terça-feira, 29 de janeiro de 2019

ARTIGO - De Pura Teimosia (HE)

DE PURA TEIMOSIA
Humberto Ellery*


Este vídeo abaixo corrobora minha afirmação de que a grande culpada pelas tragédias de Mariana e Brumadinho, e as outras que seguramente virão, é a “Universidade Brasileira”, assim mesmo, entre aspas, porque nós não temos Universidade em nosso País.

Continuo com minha opinião: o que confere universalidade às instituições de ensino é a Extensão, pois Ensino é importante e Pesquisa também, mas não passam disso: ensino e pesquisa. Enquanto a universidade brasileira não descer de sua torre de marfim, transpuser seus muros e chegar à Sociedade, disseminando os conhecimentos gerados em suas pesquisas, interagindo com o setor produtivo, não estará cumprindo a contento seu papel – primordial – que lhes permita serem chamadas de Universidades.

Enquanto ficarem doutrinando marxismo em suas salas de aula (desde o meu tempo), conferindo a mancheias títulos de Doutor Honoris Causa a um semialfabetizados (já são mais de trinta), incensando o “patrono” do ensino do Brasil, o imbecil do Paulo Freire, assumindo o posto de reitor com boné do MST na cabeça (o Psolista Roberto Leher, da UFRJ, culpado pelo incêndio no Museu Nacional), e dando de ombros para a Extensão.

Por detestarem os empresários, esses “exploradores” da “mais valia” do proletariado, continuaremos a ver os rankings das melhores Universidades mundo a fora, sem encontrar uma brasileira entre as 100 melhores, nem entre as 200 melhores – apenas a USP aparece entre as 300 melhores, em algum ponto entre a 251ª e a 300ª posição, quando os diversos rankings já não fazem distinção entre uma posição e outra, tudo junto e misturado numa geleia que me mata de vergonha.

E o que é pior, até hoje não vi um professor, um político, um governante, um Ministro da Educação se referir a esse vexame, e se comprometer com uma drástica mudança nesse quadro.

Será que um dia verei essa mudança? Mesmo aos 73 anos, já tendo mais passado do que futuro, e com pouco tempo para esperar, mantenho a Esperança. De pura teimosia.




COMENTÁRIO

A imprensa do contra está insinuando que esse desastre aconteceu porque o Presidente Bolsonaro extinguiu o Ministério do Meio Ambiente, e porque asseverou que irá mudar os critérios para os licenciamentos de obras.

Ora bolas. Os dois episódios tenebrosos somente confirmam as boas razões daquilo que fez e afirma o Presidente, pois foi sob aquela estrutura corrupta e ineficiente que se desenharam as duas tragédias.   

Mas a palavra que melhor descreve o sentimento do povo brasileiro no momento é “vergonha”, apropriadamente lançada pelo lúcido Humberto Ellery em seu vigoroso artigo acima – ele que tem conhecimento de causa porque é químico, foi professor, foi militar de engenharia.

Ellery foi também diretor do Dnocs, que administra mais de 300 represas no Nordeste, e trabalhou nos corredores de Brasília, de modo que conhece bem a fauna que infecta aquele meio – as tais “criaturas do pântano político” a que Paulo Guedes referiu.

Sou leigo na matéria, e enfrento perplexidades. Pode-se até entender que o País fosse corrupto, e que por isso parlamentares financiados por empresas mineradoras negligenciassem na aprovação de leis severas que pudessem prevenir essas tragédias com estouros de barragens.

Também é fácil admitir que a fiscalização não acontecesse porque gente do Poder Executivo, por seu turno, “comesse bola” para não inspecionar essas represas de rejeitos. É claro que a força do dinheiro não se compadece com o risco ao meio ambiente e à vida de terceiros.    

Mas, como entender que essa empresa se tenha exposto, de forma reiterada, ao risco enorme de arcar com os prejuízos financeiros que esses desastres ocasionam? Como dorme o empresário, sabendo que a qualquer momento pode ver se derramar ladeiras abaixo, rios abaixo, mar adentro, o seu precioso vil metal? Isso eu não entendo.

Ellery aponta a culpa da Universidade brasileira que não investe em extensão, e negligencia na atividade de pesquisa, furtando-se a desenvolver tecnologias e apresentar soluções práticas para a necessidades das empresas. A propósito, ele traz à colação reportagem do último Progama Fantástico sobre a possibilidade de se aproveitarem os rejeitos na confecção de tijolos, em vez de pretender acumulá-los ao infinito nessas crateras perigosas.

Pois em 22 de dezembro de 2015, após o estouro da barragem de Mariana, eu fiz publicar neste Blog o texto abaixo, no artigo intitulado "Incongruências Brasileiras", sugerindo exatamente a solução do aproveitamento dos rejeitos minerais na produção de pré-moldados, mesmo sem conhecer a sua viabilidade técnica. Ainda que atividade muito menos lucrativa que a mineração, seria de tamanha utilidade para o déficit de moradia no País.

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A LAMA MINERAL


Reportagem da Globo News confirma agora, de forma científica, o que intuitivamente tenho dito neste Blog sobre as barragens de rejeitos. A lama que vazou das mineradoras mineiras provocou uma tragédia lamentável  que, entretanto, poderia ter sido evitada, se medidas preventivas tivessem sido adotados pelas empresas, impostas pelos órgãos competentes.

Têm-se demonizado a atividade econômica das mineradoras, deslembrando de que aquelas empresas davam milhares de empregos e eram a redenção econômica da região que vitimaram. O fato é que o projeto daquela indústria extrativa deveria ter sido obrigatoriamente consorciado com a produção de pré-moldados, usando-se o subproduto da extração de ferro para fabricar tijolo e cerâmica – em vez de acumulá-lo em represas perigosas.

Mas os malefícios do arrombamento são todos físicos e não químicos. Morreram peixes nos rios porque a sílica em suspensão obliterou a insolação, desoxigenou a água, provocou a desorientação espacial da fauna aquática e certamente lhes obstruiu as guelras  mas não matou por envenenamento, porque aqueles rejeitos não são tóxicos, conforme  já confirmaram estudos realizados por universidades do Sudeste, muito mal divulgados.

No litoral do Estado do Espírito Santo não morreu peixe nenhum, porque na amplidão oceânica a diluição é bem maior, e os animais marinhos podem fugir para outras áreas não atingidas pela lama. De todo modo, em um par de anos tudo decantará inteiramente e o material ferroso, precipitado no fundo, talvez até fertilize o solo, estimulando o ecossistema. No mais, tudo é bobagem sensacionalista e denuncismo exagerado.

Reginaldo Vasconcelos

   

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