sexta-feira, 12 de junho de 2015

CRÔNICA (RKGC)


LEMBRANÇA ALEGÓRICA
Régis Kennedy Gondim Cruz*

Chamei em volta do meu frio leito/As memórias melhores de outra idade,/Formas vagas que a noite, com piedade, /se inclinam, a espreitar sobre o meu peito ... (ANTERO Tarquínio DE QUENTAL. YPonta Delgada, 18.04.1842 - 11.09.1891 – 49 anos).

Lembro-me, como quem faz com o Creio-em-Deus-Pai, de uma consulta feita por certo homem ao meu pai.

Dentista prático, o Sr. Reginardo Ferreira da Cruz, meu genitor, zelava em demasia pelos tratos orais de que cuidava. Fazia-o, porém, com as bocas, transpondo a resina, o amálgama e a guta-percha, pois, de forma sutil, combatia, também, as cáries lexicais proferidas por um ou da parte de outro paciente desatento.

Com o homem desta reminiscência ocorreu diferente, pois a restauração vocabular procedeu ao reverso – do paciente para o ortodontista. Não que o Dentista tenha incorrido em desatino lexicológico ou expressional, mas que, como numa mordida destorcida o corte resta imperfeito, a palavra sempre está à demanda dA Palavra.

Não me recordo (já faz algum tempo) do assunto abordado naquele dia iluminado, porém experimento, hoje, a satisfação de ter o paciente de Seu Reginardo Cruz (Y 21.09.1913-01.04.1995) como meu consultor – conforme ele próprio expressou num de seus artigos, enaltecendo vários de seus pares com quem afasta dúvidas – consultor padrão-ouro: o Prof. Vianney Mesquita.

Este costuma ultrapassar o vocábulo escorreito, pois, de uma boca saudável, nem sempre, procede um sorriso perfeito. Necessário se faz, por consequente, que a língua seja cultivada e preservada como as fundações de um dente.

*Régis Kennedy Gondim Cruz 
Docente da rede pública estadual do Ceará e 
municipal de Fortaleza

Nenhum comentário:

Postar um comentário