Abrindo
o livro
do
Genésio
Jeovah Maciel*
Genésio, uma dessas criaturas impagáveis que Deus coloca na nossa convivência. Nascido lá pelas inhanhas do Quixadá, já vinha trazendo de lá hilariantes histórias.
Campanha política em plena efervescência e chega em sua casa um
candidato a vereador. Abraça a todos e pergunta para Dona Socorro, mãe do
Genésio:
– A senhora tem algum pedido?
– Inhô sim, o meu maior sonho é botar umas dentaduras – diz a eleitora.
– A senhora, no sábado, vá lá no meu comitê em Quixadá, que vou
resolver o seu problema.
Ao amanhecer daquele dia, na companhia do marido, Dona Socorro
rumou para o comitê do tal candidato.
Bateu palmas e logo foi atendida:
– Sente-se aí e experimente sem pressa.
Dona Socorro passou duas horas experimentando dentaduras (imaginem
em quantas bocas entraram aquelas dentaduras), finalmente, encontrou umas do
seu agrado! Colocou as benditas, olhou-se naquele tradicional espelhinho de
bolso, e pensou consigo: “Nunca estive tão linda!”
Pegou o pau de arara de volta, ansiosa para chegar em casa e
mostrar a beleza que ficara. Todos aguardavam no terreiro, e, quando o carro
apontou correram para ver a novidade! O Genésio, com um pé escorado num mourão
de sabiá, vendo a mãe se aproximar perguntou:
– Mãe, a senhora tá rindo ou tá chorando? Grande tristeza tomou
conta da Dona Socorro e não era para menos, o desgraçado daquele político conseguiu
enfear a pobre sertaneja. Genésio ainda arrebatou:
– Seu Jeovah, a mãe passou três mês
tentando se acostumar com aquela geringonça, feriu a boca toda, e não
conseguiu.
Até este pseudocronista está sentindo o efeito daquele desastre.
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