SE FICAR O BICHO PEGA...
Rui Martinho Rodrigues*
Há circunstâncias em que escolhas possíveis ocasionam prejuízos. A
sabedoria popular as descreve dizendo que se correr o bicho pega, se ficar o
bicho come.
O coronavirus tem infectividade elevada, que é poder de contágio. Tem
patogenicidade baixa, ensejando grande número de infectados assintomáticos, que
permanecem socialmente ativos, contagiando pessoas. Tem virulência suficiente
para ocasionar quadros clínicos severos na grande parcela da população fragilizada
por comorbibidades ou pelo envelhecimento.
O mundo globalizado, marcado por grande mobilidade geográfica e pelo
adensamento populacional das grandes cidades são fatores que levaram alguns
pesquisadores a manifestar preocupação, com bastante antecedência, com o
potencial de pandemia dos vírus do gênero, família ou classe, seja qual for a
taxionomia, coronavirus.
Idosos, imunodeprimidos, como transplantados, HIV positivos,
diabéticos, cardiopatas, asmáticos e outros, formam um contigente de grandes
proporções. Daí a farta colheita das Parcas.
Uma canção infantil dizia que:
“Uma vez três rapazinhos / se perderam no caminho / quando viram no fim
da estrada / apareceu um lobisomem / o primeiro fugiu correndo/ o segundo subiu
num cercado / o terceiro ficou tremendo/ foi pegado e devorado”.
A sabedoria era procurar abrigo ou fugir, sob pena de ser devorado.
Se ficar o bicho come. O mundo decidiu não ficar parado. Correr, no caso, é
ficar parado como proteção.
O dia em que a terra parou, de Raul Seixas, tornou-se realidade.
Pararam ou reduziram drasticamente o movimento escolas, teatros, cinemas,
circos, bares, transporte público, restaurantes, campeonatos, tudo. Entretenimento,
cultura, indústria, transporte, comércio.
Até o Congresso parou. Fronteiras internacionais e divisas
interestaduais foram fechadas. Ficar parado, ficar em casa, adquiriu o sentido
de fugir correndo. Afinal, ficar tremendo é esperar para ser devorado. Se ficar
o bicho come.
Desemprego, corte parcial de salários, queda do consumo de bens e
serviços, pagamento de prestações da casa própria, aluguéis, tributos, conta de
luz e água, tudo adiado. Taxa condominial? Não sei. A União é chamada a suprir
os problemas de caixa do dia em que a terra parou, socorrendo assalariados,
empresas, estados federados e municípios. Faltou alguém?
Sim. Quem socorrerá o caixa da União, o grande Leviatã? O aumento
da dívida é a saída? Quem irá financiá-lo? Baixaram os juros. Há candidatos a
mutuantes do erário quebrado e a juros baixos? Os juros voltarão a subir, em
algum momento? A recessão global diminuirá as exportações. O câmbio subirá mais
ainda? Desvalorização cambial e juros, mais déficit público gigantesco lembram inflação.
Haverá emissão para “cobrir” o déficit?
As respostas a estas e outras indagações são necessárias para que a
solução de “fugir correndo” não corresponda a parte da parêmia que diz: se
correr o bicho pega. É preocupante que até agora não tenham sido dadas
explicações indicativas das soluções que impedirão o bicho de nos pegar.
Somas muito elevadas são mencionadas como parte da solução.
Problemas são dados como mitigados pelo uso da cifras aludidas. Discute-se quem
deve ser socorrido, quanto deve ser usado para socorrer.
O problema prático, porém, exige, para ser resolvido, resposta para
duas perguntas: qual será o custo? De onde vira o dinheiro? A primeira parte
tem sido tratada com muita desenvoltura. Falta esclarecer a segunda questão.
Ninguém responde. Todos temem ser apontados como argentário, impiedoso, cruel.
Há quem fale, todavia, limitar as medidas aos grupos vulneráveis, mitigando o
impacto econômico e social.
COMENTÁRIO
Nós estamos vivendo duas hecatombes ao mesmo tempo, ambas mortais e
crescentes. Uma imediata e a outra de efeito retardado.
