DIA DE
[...] nasceu em San
Cristóbal de la Laguna (Arquipélago de Tenerife) uma das sete grandes Canárias
(Espanha) no dia 19 de março de 1534, e faleceu na hoje Anchieta, antigo
Município de Reritiba, Estado do Espírito Santo – Brasil, onde desenvolveu vida
apostolar intensa e santa, desde aqui aportado em 13 de junho de 1553, na
companhia de vários sacerdotes, dirigidos pelo Padre Luís da Gram.
O processamento
canonizador desse Sacerdote-jesuíta representou um dos mais longos percursos
canônicos da História Eclesiástica (nada menos do que 417 anos), ocorrência a
me tocar próximo, pelo fato de haver tomado convivência, muito cedo, com o
Apóstolo do Brasil, nas lições de História Pátria dirigidas pelos professores
dessa disciplina.
Já em 1617, o Santo
Presbítero – cujo culto ocorre em 9 de junho – era apontado em campanha, na
Bahia, para que fosse beatificado, o que somente veio a suceder em 22 de junho
de 1980, distante 34 anos de sua canonização, em 3 de abril de 2014, pelo Papa
Francisco, e há 417 de seu exício terreno, ocorrido em 9 de junho de 1597, com a
idade de 63 anos.
Alguns comentaristas
da Religião e da Literatura (Anchieta, além de católico estremado, era completo
literato), em seus entrelaçamentos, exprimem a ideia de que pode haver sido
circunstância fautora de atraso nesses procedimentos canônicos a perseguição
aos Padres Jesuítas ocorridas no País por parte de Sebastião José de Carvalho e
Melo, o Marquês de Pombal, ministro de Dom José, nos anos Oitocentos, o que
culminou com a expulsão dos inacianos, em 1759.
Matéria de 15 de
dezembro de 2013, por mim divisada no Estado de São Paulo, assinada pelo
jornalista José Maria Mayrink (8;2013), e da qual fiz paráfrase e muitos
acrescentamentos, dá conta de que, logo depois do passamento do Padre José de
Anchieta na então Reritiba, no Estado do Espírito Santo, a propagação de suas
virtudes, amplamente conhecidas em Portugal e Brasil, aportou em Roma e
circulou por todo o orbe católico.
Desta sorte –
continua, com engano, Mayrink (Opus citatum) – “em 1624” (1634?
1644?), o Papa Inocêncio X (seu nome no século era Giovanni Battista Pomphili e
dirigiu a Igreja de 1644 a 1655) deu por aberta a causa da beatificação de
Anchieta.
É de imposição, de
passagem, se atentar para o equívoco do redator do Estadão, ao indicar o
ano de 1624, quando era Sumo Pontífice o Papa Urbano VIII (1623-1644) – Maffeo
Barberini – não Inocêncio X. Quero crer haver acontecido escorrego de natureza
gráfica.
Nos Oitocentos, o
Primeiro Conde de Oeiras e Primeiro Marquês de Pombal, o prefalado Sebastião
José de Carvalho e Melo (Lisboa, 13 de maio de 1699 – Pombal – Portugal, 08 de
maio de 1872), perseguiu os padres da Companhia de Jesus até sua expulsão do
Brasil e de Portugal em 1759, período durante o qual todos os processos de
beatificação e canonização ficaram suspensos, tendo sido a causa do Padre José
de Anchieta retomada somente em 1875.
Estagnado o
processamento jurídico-canônico no curso desse compridíssimo lapso, sem razões
aparentes, até o apostolado de Paulo VI (Giovanni Battista Montini), o qual
durou de 1963 a 1978, eis que o Brasil recorreu a esse Pontífice para lhe rogar
a beatificação (8:2013), esta materializada em 1980, por via de um breve de
João Paulo II.
Em adição, quiçá
para justificar o retardamento do petitório da causa, já ouvi de pessoas, sem
registro escrito, mas por caminhos orais e em opiniões esposadas antes de 1980
– ano da beatificação – a ideia de que as honras de beato, tampouco,
evidentemente, de santo, jamais seriam concretizadas.
Tal ocorreria, à
suposição desses árbitros, em razão de escritos laudatórios do Padre José de
Anchieta ao terceiro governador geral do Brasil de 1558 a 1572, Mem de Sá
(irmão do escritor Sá de Miranda), [conforme está] no De Gesti di Mendi Saa
Praesidis in Baiilia (referido, por exemplo, em Barbosa, na tese de
doutorado sustentada no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
transferido para o livro As Letras e a Cruz (9:2006).
Também o fato pode
residir em comunicação opósita do Padre Anchieta, em “detratação” aos inimigos
oficiais, como os franceses expulsos pelo Governador, aqui deixados por Nicolau
Durand de Villegaignon, e – isto sim, é importante – os brasileiros autóctones,
os índios – aliados dos franceses contra Portugal, a quem o Padre-Escritor
também se dirigira, na inteligência dos mencionados analistas (e sem a minha
anuência, pelo menos in limine), com discurso muito carregado e ofensivo
aos nacionais aborígines.
*A canonização de
São José de Anchieta somente ocorreu no dia 3 de abril de 2014, por breve do
Papa Francisco (Jorge Bergoglio).
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