sábado, 28 de março de 2020

ARTIGO - Hamlet (HE)


HAMLET
Humberto Ellery*



HAMLET: Calúnias, meu amigo[...] porque se pudésseis ficar tão velho quanto eu, sem dúvidas andaríeis para trás, como caranguejo. POLÔNIO (`A parte): Apesar de ser loucura, revela método. A Tragédia de Hamlet, Príncipe da Dinamarca (Ato II, Cena II) William Shakespeare



A tragédia do Príncipe Hamlet, escrita por Shakespeare, conta sobre o assassinato do Rei Hamlet, envenenado  por seu irmão Claudio, que assim apoderou-se de duas Coroas: a do Reino da Dinamarca, e a Coroa “Gertrudes”, a Rainha, mãe do infeliz Príncipe Hamlet.

O fantasma do Rei aparece ao Príncipe, relata sobre o assassinato, e lhe cobra vingança, que mate seu tio, o agora Rei Claudio. Assustado com tamanha empreitada, inclusive sem saber como faria para cometer o regicídio, e para permanecer no palácio real (enquanto tramava o assassinato), resolveu fingir-se de louco, para afastar suspeitas.

O conselheiro real Polônio, encarregado de sondar o príncipe, percebe em uma conversa que, apesar de aparentemente louco, ele ainda preservava sua agudeza intelectual.

Estou me referindo a essa peça do Shakespeare, porque sua releitura me fez pensar num fato de hoje. É que nesses tempos de quarentena, tenho aproveitado o dolce far niente para dedicar-me ao “ócio criativo” (Domenico de Masi), embora às vezes eu pense que, de tão cheio, “o saco vai explodir” (perdoem a expressão vulgar, padrão Olavo de Carvalho). Pois é; só eu e Deus nesta casa, e Deus ultimamente não tem me dado muita atenção (culpa minha, não d´Ele), restam-me a TV, o computador e meus livros (sendo que a quase totalidade eu já li).

Sobre a Política, tema que sempre foi do meu agrado, onde inclusive militei por largos períodos de minha vida, recentemente resolvi parar de debater via Internet, por não suportar o ambiente de Coliseu Romano, onde todos querem ver sangue, onde as argumentações lógicas foram substituídas por agressões e insultos.

As redes (anti)sociais “deram voz a uma legião de imbecis” (Umberto Eco). A pluralidade de pensamentos e posicionamentos políticos foram substituídas por um radicalismo intolerante e intolerável, de uma violência verbal estúpida, onde duas seitas ferozes, os “bolsonáticos” e os “luloucos”, com cotoveladas, caneladas e até ameaças físicas expulsaram de campo os que apenas querem ter o direito de divergir.

Eu, que não sigo nem Lula nem Bolsonaro, não suporto esse maniqueísmo tosco, fiquei sem espaço. Nem quero disputar espaço nesse campo conflagrado. Vade retro!

Mas a quarentena, a releitura de Hamlet, e a enxurrada de bobagens que têm sido ditas me atraíram de volta.  E o que tem Hamlet e ver com o Presidente Bolsonaro? Lá vou eu!

O posicionamento do Presidente Bolsonaro, ao propor o fim da quarentena, indo de encontro aos mais respeitados especialistas médicos, o exemplo do Prefeito de Milão Giuseppe Sala, a própria OMS – Organização Mundial da Saúde, e o simples bom-senso, ergueram contra ele um clamor: “O homem tá louco!” Não sou Psiquiatra, não sou Psicólogo, nem tenho a sagacidade do Polônio, mas acho que pode até ser loucura, mas tem método.

Inclusive vislumbro uma inteligência superior por trás disso tudo. Talvez o ex-astrólogo, ex-islamita e escroque Olavo de Carvalho, o autointitulado filósofo, que é o Guru da Dinastia Bolsonaro. O “papagaio de prostíbulo” (mesmo quem não gosta dele reconhece) é muito inteligente, culto, e tem uma invulgar capacidade de convencimento, exímio argumentador.

Como diria Jack, The Ripper, vamos por partes:

Ato I, Cena I: O Presidente Bolsonaro convoca uma reunião para debater e tomar decisões sobre a Pandemia, e convida os Presidentes dos Poderes Judiciário e Legislativo e demais Instituições envolvidas. Estranhamente fala em união, respeito e cooperação de maneira calma, educada e serena. Assistindo àquela cena, pensei: Está querendo conquistar o eleitorado mais equilibrado, não vai consegui-lo, e vai perder apoio entre os pitbulls que o seguem nas redes (anti)sociais. Não deu outra, nos dias seguintes a mídia começou a divulgar seu “derretimento” nas redes.

