ORAÇÃO – SILÊNCIO E RECOLHIMENTO
Por Vianney Mesquita*
(Extraído de www.vianneymesquita.blogspt.com)
Segundo o
conceito mais geral e notório, oração corresponde à elevação da alma e do
coração a Deus, a fim de adorá-lO, agradecer-Lhe e dEle solicitar as graças de
que todos necessitam.
Em ideia
semelhante, denota a súplica destinada aos santos, com o escopo de rogar-lhes,
como entes que já privam da Presença Divina, a intercessão, junto ao Criador,
para que Ele aceda aos pedidos de cada qual, desde que procedentes e justos:
“Vosso Pai sabe o que vos é necessário, primeiro que vós lhO peçais”.(Mt. 6-8)
Com efeito,
para a súplica ser integral e efetiva, é absolutamente indispensável uma
circunstância especial: haver SILÊNCIO e RECOLHIMENTO. Impõe-se, portanto,
antes de tudo, se aquietar o espírito, sossegar o transporte e a têmpera da
alma, por via da tranquilidade, com vistas a se instalar a meditação sob
quietude completa.
Afigura-se
realmente impossível uma pessoa orar ao ritmo da celeuma e ao compasso do
ruído, quando da comunicação com o Pai e os seus eleitos. A prece jamais poderá
suceder, efetivamente, sem o recato espiritual, na ausência de SILÊNCIO
absoluto e RECOLHIMENTO perfeito.
O tempo
durante o qual se permanece no templo antes de iniciar o ministério da Santa
Missa é a ocasião ensejada para se aprestar a ambiência de oração, aprontar o locus da paz e quietação e
completar o diálogo com Deus na plenitude.
É por demais
recorrente, entretanto, no interior de nossas igrejas, capelas, santuários e
afins, o fato de os fiéis demandarem os requisitos do SILÊNCIO e do RECOLHIMENTO
e não lograrem sucesso em tal pretensão, em virtude da interferência de
cochichos e colóquios, até em tons elevados, por parte de seus vizinhos,
cobrindo todo tipo de assunto, desde os temas domésticos e as fofocas até o
futebol.
Resta, então,
por conseguinte, inviabilizada a condição propícia à conversação transcendente,
configurada nas preces, para recepcionar a celebração do Ofício Divino.
Não será,
entretanto, o cumprimento sóbrio, a vênia ou reverência discreta, a obstarem um
bom estado de oração -- isso é admissível. Contrario sensu, a zoada e a sibilação constantes, denotativas
de uma insuficiente urbanidade – estas, sim – é que atalham os pensamentos de
quem pretende e precisa rezar, confundindo o entendimento comunicacional com as
Pessoas do Alto e baldando o ideal de quem se dirigiu à Igreja com o objetivo
de agradecer, pedir perdão, implorar por quem se finou e tantas outras
rogativas de que o ser humano é carecente.
Respeitemos,
pois, o fiel cristão que intente estabelecer ligação pacífica e sem arruídos
com Deus e os seus santos, colaborando ao fazer SILÊNCIO – este que, na dicção
do escritor e político espanhol Luiz Araquistain, é o pai da meditação, que é a
mãe da crítica, e esta, por sua vez, é a madrasta do pessimismo.
Reverenciemos,
pois, esses irmãos que desejam orar e não podem, em virtude do pouco caso,
dessa indiferença em relação a eles, das conversas travadas em fala alta na
intimidade da Igreja, impedindo os liames que cogitam estabelecer com o Pai
Celeste e as almas nEle santificadas.
Tenhamos,
por conseguinte, na devida conta o fato de que a ORAÇÃO efetiva solicita a
circunstância primordial do
SILÊNCIO e do RECOLHIMENTO!
*Vianney Mesquita
Membro Emérito da ACLJ
Titular da Cadeira de Nº 22
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