Em meio à Pandemia
Edmar Santos*
– Pedro, vê se você toma cuidado. Essa
pandemia do coronavirus está a cada dia se agravando.
– Eu sei. Mas a ciência está muito evoluída,
já criarão uma vacina que irá resolver. Os tempos são outros Antônio! Diferente
do Século XIV, quando a “peste negra” assolou a Europa, por exemplo.
– Ouvi falar nessa pandemia que você lembra
agora. Àquela época, dizem, cerce de 200 milhões de pessoas morreram. Que
tragédia, Pedro!
– Bem verdade. Mas, como disse, a ciência hoje
é incomparavelmente evoluída. Devemos confiar, Antônio, meu caro amigo. Até
porque, a internet hoje em dia nos traz muitas informações, e com uma
velocidade que nos tempos antigos não se vislumbrava. No passado, a ausência ou
lentidão na chegada de informações dificultava alertar a população sobre
medidas a serem adotadas. Hoje não, está tudo à mão!
– Sabe Antônio, acredito na ciência, sim. Mas
talvez seja por só acreditar na ciência que muitos homens estejam se afastando
de Deus, e tornando o mundo pior que antes. Progredimos em ciência e
tecnologia, bem verdade! Mas temos regredido em humanização e cuidados com a
natureza. Assim eu penso.
– Concordo. Você bem sabe que dediquei minha
vida à ciência e à visão positivista dos fenômenos do mundo. E pensar que hoje
meu espírito, que tanto tempo andou incrédulo quanto à existência de Deus, agora
prefere não mais seguir tão cegamente os homens da ciência, sem antes saber
quais suas condutas e personalidades, como se conduziram em suas vidas, e, principalmente,
em como se referiam aos outros. Tornei Jesus minha “chave hermenêutica” para, a
partir dEle, tudo avaliar. Sua conduta e ensinamentos são a melhor referência
humana que se pode ter.
– Nossa, Pedro! Que belas palavras, meu nobre
amigo. Estou feliz que você tenha chegado a esse posicionamento. Realmente,
sempre há tempo para um homem se rever. É necessário entender que o homem é um
ser dotado de corpo físico e de razão, mas que também é movido por uma alma e
um espírito que o transcende e o eleva ao metafísico. A fé nos dá sentido à
vida!
– Sim, a fé! Fui levado a concordar com Liev
Tolstoi quando disse que “ficou claro que dizer ‘que no espaço e no tempo
infinitos tudo se desenvolve, se aperfeiçoa, se torna mais complexo, se
transforma’ é o mesmo que dizer nada”. Não explica o sentido da vida.
– Amigo e irmão Pedro. Tolstoi sentiu a dor de
abandonar, ainda que em parte, a rigidez da racionalidade científica, em sua
época, adstrita às elites, para ver que a fé estava expressa no modo de vida
pobre e ignorante dos Mujiques, os paupérrimos de sua sociedade. Nesse momento
ele percebeu que apenas pela fé vivenciada é que aquele povo conseguiu
continuar vivendo; sobrevivendo. “Toda
resposta da fé dá um sentido infinito à existência finita do homem – um sentido
que não é destruído pelos sofrimentos, pelas privações e pela morte”.
– Tenho que concordar, pois passei a
vivenciar, e por isso mesmo, a conviver melhor comigo mesmo, com os outros e
com o mundo. Continuarei irmanado com a ciência; os remédios são fruto da
inteligência humana e me fazem bem. Aos 80 anos de idade que agora me encontro,
achei um tempo para me rever e me aproximar de Deus. Ser seu filho pela fé me
traz paz.
– Nossa conversa começou com o tema coronavirus,
Antônio, acabou por uma longa história de fé!
– Mas é simples o desfecho, irmão Pedro:
Façamos o que as autoridades da ciência nos recomendam fazer; eles possuem a
inteligência científica inspirada por Deus, ainda que nem todos creiam nisso. E
oremos para que o Altíssimo nos alivie, inspirando neles a criação de uma
vacina para esse mal. E nos perdoe!
Excelentes comentários, sem falarmos no interessante artigo
EM MEIO À PANDEMIA do Acadêmico Edmar Santos a quem envio os meus parabéns. O
blog também merece os melhores elogios.
Cássio Borges
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