Ato II, Cena I:  O filho zero dois, para estancar a sangria, certamente recorreu ao Guru da Virginia que traçou o roteiro. Sim, porque nem o zero um, nem o zero dois, nem o zero três, nem o próprio pai, o zero à esquerda, têm QI para tomar atitude tão esperta. 

Ato III, Cena I: Com aquela sua declaração estúpida, priorizando a salvação da Economia em detrimento da salvação de Vidas, o Zero à Esquerda conseguiu dois objetivos, a saber: Em primeiro lugar recuperou o apoio de seus pitbulls nas redes (anti)sociais, que o idolatram justamente por suas atitudes beligerantes e estúpidas, e, em segundo lugar, arranjou uma bela desculpa para o dantesco fracasso da sua condução da Economia, que já caminhava para o brejo (ver Pibinho, ver fuga de capitais externos, tudo anterior ao Coronavirus) e que a Pandemia só vai piorar, e muito. E a culpa será dos Governadores, como ele berrou no portão do Alvorada:  “Eles arrebentaram o País! É um crime!”.

Fecham-se as cortinas.


    

COMENTÁRIOS

Humberto Ellery, trazendo analogia com a obra Shakespeariana, está correto quando diz que as declarações de Bolsonaro foram deliberadas e teleológicas – embora não se possa dizer quem o aconselhou. Como diz o articulista, também não acredito que de fato ele pretendesse que não houvesse o isolamento social.

Ele sabia que, passada a pandemia, mesmo com alguns milhares de mortos no Brasil, a economia do País vai estar arrasada, e toda a Nação, com os seus 210 milhões de habitantes, sofrendo horrores e se queixando do Governo. Então ele poderá dizer: “Eu avisei. Tentei evitar. A culpa não é minha”. Essa crise pode vir a ser a segunda facada a atingir o Capitão, sem a qual talvez não tivesse sido eleito.

Mas Ellery lança um bumerangue, que volta contra ele, ao dizer que os adoradores do Lula e os defensores de Bolsonaro são violentos e agressivos, uns contra os outros. Acontece que ele mesmo, que não se inclui em nenhuma das duas categorias, usa uma metralhadora giratória verbal contra elas duas, tratando os de um lado de “luloucos” e os do outro de “bolsonáticos” – dentre outros impropérios. Não dá para fazer discurso pacifista lançando ofensas e brandindo armas.
Reginaldo Vasconcelos


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Eu não preciso gritar nem assumir uma entonação de voz de quem está cheio de ódio, como o locutor desse vídeo, que deve ter sido parido pelo “Gabinete do Ódio”, localizado no Palácio do Planalto e coordenado pelos “sangue do meu sangue”, Zero Um, Zero Dois e Zero Três, sob as bênçãos do “Zero à Esquerda”.

Mais uma vez vou repetir essa cantilena, até que todos os “bolsonáticos” entendam: A alternativa ao Capitão não é necessariamente o PT, o Lula ou a Dilma. Ouso dizer até que melhor que o Capitão seria o “Seu Ninguém” no Comando.

O “Seu Ninguém”, que não existe, portanto não faz nada, pelo menos livraria o Brasil de um agente “atrapalhador”, cheio de poder institucional nas mãos. O Brasil político não se resume a essa “escolha de Sofia”: Bolsonaro ou Lula. Graças a Deus!!! Com certeza uma solução Constitucional está posta. Sai o Capitão, entra o General, simples assim.
Humberto Ellery


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Pois é, pois é, pois é! Zero prá lá, zero prá cá, caiu um zero no chão (royalties para Didi Mocó Colesterol, Novalgino, Mofumbo), pró Lula e não é pró Mito. Tá mais prá samba do crioulo doido do que para Hamlet.
Luiz Rêgo (Luizão das Candongas)


Um comentário:

  1. Pois é, pois é, pois é! Zero prá lá, zero prá cá, caiu um zero no chão (royalties para Didi Mocó Colesterol, Novalgino, Mofumbo pró Lulla e não é pró mito. Tá mais prá samba do crioulo doido do que para Hamlet.

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