UMA SEXTA-FEIRA
DIFERENTE
Altino Farias*
De repente é sexta-feira. No bar não há pedidos de produtos nem suprimentos a receber; a limpeza da casa de toda manhã não está sendo feita. Não há previsão de sorrisos, abraços, doses, nem tilintar de copos. Será mesmo sexta-feira?
Não há ansiedade sobre o movimento da loja e do bar nesta tarde/noite, estranha
simplesmente porque já se sabe como vai ser: o balcão vai permanecer vazio, o
cervejeiro lotado de geladíssimas, e o doce aroma de cachaça não irá impregnar
o ar. Será mesmo sexta-feira?
Estamos num período no qual o recolhimento é tão necessário quanto surreal, e
aproximando-se cada vez mais de um futuro que, apesar de inédito e
desconhecido, pode ser modificado pelas nossas ações, nosso comportamento. Sim,
é sexta-feira. Uma sexta-feira diferente, que exige que adotemos uma rotina
diferente, em que a reflexão, a prudência e a solidariedade devem prevalecer.
Fortaleza, Ceará, Brasil.
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