sábado, 20 de junho de 2020

CRÔNICA - Abrindo o Livro do Genésio (JM)

Abrindo o livro
do Genésio
Jeovah Maciel*



Genésio, uma dessas criaturas impagáveis que Deus coloca na  nossa convivência. Nascido lá pelas inhanhas do Quixadá, já vinha trazendo de lá hilariantes histórias.

Campanha política em plena efervescência e chega em sua casa um candidato a vereador. Abraça a todos e pergunta para Dona Socorro, mãe do Genésio:

– A senhora tem algum pedido?

– Inhô sim, o meu maior sonho é botar umas dentaduras –  diz a eleitora.

– A senhora, no sábado, vá lá no meu comitê em Quixadá, que vou resolver o seu problema.

Ao amanhecer daquele dia, na companhia do marido, Dona Socorro rumou para o comitê do tal candidato.

Bateu palmas e logo foi atendida:

– Vamos entrando! Foi lá dentro e voltou com um caixote cheio de dentaduras.

– Sente-se aí e experimente sem pressa.

Dona Socorro passou duas horas experimentando dentaduras (imaginem em quantas bocas entraram aquelas dentaduras), finalmente, encontrou umas do seu agrado! Colocou as benditas, olhou-se naquele tradicional espelhinho de bolso,  e pensou consigo: “Nunca estive tão linda!”

Pegou o pau de arara de volta, ansiosa para chegar em casa e mostrar a beleza que ficara. Todos aguardavam no terreiro, e, quando o carro apontou correram para ver a novidade! O Genésio, com um pé escorado num mourão de sabiá, vendo a mãe se aproximar perguntou:

– Mãe, a senhora tá rindo ou tá chorando? Grande tristeza tomou conta da Dona Socorro e não era para menos, o desgraçado daquele político conseguiu enfear a pobre sertaneja. Genésio ainda arrebatou:

– Seu Jeovah, a mãe passou três mês tentando se acostumar com aquela geringonça, feriu a boca toda, e não conseguiu.

Até este pseudocronista está sentindo o efeito daquele desastre.


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