As pessoas do público, e do grupo de risco, estão pensado em se
proteger de uma das duas desgraças que nos ameaçam: a doença.
Mas os políticos já estão enxergando o outro monstro que vai se
seguir à pandemia. É a falência econômica das empresas e dos países, o colapso
dos meios de produção de bens da vida, o desabastecimento... a fome.
Os pequenos empresários, os empregados, os autônomos, esses já
estão vivenciando essa segunda tragédia, diante da política de confinamento
doméstico: não terão como sobreviver nos próximos meses.
A maior mortandade que o vírus vai causar nos países mais atingidos
talvez chegue a dez mil pessoas. A Itália já passou dos seis mil, mas o gráfico
está entrando em declínio.
Acontece que, por mais dramático que isso possa ser, um crash
econômico mundial, por seu turno, vai matar milhões, como já aconteceu nas
grandes guerras e nas pestes.
Eu não sei se o Bolsonaro, do ponto de vista estratégico, deveria dizer o que diz, nem se deveria dizer como diz, nem se deveria dizer agora, mas ele não quer dizer que a pandemia não é grave.
Eu não sei se o Bolsonaro, do ponto de vista estratégico, deveria dizer o que diz, nem se deveria dizer como diz, nem se deveria dizer agora, mas ele não quer dizer que a pandemia não é grave.
Ele está tentando dizer que a profunda depressão econômica em que o
País vai mergulhar, pela política do confinamento domiciliar, vai matar muito
mais gente.
Os funcionários públicos ainda têm a ilusão de que não lhes vão faltar o pão, a água encanada, a luz elétrica, a gasolina.
Mas o Governo já está falando em reduzir o salário de servidores, para socorrer, não só os doentes, mas os falidos e os desempregados.
Mas o Governo já está falando em reduzir o salário de servidores, para socorrer, não só os doentes, mas os falidos e os desempregados.
De fato, se a depressão se abater sobre o País, mesmo os ricos
podem chegar ao ponto de não ter o que comprar com o seu dinheiro acumulado.
As saídas são fazer políticas inteligentes que prestem socorro aos
meios de produção, e a descoberta de vacina e remédio específicos para a
doença, antes que a penúria se agudize.
Enquanto isso, as esquerdas e as empresas da imprensa marrom, ameaçadas de falência pelo corte de verbas e de favores públicos, estão tentando se aproveitar da situação para desestabilizar o Governo e apear Bolsonaro da presidência.
Enquanto isso, as esquerdas e as empresas da imprensa marrom, ameaçadas de falência pelo corte de verbas e de favores públicos, estão tentando se aproveitar da situação para desestabilizar o Governo e apear Bolsonaro da presidência.
Isso pode causar uma terceira tragédia nacional, neste momento
agudo da Nação e do mundo, que seria uma convulsão política, uma lacuna administrativa,
uma crise republicana, um vácuo de poder, uma virada autoritária no Brasil.
Que Deus se apiade de nossas almas.
Reginaldo Vasconcelos
Inspirado o Professor Rui. Mas eu, euzinho, prefiro mais a composição S.O.S. do Raul: “Oh! Oh! Seu moço! / Do disco voador / Me leve com você / Pra onde você for / Oh! Oh! Seu moço! / Mas não me deixe aqui / Enquanto eu sei que tem / Tanta estrela por aí”.
Luiz Rego
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Inspirado o Professor Rui. Mas eu, euzinho, prefiro mais a composição S.O.S. do Raul: “Oh! Oh! Seu moço! / Do disco voador / Me leve com você / Pra onde você for / Oh! Oh! Seu moço! / Mas não me deixe aqui / Enquanto eu sei que tem / Tanta estrela por aí”.
Luiz Rego
Inspirado o Professor Rui. Mas eu, euzinho prefiro mais a composição S.O.S. do Raul:
ResponderExcluirOh! Oh! Seu moço!
Do Disco Voador
Me leve com você
Pra onde você for
Oh! Oh! Seu moço!
Mas não me deixe aqui
Enquanto eu sei que tem
Tanta estrela por aí