domingo, 14 de agosto de 2016

ARTIGO - Tragédia Nacional (RV)



TRAGÉDIA NACIONAL
Reginaldo Vasconcelos*


Todo crime de sangue é uma tragédia, que atinge diretamente a vítima – não se pode negar isso. Mas, diferentemente das tragédias comuns (por descarga elétrica, por afogamento, por queda de rede), um assassinato doloso, antes de ser tragédia, tem que ser visto pelo Poder Publico como um crime, e de caráter hediondo.

Absurdo dos absurdos, mesmo neste Brasil macunaímico, é um General do Exército, investido em Ministro da Segurança, falando em rede nacional de TV, tentar reduzir a mero incidente trágico um crime horrendo, praticado  contra um policial militar em serviço, covardemente, por bandidos conhecidos, situados, tolerados.  

Com essa declaração cavilosa o General Ministro tenta desconhecer que as cidades do País têm regiões proibidas aos cidadãos de bem, que trabalham e que pagam impostos – e proibidas até para tropas de elite da polícia – de modo que um simples erro de trajetória pela periferia pode significar uma sentença de morte.

Não, General Etchgoyen. Enveredar pela rua errada, circulando pelo Rio de Janeiro, não foi a tragédia que vitimou o soldado da Força Nacional, pois em lugar nenhum do mundo errar o roteiro dentro de uma grande cidade tem potencial para levar à morte trágica. Somente a total banalização do crime pode explicar um raciocínio desses.

Na verdade, a tragédia que o soldado Hélio Vieira sofreu é a mesma que todos nós sofremos, os que vivemos neste país de políticos cretinos, que desviam os dinheiros públicos, vivem em intrigas de gangs, e não dão o devido combate aos seus “colegas” traficantes.

Sim. Os engravatados da política brasileira traficam influência à vontade, assaltam o erário à vontade, atacam a cidadania à vontade, afrontam a lei à vontade, de modo que não têm moral (nem reservam recursos públicos) para exterminar o crime comum, muito menos o crime organizado. Essa é a mais pura verdade.

Tragédia pressupõe o inevitável, como uma enchente, um incêndio, um terremoto, um tsunami, dentre outras catástrofes imprevisíveis. Mas essa pandemia de criminalidade não é apenas “tragédia”, porque poderia, sim, ser evitada. Para o conjunto da sociedade brasileira, composto pelos que empreendem, os que produzem riquezas, os que geram tributos, os que trabalham duro, os que pagam impostos, enfim, os que levam o Brasil nas costas, o crime deveria ser coibido, em vez de tratado como fato fortuito. 

Bastaria que os políticos fossem honestos, as polícias não fossem mal pagas, as leis penais não fossem tão frouxas, o Judiciário não fosse tão lento, os “direitos humanos” não atrapalhassem. Direitos humanos, sim, mas apenas para humanos direitos, como tem bradado a voz rouca das ruas.

     

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