quinta-feira, 25 de junho de 2015

CRÔNICA (AM)

CINE CENTRO,
SELFIE e PAU CHEIROSO
Assis Martins*




A ninguém citar é a especialidade dos que jamais esperam ser citados. GABRIEL NAUDÉ. (YParis, 02.02.1600 – Abbeville, 10.07.1653).


Av. Duque e Caxias com a Av. Tristão Gonçalves. Nessa esquina, onde hoje tem uma loja de material de construção, ficava o Centro Artístico Cearense, inaugurado em 28 de abril de 1912. Ali funcionavam a Escola Pinto Machado (onde fiz o curso primário) e o saudoso Cine Centro, de inesquecíveis vesperais no auge do anos ‘50, com a exibição de série famosas, como Os Perigos de Nioka, O Império Submarino, Fu Manchu (essa eu não perdia!), Tarzan e os homens-formiga...

O cinema tinha um palco enorme usado em datas festivas da escola, uma ou duas vezes por ano. Não tenho notícia de alguma peça teatral em qualquer época da sua história. Esta crônica não conta caso engraçado ou menciona peripécias de folclóricos personagens, apenas mostra que o contexto da época determina o aparecimento de modismos.

Um exemplo bom é o Selfie, constante no mundo digital e que mostra a relação entre a tecnologia e o comportamento dos jovens com as diversas ferramentas das redes sociais, Facebook, Twiter etc. 

Já temos agora o Pau de Selfie, que remete à lembrança uma moda efêmera na época do auge do Cine Centro. Era o Pau Cheiroso. Funcionava assim: os garotos arranjavam nas serrarias umas varetas, lixavam e passavam qualquer perfume, de modo que a madeira absorvia e conservava durante dias um cheirinho suave. Então, era normal nas filas das vesperais aquele flerte inocente, com os meninos passando a varinha perto do rosto da paquera e daí, às vezes, começava um namoro.

Acontecia muito nas tardes dos domingos em algumas praças, principalmente no bairro Otávio Bonfim, antes das sessões do Cine Familiar, com a moçada fazendo o footing na calçada da igreja. Muitos namoros daquele inocente lazer levaram ao casamento.
 
Como naquela época a comunicação não era globalizada, não existia Internet nem redes sociais, por isso, muita gente daquela geração não conheceu essa bobagem perdida no tempo.

Um modismo puxa o outro e o Dida, inventor e chegado a um empreendimento diferente, já engendrou um novo produto, fadado a ter repercussão mundial. É a Camisinha para Pau de Selfie, cujo uso dará ao usuário a imunidade a doenças sexualmente transmissíveis pelo contato manual...


*Assis Martins
Funcionário da U.F.C.
Cronista e Ilustrador.
Bacharel em Geografia e Tecnologia e Gestão do Ensino Superior  pela Universidade Federal do Ceará


NOTA DO EDITOR:

A fotolegenda de Assis Martins traz a representação da Fortaleza São João, antigo Forte de São Tiago, em Bertioga, litoral paulista. A edificação foi erguida em 1532, sob a ordem do colonizador lusitano Martim Afonso de Sousa. Toda de madeira, foi a primeira do Brasil. Atacada por indígenas, foi reconstruída, em 1547, de alvenaria.

No ano de 1765, passou a ser chamada de Forte São João, em virtude de uma capela em homenagem a esse santo. Em 1940, depois de 408 anos de construção, o Forte foi considerado patrimônio histórico, tombado oficialmente pelo IPHAN, e foi objeto de restauração. Em 2000, depois de fechado à visitação, foi reaberto ao público.

Além de sua beleza de arquitetura, o Forte se integra à natureza local – Canal de Bertioga, Praia da Enseada e Parque dos Tupiniquins. O cronista Assis Martins foi fotografado no citado Forte.

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