sábado, 1 de agosto de 2020

ARTIGO - A História e o Desafio do Contemporâneo (LA)


A HISTÓRIA E O DESAFIO DO CONTEMPORÂNEO
Luciara Aragão*


A História deixa de ser uma ciência serena e indiferente. Ela se abre ao processo contemporâneo onde se torna um expressão (Ariès, Philippe 1989) e como todos os estudiosos, os historiadores percebem o desafio  imposto pela globalização, o processo tecnológico, o  governamental e por temas sensíveis como o espaço das negociações  entre os Estados e como segurança nacional.

 O historiador trabalha de modo a responder às inquietações repartidas de seus contemporâneos com a ótica do passado ligada a seu presente. Ele sabe que a possibilidade de um mundo sem fronteiras, permeou as cruzadas na Idade Média, marcou o final do Século XIX com o imperialismo sob a dominação da cultura europeia e embalou sonhos da esquerda marxista de Rosa de Luxemburgo a Trotsky.

Sabe também que “modernidade” não é uma palavra nova e que ela surge como o triunfo da Razão, capacitando o homem, centro da História, a racionalização e a subjetivação de suas ações. (Gadelha, Regina, p.256, 1998). É como se esta palavra significasse o poder de representar toda a destruição da ordem antiga (Touraine, Alain. p.12,1992).

 Ao mesmo tempo, habituado com os ciclos de longa duração de Braudel, o historiador reconhece na denominação “globalização da economia”, a mesma “Economia Mundo” como a tratava Braudel a nos ensinar que a história do Capital é a longa história, a história profunda. Está compreendida em sua evolução centenária, priorizando o trend, um movimento de longa duração, nos novos enfoques de concepções históricas no La Méditerranée quando ele renova os métodos historiográficos tradicionais. Visão de uma Economia que nasce para o Ocidente já desde a expansão ultramarina portuguesa crescendo ao longo do Século XVI e seguintes.

O fascínio dos importados, a maleabilidade dos processos produtivos, a incorporação de novas tecnologias e facilidades de consumo, tornam evidente em nossos dias, as igualdades e diferenças emergindo das questões locais. Quando a Comunidade Europeia incentiva as relações entre cidades, sem a mediação do Estado Nacional, permite propostas criativas dos municípios no construir da dimensão pública da sociedade com um padrão básico de cidadania. Aspecto precioso para trazer mudanças a direitos efetivos da população, dando ao historiador a perspectiva de novas abordagens para sua análise.

As análises de um poder político fixado sob o consenso social do Estado como gerenciador da economia nacional, podem ser postas em cheque com a expansão capitalista, fragilizando a crença no controle da política econômica e nas ligações entre políticas econômicas nacionais e a expansão  mundial do capitalismo. Repensar o processo de sustentação do Estado Nacional com a sociedade engloba aspectos econômicos, sociais e políticos e o cumprimento dos direitos inerentes à cidadania.

Historicamente, o enfraquecimento do Estado – Nação cede poder e perde função para instituições supranacionais e anula os seus privilégios outorgando espaço ao capital privado. Os processos simultâneos da globalização como as bandeiras internacionais do meio ambiente, direitos humanos e comunicações como a internet, geram mundialização das notícias e influenciam opiniões, manifestando poder acima dos partidos políticos.

Olhando para o passado, observamos que o dinamismo da História não permite o ad infinitum das situações. De positivo, a convicção de que isoladamente, “a expansão do capitalismo não é propriamente o ator principal da História” (Frota, Luciara. p 102. Brasilia, 1995), ou como nos assegura uma frase do Manifesto Comunista de Marx e Engels, no livro de Marshall Berman,  na sua história crítica da modernidade , com vários autores e suas épocas, indo de Goeth as vanguardas do século passado, “tudo que é sólido se desmancha no ar” (Cia, das Letras, SP. 1981).


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