A HISTÓRIA E O DESAFIO DO CONTEMPORÂNEO
Luciara Aragão*
A História deixa de
ser uma ciência serena e indiferente. Ela se abre ao processo contemporâneo
onde se torna um expressão (Ariès, Philippe 1989) e como todos os estudiosos,
os historiadores percebem o desafio imposto pela globalização, o processo
tecnológico, o governamental e por temas
sensíveis como o espaço das negociações entre os Estados e como segurança nacional.
O historiador trabalha de modo a responder às
inquietações repartidas de seus contemporâneos com a ótica do passado ligada a
seu presente. Ele sabe que a possibilidade de um mundo sem fronteiras, permeou
as cruzadas na Idade Média, marcou o final do Século XIX com o imperialismo sob
a dominação da cultura europeia e embalou sonhos da esquerda marxista de Rosa
de Luxemburgo a Trotsky.
Sabe também que “modernidade”
não é uma palavra nova e que ela surge como o triunfo da Razão, capacitando o
homem, centro da História, a racionalização e a subjetivação de suas ações. (Gadelha,
Regina, p.256, 1998). É como se esta palavra significasse o poder de
representar toda a destruição da ordem antiga (Touraine, Alain. p.12,1992).
Ao mesmo tempo, habituado com os ciclos de
longa duração de Braudel, o historiador reconhece na denominação “globalização
da economia”, a mesma “Economia Mundo” como a tratava Braudel a nos ensinar que
a história do Capital é a longa história, a história profunda. Está compreendida
em sua evolução centenária, priorizando o trend, um movimento de longa duração,
nos novos enfoques de concepções históricas no La Méditerranée quando ele renova
os métodos historiográficos tradicionais. Visão de uma Economia que nasce para
o Ocidente já desde a expansão ultramarina portuguesa crescendo ao longo do Século
XVI e seguintes.
O fascínio dos
importados, a maleabilidade dos processos produtivos, a incorporação de novas
tecnologias e facilidades de consumo, tornam evidente em nossos dias, as igualdades
e diferenças emergindo das questões locais. Quando a Comunidade Europeia
incentiva as relações entre cidades, sem a mediação do Estado Nacional, permite
propostas criativas dos municípios no construir da dimensão pública da
sociedade com um padrão básico de cidadania. Aspecto precioso para trazer
mudanças a direitos efetivos da população, dando ao historiador a perspectiva
de novas abordagens para sua análise.
As análises de um
poder político fixado sob o consenso social do Estado como gerenciador da economia
nacional, podem ser postas em cheque com a expansão capitalista, fragilizando a
crença no controle da política econômica e nas ligações entre políticas
econômicas nacionais e a expansão mundial do capitalismo. Repensar o processo de
sustentação do Estado Nacional com a sociedade engloba aspectos econômicos,
sociais e políticos e o cumprimento dos direitos inerentes à cidadania.
Historicamente, o
enfraquecimento do Estado – Nação cede poder e perde função para instituições
supranacionais e anula os seus privilégios outorgando espaço ao capital
privado. Os processos simultâneos da globalização como as bandeiras internacionais
do meio ambiente, direitos humanos e comunicações como a internet, geram mundialização
das notícias e influenciam opiniões, manifestando poder acima dos partidos
políticos.
Olhando para o
passado, observamos que o dinamismo da História não permite o ad infinitum das situações. De positivo, a convicção de que isoladamente, “a expansão do
capitalismo não é propriamente o ator principal da História” (Frota, Luciara. p
102. Brasilia, 1995), ou como nos assegura uma frase do Manifesto Comunista de
Marx e Engels, no livro de Marshall Berman,
na sua história crítica da modernidade , com vários autores e suas
épocas, indo de Goeth as vanguardas do século passado, “tudo que é sólido se
desmancha no ar” (Cia, das Letras, SP. 1981).
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