O açude Castanhão pede socorro
Por Cássio Borges*
Publicado em
26/09/2013 - por Roberto Moreira
A propósito do que foi publicado na coluna do eminente jornalista
Egídio Serpa, do Diário do Nordeste do dia 16 último, quandio ele diz que
“Há um crescente processo de eutrofização das águas do Açude Castanhão,
em consequência do qual tem morrido grande quantidade de peixes –
principalmente a tilápia, que é a espécie criada ali de modo intensivo sem os
cuidados ambientais necessários”, ao enviar a referida matéria para o Dr.
Jarbas Studart Gurgel, conceituado técnico do DNOCS na área de piscicultura,
recebi dele o seguinte atencioso comentário:
“Obrigado, caro Cássio, pela notícia
veiculada na coluna do Egídio Serpa sobre a mortandade de tilápia no açude
Castanhão. Não é a água do açude a responsável pela morte dos peixes, mas
a ganância dos aquicultores com o cultivo da tilápia em tanques redes,
cuja densidade de estocagem está sendo superdimensionada, principalmente nesta
época do ano, cujo volume d’água represada baixo afeta a sustentabilidade
do ambiente. A água não fica contaminada por estar rica de nutrientes, uma
característica do processo natural da eutrofização que pode ser revertido com a
chegada do inverno, com a melhoria do índice do tempo de residência do idm.
O que se deve
fazer para evitar uma catástrofe é reduzir a taxa de estocagem dos tanques
redes e não dar comida aos peixes, deixando que eles se alimentem naturalmente.
O ganho de peso passa a ser menor, mas é melhor do que haver uma depleção total
dos estoque dos tanques pela mortandade, já que no estado atual do açude
eles podem ser comparados a verdadeiras câmaras de gás, com irrupção de
um ictioholocausto de um momento para outro. Nem os 2.000 cientistas, de 80
países, que chegarão em breve aqui para discutir a aplicação de biotecnologias
aplicadas à piscicultura, encontrarão uma solução para o problema, mas a
mais viável de todas é soltar todos os peixes que vivem confinados nessas
câmaras de gás mortífero.”
O autor desta denúncia, Oswaldo Carioca, que comanda a preparação do 16º
Simpósio Internacional de Biotecnologia que será realizado em Fortaleza, na
coluna do jornalista Egídio Serpa sugeriu a intervenção do DNOCS e de
seus competentes técnicos para solucionar urgentemente este problema.
Nesta oportunidade, quero enfatizar a importância do DNOCS para todo
o Nordeste, não só na área da piscicultura, fundamental para a oferta de
proteína animal para as populações sertanejas, como na gestão
dos recursos hídricos de nossa Região, da qual ele é pioneiro em regiões
semiáridas do planeta.
Parafraseando o jornalista Egídio Serpa, eu diria que não só o Açude
Castanhão está pedindo socorro, mas toda a população nordestina também,
exigindo das autoridades que aquele Departamento Federal volte
urgentemente às suas atividades, pois que de tantos erros inconcebíveis
que se têm cometido aqui mesmo no Estado do Ceará na área de recursos
hídricos, cada vez mais fico convencido que ele é absolutamente
imprescindível para a nossa Região.
De uma coisa estou plenamente convicto: o Estado do Ceará, mesmo com
o Açude Castanhão sendo “um mar de água”, como afirmam os que o
visitam, não está em condições de resistir a mais um ano de seca, podendo
ser destruída, como disse o Dr. Flávio Saboia, Presidente da Federação da Agricultura
do Estado do Ceará-FAEC, “todas as
atividades agropecuárias sem previsão de recuperação a curto prazo”.
Na minha ótica, com os conhecimentos que tenho do DNOCS e da Região
Nordestina, posso afirmar que as coisas não vão bem. É preciso que as
autoridades lidem com maior seriedade com este tema das secas e da
água em nossa Região. O urgente fortalecimento do DNOCS está incluído
neste contexto.
*Cássio Borges é Engenheiro
e Membro Honorário da ACLJ
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