TEMPO DE
EMPISTEMOFOBIA
Rui Martinho Rodrigues*
Fobia era uma patologia psiquiátrica. Foi
aplicada à agressividade contra estrangeiros e passou a designar conceitos
conservadores. É perigoso “patologizar” ideias políticas e valores morais. Isso
foi adotado até em texto legal. Não gosto, mas, diante do fato consumado, vou
usar o sufixo.
Conceitos conservadores são rotulado como
“fobia” ou “pré-conceito”, embora se trate de juízo – certo ou errado – formulado
depois de conhecer a realidade. As garantias do devido processo legal são confundidas
com defesa de corrupto.
Provas fundadas na lógica formal são descartadas
como “ilações” e “perseguição” a um personagem ou a um partido. Arguem
seletividade das investigações. Não importa que existam provas da mesma
natureza suficientes para condenar todos os atores e agremiações políticas
relevantes. Dizer que é preciso punir os corruptos para salvar as instituições,
mas que não devemos destruir as instituições para combater corruptos, é uma afirmação que escapa ao
entendimento de muitos.
Interesses corporativos, cegueira ideológica e
ignorância, inclusive de doutores, são a receita da “epistemofobia”, ou horror à
razão. Idade mínima para aposentadoria é tratada sem a menor consideração pelos
cálculos atuariais. Créditos reivindicados pela previdência são apresentados
como favas contadas.
Não se pondera que a cobrança se arrastará por
décadas e poderá ser negada pelo Judiciário; que alguns deles sejam de devedores
que já não existem; ou que receitas dessa natureza são episódicas, não servem
para o equilíbrio financeiro.
Já se fez tese para dizer que a vinculação de
grande parcela das receitas públicas para financiar gastos, que não param de
crescer desde 1989, configura superávit
previdenciário. Que essas receitas são dispensáveis aos investimentos que já não temos condições
de bancar. Confunde-se déficit
primário com déficit secundário,
dizendo que a desvinculação de receitas da União (proposta no governo anterior)
é para pagar juros, quando temos déficit
primário astronômico (aquele calculado antes das despesas financeiras).
Hoje só se sabe rotular argumentos como de “direita”, de “esquerda” ou assemelhado, sem saber o que sejam tais carimbos.
O horror à razão é uma verdadeira
“epistemofobia”.
Porto Alegre, 03 de setembro de 2017
OBS. Ilustram a matéria grandes pensadores da humanidade: Descartes, Einstein, Confúcio, Sartre, Rousseau, Tomás de Aquino, Voltaire, Sócrates, Nietzsche e Schopenhauer.
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