CRISTIANA
(G)LOBO
Humberto
Ellery*
A Federação das Indústrias do
Estado do Ceará (FIEC), tendo à frente o empresário Beto Studart, tem um interessante programa chamado “Ideias em Debate”,
que todo mês traz para debater com os empresários cearenses grandes nomes da
Política, do Jornalismo, da Economia e da Cultura.
Assim é que já participamos de debates com
pessoas do mais alto nível como Ricardo Amorim, William Waack, Carlos Alberto
Sardenberg, e até intelectuais de quem discordo de certos posicionamentos, como
Leandro Karnal, mas que respeito, pelo talento de expor com clareza e
competência seus pontos de vista.
Uma das últimas personalidades que vieram
participar foi a jornalista da Globo News, Cristiana Lobo. Não sei quanto a
FIEC pagou pela conferência, mas tenho certeza de uma coisa. Foi caro. Aliás,
caríssimo.
Então eu esperava que uma profissional tão bem
relacionada em Brasília traria para nós informações “quentinhas” dos bastidores
do Poder, mostraria cenários possíveis e desdobramentos prováveis da crise
política que vivenciamos, no entanto foram quase duas horas dizendo platitudes
e tautologias. Como diria Delfim Netto, ela trouxe ideias boas e novas. Pena
que as boas não eram novas, e as novas não eram boas.
Esta semana que está passando, discutiu-se a
Portaria 1.129 do Ministério do Trabalho, que aperfeiçoa e estabelece critérios
mais objetivos na definição do que é “trabalho análogo à escravidão”, retirando
dos fiscais o poder discricionário de fiscalizar utilizando critérios
subjetivos e sujeitos a interpretações estapafúrdias.
Seguindo o que gritam petistas e demais “esquerdopatas”, repercutidos pela Rede Globo, no sentido
de que a Portaria favoreceria a prática desse crime, a simpática jornalista
afirmou que a publicação da Portaria se dera para fazer um afago à bancada
ruralista da Câmara dos Deputados, visando granjear votos contra a denúncia do
Ministério Público (finalmente sobrestada).
Pode até ser, mas o complemento da afirmação
foi o que me espantou. A jovem jornalista disse com todas as letras que o Presidente
Temer assim agira por ser um governo fraco, conservador e sem agenda.
Não vou contestar o termo conservador porque
ela não explicitou o que entende por Conservadorismo, e hoje existe muita confusão
na definição do que isso venha a ser.
Governo impopular, tudo bem, mas chamar de
fraco um governo que “passou” no Congresso tudo o que mandou para votação, e
considerando ainda que eram propostas altamente polêmicas como a PEC 241, que
estabeleceu um teto para os gastos públicos; a reforma do Ensino Médio; o
projeto de lei da terceirização; a lei do pré-sal; a lei da infraestrutura; a
reforma trabalhista (desmontando a estupidez da CLT); o fim do imposto
sindical; a lei das estatais; a transformação da TJLP em TLP.
E não passaram ainda as reformas previdenciária e tributária por causa do tumulto, adrede preparado pelo Procurador-Geral Rodrigo Janot. Este gerou, cavilosamente, uma crise de proporções gigantescas que Temer, de forma equilibrada e paciente, está cavalgando, e vai domar rapidamente, para desespero dos petistas.
Na área econômica o Governo Temer derrubou a
inflação em mais de 7 pontos percentuais, e a danada já se encontra em
civilizados 2,5%; a Selic continua descendo de maneira equilibrada e constante,
pois saiu de 14,25% e já chegou ao patamar de 7,5%, e tudo isso com o câmbio
livre e bem comportado.
A produção industrial subiu 11%; a produção de
veículos subiu inacreditáveis 50%; a produção de grãos 32%; o índice Ibovespa
não para de bater recordes históricos, e já ultrapassou a marca espetacular de
75 mil pontos; o crescimento do PIB, medido lá do buraco onde a Dilma nos meteu,
até aqui fora aonde o governo Temer nos trouxe, subiu mais de 6%.
O saldo da balança comercial cresceu
estonteantes 150% – isso levando em conta que as importações cresceram 82%, mas
as exportações chegaram a 100% de crescimento; a massa salarial cresceu 2,3% e
o consumo das famílias começou a crescer, e já se encontra em modestos mas
seguros 1,2% de aumento.
O saldo médio positivo entre demissões e
admissões de mão de obra empregada já está em 600 mil por mês, o que ainda é
pouco, mas, considerando o descalabro que a Dilma nos legou, é uma tendência de
crescimento a ser comemorada.
Diante desse cenário, dizer que o Presidente
Temer não tem uma agenda de governo, é preciso acreditar que tudo isso
aconteceu por “geração espontânea” – tudo por acaso. Vou sugerir ao Temer que
ele adote como lema de seu governo aquela música dos Titãs: “O acaso vai me
proteger, enquanto eu andar distraído...”.
A propósito dessa polêmica sobre a Portaria
1.129 MT, sobre a qual a mídia engajada no “Projeto Fora Temer” está dizendo
mentiras aos borbotões, estou preparando um texto bem pesquisado e fundamentado
a respeito.
Além disso, como não apareceu ainda um grande
nome da Economia para explicar o alcance benéfico (embora de maturação muito
lenta, que se dará ao longo dos próximos cinco anos) da substituição da TJLP
pela TLP, eu, mesmo não sendo economista, vou meter meu bedelho para mostrar
que mudança maravilhosa advirá do que parece ser apenas uma simples troca de
letrinhas.
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