CINE CENTRO,
SELFIE e PAU CHEIROSO
Assis Martins*
A ninguém citar é a especialidade
dos que jamais esperam ser citados. GABRIEL NAUDÉ. (YParis, 02.02.1600 – †Abbeville, 10.07.1653).
Av. Duque e Caxias com a Av. Tristão Gonçalves. Nessa esquina, onde hoje
tem uma loja de material de construção, ficava o Centro Artístico Cearense,
inaugurado em 28 de abril de 1912. Ali funcionavam a Escola Pinto Machado (onde
fiz o curso primário) e o saudoso Cine Centro, de inesquecíveis vesperais no
auge do anos ‘50, com a exibição de série famosas, como Os Perigos de Nioka, O
Império Submarino, Fu Manchu
(essa eu não perdia!), Tarzan e os homens-formiga...
O cinema tinha um palco enorme usado em datas festivas da escola, uma ou
duas vezes por ano. Não tenho notícia de alguma peça teatral em qualquer época
da sua história. Esta crônica não conta caso engraçado ou menciona peripécias
de folclóricos personagens, apenas mostra que o contexto da época determina o
aparecimento de modismos.
Um exemplo bom é o Selfie,
constante no mundo digital e que mostra a relação entre a tecnologia e o
comportamento dos jovens com as diversas ferramentas das redes sociais, Facebook, Twiter etc.
Já temos agora o Pau
de Selfie, que remete à lembrança
uma moda efêmera na época do auge do Cine Centro. Era o Pau Cheiroso. Funcionava assim: os garotos arranjavam nas serrarias
umas varetas, lixavam e passavam qualquer perfume, de modo que a madeira
absorvia e conservava durante dias um cheirinho suave. Então, era normal nas
filas das vesperais aquele flerte inocente, com os meninos passando a varinha
perto do rosto da paquera e daí, às vezes, começava um namoro.
Acontecia muito nas tardes dos domingos em algumas praças,
principalmente no bairro Otávio Bonfim, antes das sessões do Cine Familiar, com
a moçada fazendo o footing na calçada
da igreja. Muitos namoros daquele inocente lazer levaram ao casamento.
Como naquela época a comunicação não era globalizada, não existia
Internet nem redes sociais, por isso, muita gente daquela geração não conheceu
essa bobagem perdida no tempo.
Um modismo puxa o outro e o Dida, inventor e chegado a um empreendimento
diferente, já engendrou um novo produto, fadado a ter repercussão mundial. É a Camisinha para Pau de Selfie, cujo uso
dará ao usuário a imunidade a doenças sexualmente transmissíveis pelo contato
manual...
Funcionário da U.F.C.
Cronista e Ilustrador.
Bacharel em Geografia e Tecnologia e Gestão do Ensino Superior pela Universidade Federal do Ceará
NOTA DO EDITOR:
A fotolegenda de Assis Martins traz a
representação da Fortaleza São João, antigo Forte de São Tiago, em Bertioga,
litoral paulista. A edificação foi erguida em 1532, sob
a ordem do colonizador lusitano Martim Afonso de Sousa. Toda de madeira, foi a
primeira do Brasil. Atacada por indígenas, foi reconstruída, em 1547, de
alvenaria.
No ano de 1765, passou a ser chamada
de Forte São João, em virtude de uma capela em homenagem a esse santo. Em 1940, depois de 408 anos de
construção, o Forte foi considerado patrimônio histórico, tombado oficialmente
pelo IPHAN, e foi objeto de restauração. Em 2000, depois de fechado à
visitação, foi reaberto ao público.
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