sexta-feira, 12 de junho de 2020

POEMA - Calendário (AA)


Calendário
Alana Alencar*


No calendário... o itinerário dos meus dias não coincide... cada semana uma fotografia presa num álbum que não se imprime e não se alcança.

Nada em mim reclama. Tudo se descreve. As regras, postas em feiras, se esbarram no tempo desprendido dos sentimentos que não choram.


A passagem dos meus sonhos livres... sem pesadelos... 
sem atropelos admitem acertada decisão.

O calendário está contrário... contrariado. Contaminado do que passou. 
Cada verso assume a metáfora aparente e se completa à exigência de perfurar a realidade.

              
 
Meu calendário somado à matéria de renascer das chagas ardidas não se submete ao impacto das traduções vulgares.

Além dos dias ímpares... há de haver os pares... e eu repito na maçante ode de que sou toda poesia rasgada, escancarada... transcrita num papel sem cor...

No calendário o dia marcado, escasso e mudo, ainda não chegou
!






Ilustrações: Antigos calendários: chinês, maia, indiano e romano.

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