terça-feira, 9 de junho de 2020

CRÔNICA - Cearenses na Amazônia (GB)


CEARENSES
NA AMAZÔNIA
JO GU BAS*


NO longínquo ano de 1888, o avô Nereu da Silva Gusmão fora, como muitos nordestinos, para a Amazônia, em busca de tentar fortuna colhendo “leite” dos seringais, para vendê-lo aos norte-americanos e europeus. Lá, casou-se com a indígena Iracema, de “lábios de mel”, no dizer do escritor José de Alencar. Poucos anos depois ela seria tragada pelas enxurradas do Rio Xingu.

DESTA UNIÃO tiveram um filho, nominado pelo pai de Luiz Gusmão Sobrinho, que veio a unir-se com uma Iracema, que também seria levada pelas águas do mesmo rio. Tiveram três descendentes: Moacir, Iracema e Iraci – esta, viva aos noventa e dois anos de idade, excelente costureira residindo no bairro de Fátima, com filhas e netos. Seu marido chamava-se Jofre.

PASSANDO a página da vida para os tempos da Segunda Guerra Mundial (1939/1945), constata-se que o sonho de enriquecer na Amazônia permaneceria nas veias de seus descendentes. Nereu Gusmão Rocha, filho de nossos tios Pedro/Hermínia Gusmão Rocha, não teve sorte, atingido que foi pela malária. Voltou para escapar em nossa terra natal, o velho e querido São Francisco de Assis – hoje Itapagé, nome indígena de frade de pedra.

Rio Xingu em momento de Calma
O TIO Tibúrcio Bastos, outro que nas selvas esteve por alguns anos, em visita à nossa residência narrou uma perigosa aventura em que se envolveu. Residente numa cabana de índios, viu quando estes raptaram um garoto louro e de olhos azuis. Perseguidos, tiroteio de um lado e flechadas de outro, tiveram fim com um acordo: um boi foi suficiente para os raptores. 

ÀQUELA época, a febre amarela e o sarampo tiraram a vida de milhares de nordestinos. Hoje, é o denominado Covid-19 que a muitos ataca e morrem. Enquanto os que arduamente trabalham tentando mantê-los vivos, malfeitores e aliados a políticos enriquecem com a venda de produtos. Que Noé não os deixe entrar no barco salvador!


Nenhum comentário:

Postar um comentário