quinta-feira, 19 de março de 2020

CRÔNICA - Em Meio À Pandemia (ES)


Em meio à Pandemia
Edmar Santos*


 – Pedro, vê se você toma cuidado. Essa pandemia do coronavirus está a cada dia se agravando.

 – Eu sei. Mas a ciência está muito evoluída, já criarão uma vacina que irá resolver. Os tempos são outros Antônio! Diferente do Século XIV, quando a “peste negra” assolou a Europa, por exemplo.

 – Ouvi falar nessa pandemia que você lembra agora. Àquela época, dizem, cerce de 200 milhões de pessoas morreram. Que tragédia, Pedro!

 – Bem verdade. Mas, como disse, a ciência hoje é incomparavelmente evoluída. Devemos confiar, Antônio, meu caro amigo. Até porque, a internet hoje em dia nos traz muitas informações, e com uma velocidade que nos tempos antigos não se vislumbrava. No passado, a ausência ou lentidão na chegada de informações dificultava alertar a população sobre medidas a serem adotadas. Hoje não, está tudo à mão!

 – Sabe Antônio, acredito na ciência, sim. Mas talvez seja por só acreditar na ciência que muitos homens estejam se afastando de Deus, e tornando o mundo pior que antes. Progredimos em ciência e tecnologia, bem verdade! Mas temos regredido em humanização e cuidados com a natureza. Assim eu penso.

 – Concordo. Você bem sabe que dediquei minha vida à ciência e à visão positivista dos fenômenos do mundo. E pensar que hoje meu espírito, que tanto tempo andou incrédulo quanto à existência de Deus, agora prefere não mais seguir tão cegamente os homens da ciência, sem antes saber quais suas condutas e personalidades, como se conduziram em suas vidas, e, principalmente, em como se referiam aos outros. Tornei Jesus minha “chave hermenêutica” para, a partir dEle, tudo avaliar. Sua conduta e ensinamentos são a melhor referência humana que se pode ter.

 – Nossa, Pedro! Que belas palavras, meu nobre amigo. Estou feliz que você tenha chegado a esse posicionamento. Realmente, sempre há tempo para um homem se rever. É necessário entender que o homem é um ser dotado de corpo físico e de razão, mas que também é movido por uma alma e um espírito que o transcende e o eleva ao metafísico. A fé nos dá sentido à vida!

 – Sim, a fé! Fui levado a concordar com Liev Tolstoi quando disse que “ficou claro que dizer ‘que no espaço e no tempo infinitos tudo se desenvolve, se aperfeiçoa, se torna mais complexo, se transforma’ é o mesmo que dizer nada”. Não explica o sentido da vida.

 – Amigo e irmão Pedro. Tolstoi sentiu a dor de abandonar, ainda que em parte, a rigidez da racionalidade científica, em sua época, adstrita às elites, para ver que a fé estava expressa no modo de vida pobre e ignorante dos Mujiques, os paupérrimos de sua sociedade. Nesse momento ele percebeu que apenas pela fé vivenciada é que aquele povo conseguiu continuar vivendo; sobrevivendo. “Toda resposta da fé dá um sentido infinito à existência finita do homem – um sentido que não é destruído pelos sofrimentos, pelas privações e pela morte”.

 – Tenho que concordar, pois passei a vivenciar, e por isso mesmo, a conviver melhor comigo mesmo, com os outros e com o mundo. Continuarei irmanado com a ciência; os remédios são fruto da inteligência humana e me fazem bem. Aos 80 anos de idade que agora me encontro, achei um tempo para me rever e me aproximar de Deus. Ser seu filho pela fé me traz paz.

 – Nossa conversa começou com o tema coronavirus, Antônio, acabou por uma longa história de fé!

 – Mas é simples o desfecho, irmão Pedro: Façamos o que as autoridades da ciência nos recomendam fazer; eles possuem a inteligência científica inspirada por Deus, ainda que nem todos creiam nisso. E oremos para que o Altíssimo nos alivie, inspirando neles a criação de uma vacina para esse mal. E nos perdoe!


 COMENTÁRIO

Excelentes comentários,  sem falarmos no interessante artigo EM MEIO À PANDEMIA do Acadêmico Edmar Santos a quem envio os meus parabéns. O blog também merece os melhores elogios.

Cássio Borges 

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