O EFEITO MANADA
Rui Martinho Rodrigues*
A Argentina chegou a ter uma renda per capta comparável à da França. A
escolaridade dos platinos era de primeiro mundo. As políticas sociais
tornaram-se tão generosas que o fluxo migratório da Itália para os EUA foi, em
grande parte, desviado para o Prata. Os argentinos tornaram-se “politizados” e o movimento de massa cresceu e passou a exercer grande influência naquele país. Então os nossos vizinhos do sul enveredaram pelo caminho da decadência e persistiram
nele por mais de sessenta anos. Foi um suicídio.
Os fenômenos históricos são a
expressão de uma ampla e variegada “constelação de fatores”, na linguagem
weberiana. Um destes fatores é o efeito manada. Por exemplo, a Revolução Francesa coincidiu
com movimentos análogos por todo o mundo. No Brasil, tivemos a Revolta dos Alfaiates,
na Bahia; e a Inconfidência Mineira, nas Alterosas.
Nos Andes, eclodiu uma
revolta de índios subjugados pelos espanhóis. As lutas pela independência, na
América Latina, foram todas mais ou menos contemporâneas umas das outras. As lutas
pela descolonização da África e da Ásia também foram mais ou menos simultâneas.
O ano de 1968 viu um rastilho de manifestações e revoltas se espalhar pelo
mundo. Os últimos anos assistiram a uma epidemia de revoltas no mundo árabe e
de manifestações em toda parte.
Inúmeros fatores contribuem para tais
ondas de acontecimentos. O efeito manada é um deles, ainda que possa ter um papel
secundário.
Manifestações em oitenta países, em anos recentes, tiveram como combustível, entre outros fatores, a crise econômico-financeira desencadeada em 2008 (sem nenhuma concessão ao economiscismo). As revoltas do mundo árabe, além do choque cultural causados pela globalização e a imigração para o ocidente, tiveram uma forte influência da crise aludida. As outras ondas aqui mencionadas ligaram-se a outros fatores.
Manifestações em oitenta países, em anos recentes, tiveram como combustível, entre outros fatores, a crise econômico-financeira desencadeada em 2008 (sem nenhuma concessão ao economiscismo). As revoltas do mundo árabe, além do choque cultural causados pela globalização e a imigração para o ocidente, tiveram uma forte influência da crise aludida. As outras ondas aqui mencionadas ligaram-se a outros fatores.
O nosso continente vive uma onda de
saudosismo das velhas teses da guerra fria. Repúdio à dívida interna e externa,
estatização de veículos de comunicação, desenvolvimentismo baseado em
protecionismo, elogio ao déficit público e repúdio à austeridade e outras
fórmulas do receituário do suicídio argentino, da longa e prolongada inflação
brasileira e do persistente subdesenvolvimento do continente. Tudo isso está no
“Caderno de teses” do PT.
Crescimento sem investimento, aumento de renda sem aumento de produtividade, orçamento maior do que a receita, distributivismo sem crescimento e outras ilusões são óbvias demais para quem não segue manada nem cultiva o auto-engano, mas estão todas nos governos do continente sul americano e no “Caderno de teses”, afinado com a internacional latino-americana, que é o Foro de São Paulo.
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