pZ-K6Ne_e-BeWkhesajmIhmfi3lR1T_bEKJR/s200/TRAG%25C3%2589DIA+I.jpg)
Sim. Os engravatados da política brasileira
traficam influência à vontade, assaltam o erário à vontade, atacam a cidadania
à vontade, afrontam a lei à vontade, de modo que não têm moral (nem reservam
recursos públicos) para exterminar o crime comum, muito menos o crime organizado. Essa é a mais pura verdade.
Tragédia pressupõe o inevitável, como uma
enchente, um incêndio, um terremoto, um tsunami, dentre outras catástrofes
imprevisíveis. Mas essa pandemia de criminalidade não é apenas “tragédia”,
porque poderia, sim, ser evitada. Para o conjunto da sociedade brasileira,
composto pelos que empreendem, os que produzem riquezas, os que geram tributos, os que trabalham duro, os
que pagam impostos, enfim, os que levam o Brasil nas costas, o crime deveria
ser coibido, em vez de tratado como fato fortuito.
Bastaria que os políticos fossem honestos,
as polícias não fossem mal pagas, as leis penais não fossem tão frouxas, o Judiciário não fosse tão lento, os “direitos humanos” não atrapalhassem.
Direitos humanos, sim, mas apenas para humanos direitos, como tem bradado a voz rouca das ruas.
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