CORRENTES DO MAL
João Pedro Gurgel
Certa
vez, assisti a um curioso filme de terror, cujo nome era “Corrente do Mal”. No
filme, “a morte” seguia uma garota. A única forma que a garota tinha de se
livrar de um destino fatal era tendo relações sexuais com alguém.
A
pessoa tivesse relações com ela, também ficaria ameaçada e precisaria copular
com outro alguém, para postergar seu fim, e assim sucessivamente. Cada personagem,
em suma, só que queria se livrar de seu próprio destino cruel, mesmo sabendo
que passaria o mal a outrem.
Por
que estou lembrando disso? Porque assisti a “Betting On Zero”, documentário que fala
sobre o esquema de pirâmide, o qual tem mantido uma conhecida empresa por
décadas no mercado. Funciona mais ou menos assim: você compra os produtos para
si. Contudo, alguém lhe convence a comprar mais, porque, em tese, todo mundo
precisa.
Então
você compra caixas e mais caixas de produtos naturais, até os últimos centavos
que lhe restam, devendo encontrar mais seis pessoas que comprem seus produtos,
de maneira voluptuosa também. Cada uma delas deverá encontrar mais seis pessoas,
e por aí vai.
Toda
essa engenhosidade financeira mantém, “no topo”, um seleto grupo que lucra
somente com cada novo adepto que compra os produtos, quase no atacado.
Vendem-se sonhos com frases do tipo: “Você vai ficar milionário”; “Esta é a
chance da sua vida” etc.
Desalmados
que sabem não há prosperidade para os que virão depois de si, já que o negócio
não privilegia novos adeptos, mas, sim, os que os exploram.
Assistindo
ao documentário, quase chorei ante o relato de uma comunidade hispânica. São
imigrantes colombianos, porto-riquenhos, equatorianos, enfim, estrangeiros que
investiram tudo que tinham, comprando produtos que não vendem, tornando
milionário quem não conhecem.
Dizem
que o capitalismo é ruim. Nesses casos, eu concordo. Com essa sórdida maneira
de fazer negócios, essas empresas maléficas, apelidadas de maneira piegas de “Marketing
Multinível”, fazem o que há de mais abominável neste mundo – Robin Hood às
avessas. Tiram do pobre para dar ao rico.
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