EDIFICAÇÃO DE UM LIVRO
Por Vianney Mesquita*
Edificar uma obra, por
meros que se mostrem seus teores, não constitui operação muito simples.
Trabalhado por dezenas
de cabeças, duplicado número de mãos e muitas naturezas em pensamento, o livro,
a despeito das facilidades da editoração moderna, sempre ensejará algo a
desejar. Isto em virtude daquela heterogeneidade de operações que o tornam
fruto de uma coletividade constituída pelas pessoas que carinhosamente o
constituíram.
Neste
passo, não sei mais asseverar se o autor, melhor expressando, a pessoa que teve
a conceição intelectiva da obra, é, em real, o componente mais relevante desta
complicada, custosa e dulcíssima empresa.
Há,
para o alevantamento de uma obra escrita, vera convergência de forças, para,
uma vez juntadas todas as pedras do casse tête, chegar-se à consecução da sua
finalidade.
Pois
é, meus amigos, -- muitos dos quais estudados neste volume – é neste emaranhado
de ideias que, numa teia enredada de intenções que os equívocos podem se
mostrar, máxime para o leitor mais apurado, como o são vocês aqui à minha
frente, componentes do alto clero do nosso Vaticano acadêmico que, felizmente,
é a Universidade Federal do Ceará.
É,
às vezes, o viés do autor, pretensa principal figura da empreitada; são suas
proposições equívocas, arrimadas em vertentes também falazes, indutoras
compulsórias ao engano; é a multiplicidade de procedimentos, uns editoriais,
outros plásticos, e, muitos outros, gráficos; são as incursões do autor ao
original, modificando, mexendo, entrelinhando o texto, introduzindo adendas,
transmudando a versão anterior.
É
nesta baralhada toda que a obra enseja o registro de erros, rarissimamente
nenhum, nas mais das vezes, muitos e, recorrentemente, alguns.
Muitos
editores e operadores gráficos já asseveraram, e com certa razão, o autor como
a pessoa que mais atrapalha a obra. Para alguns, melhor seria que as produções
gráficas não tivessem autores. E estou ciente desta verdade sem sofismas.
Não
fosse assim, contudo, não haveria emprego para os críticos – esses arquitetos a
posteriori, que desmancham as obras e, ao remontá-las, sobram esses parafusos
da capa, que a diligência e o zelo artístico do professor e acadêmico Geraldo
Jesuíno da Costa retrataram na capa deste arremedo editorial que nos traz a
todos a esta reunião.
Conquanto
seja fato latente na execução de qualquer trabalho editorial, impende-me
evidenciar a coautoria de editor, capista, revisores, gráficos, bibliotecários,
digitadores, amigos e conselheiros – bons muitos, insuportáveis outros – para
se poder perlustrar ínvios quanto livres caminhos, a fim de cumprir um
desiderato antropológico – de a pessoa humana deixar marca por onde transita (non omnia moriar, Ovídio).
Assim
é, pois, este livro, com o qual me afanei em dias às centenas e, durante
milhares de horas, tiradas do descanso corporal para labor do espírito.
Ele
foi preparado de sobremão, com estreme e honesto cuidado, embora, me inserindo
na condição de mortal, explique, sem querer justificar, alguns lapsos que poderão
estar aqui expressos. O comediante latino Terêncio defende-me: Homo sum. Humani nihil a me alienum cogito
(Sou homem. E nada reputo a mim alheio do que é humano).
Se,
no entanto, não logrei que este volume se compadecesse à expectativa do meu
público, restou a intenção, decerto,
nobilitante, de tê-lo desejado fazer.
Jornalista Leda Maria,
Professor Liberal de Castro,
Professor Vianney Mesquita,
Jornalista Paulo Tadeu
e Professor Souto Paulino
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