RECORDAÇÕES DE
UM PROMOTOR (II)
Jo Gu Bas*
REGRESSANDO a Pacoti, após um ano, convocado pela Procuradoria Geral
da República, foi-me aberta “vista” de um inquérito policial que apurara o
homicídio de uma senhora grávida e seus quatro filhinhos (o maior tinha seis
anos de idade) encontrados sem vida, lado a lado, “dormindo” em pequenas camas.
Bem perto, num papel de embrulho assinado pelo médico que atendia a toda serra,
a causa mortis: envenenamento. Era acusado o marido, conhecido por “Cabo
Neo”, assim nominado por prestar serviços à delegacia de Polícia. Tinha chaves
da cadeia em mãos.
LEVADO a julgamento pelo Tribunal do Júri, insistiu na negativa dos
crimes, tese que seu advogado, o deputado Antônio Barros dos Santos, teve que
apresentar. Do julgamento, condenado a vinte e cinco anos, a defesa não recorreu.
O réu após três meses fugiu da prisão, jurando vingar-se deste Promotor que “vos
fala”. Foi parar no município de Crateús, juntando-se a seus colegas
consumidores e vendedores das “ervas malditas”. Suas ameaças não se
concretizariam, pois por eles foi assassinado.
OUTRO CRIME que causou revolta geral foi o do professor Samuel. Um
aluno, revoltado pelas baixas e justas notas de reprovação, atocaiou o mestre numa
das inúmeras curvas do serrote por onde costumeiramente passava, derrubou-o e
desferiu-lhe vinte e quatro foiçadas. Dias, semanas, meses, anos se passaram, e
o assassino nunca foi encontrado. Desta feita, o brocardo de que a “Justiça
tarda, mas não falha”, não funcionou.
A ESCOLHA para exercer o múnus ministerial, nascida do desejo de
fazer a Justiça chegar às classes menos favorecidas, serviria também para dar
mais conforto à família, que estava se formando. O salário de jornalista e os
poucos “biscates” do início da advocacia seriam substituídos pelos proventos da
promotoria de Justiça. Ledo engano, pois vieram a atrasar o pagamento por seis
meses, durante dois anos.
A VIDA dos serranos (muitos eram funcionários públicos) baseava-se
na venda de frutas, em especial bananas, foi muito difícil, durante alguns
anos. Necessitavam de um alento. Em conversa com o Juiz de Direito Adalberto
Barros Leal, indaguei se teria seu apoio realizando um Festival de Banana, e
que podia procurar o jornalista Stênio Azevedo, conhecido pelos concursos de
Miss Ceará. A festa reuniu a população da serra e alegria voltou ao semblante
de todos.
PRECISAMOS de festas para tentar esquecer, ou fazer de conta, dos
Covids e assassinatos, em que se destacam os feminicídios que tanta tristeza e
revolta trazem aos filhos desta outrora denominada Terra da Luz. E,
principalmente, não esquecer dos Dez Mandamentos e obedecê-los.
DEUS não abandonará seus filhos.
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