quarta-feira, 18 de outubro de 2017

CRÔNICA - Correntes do Mal (JPG)


CORRENTES DO MAL
João Pedro Gurgel

Certa vez, assisti a um curioso filme de terror, cujo nome era “Corrente do Mal”. No filme, “a morte” seguia uma garota. A única forma que a garota tinha de se livrar de um destino fatal era tendo relações sexuais com alguém.

A pessoa tivesse relações com ela, também ficaria ameaçada e precisaria copular com outro alguém, para postergar seu fim, e assim sucessivamente. Cada personagem, em suma, só que queria se livrar de seu próprio destino cruel, mesmo sabendo que passaria o mal a outrem.

Por que estou lembrando disso? Porque assisti a “Betting On Zero”, documentário que fala sobre o esquema de pirâmide, o qual tem mantido uma conhecida empresa por décadas no mercado. Funciona mais ou menos assim: você compra os produtos para si. Contudo, alguém lhe convence a comprar mais, porque, em tese, todo mundo precisa.

Então você compra caixas e mais caixas de produtos naturais, até os últimos centavos que lhe restam, devendo encontrar mais seis pessoas que comprem seus produtos, de maneira voluptuosa também. Cada uma delas deverá encontrar mais seis pessoas, e por aí vai.

Toda essa engenhosidade financeira mantém, “no topo”, um seleto grupo que lucra somente com cada novo adepto que compra os produtos, quase no atacado. Vendem-se sonhos com frases do tipo: “Você vai ficar milionário”; “Esta é a chance da sua vida” etc.

Desalmados que sabem não há prosperidade para os que virão depois de si, já que o negócio não privilegia novos adeptos, mas, sim, os que os exploram.




Assistindo ao documentário, quase chorei ante o relato de uma comunidade hispânica. São imigrantes colombianos, porto-riquenhos, equatorianos, enfim, estrangeiros que investiram tudo que tinham, comprando produtos que não vendem, tornando milionário quem não conhecem.

Dizem que o capitalismo é ruim. Nesses casos, eu concordo. Com essa sórdida maneira de fazer negócios, essas empresas maléficas, apelidadas de maneira piegas de “Marketing Multinível”, fazem o que há de mais abominável neste mundo – Robin Hood às avessas. Tiram do pobre para dar ao rico.

Pirâmides são correntes do mal. Tal como naquele filme de terror referido, seria ótimo se a morte civil e penal  chegasse às organizações que as promovem, antes de passarem elas a sua maldição ao povo incauto.




Nenhum comentário:

Postar um comentário