terça-feira, 26 de dezembro de 2017

CRÔNICA - Voz (TL)

VOZ
Totonho Laprovitera*


Vestida com uma apapagaiada blusa customizada e uma colorida calça legging fusô queimando arroz, toda de flozô, a moça parecia estar areada e aperreada do quengo.

Escondendo o olhar por trás dos espalhafatosos óculos de lentes espelhadas azuis, ao arrodear para furar a fila do ônibus, no Terminal do Papicu, ela levou um cagaço do tamanho dum bonde, seguido de uma debochada vaia. Aí, fumando numa quenga, capou o gato com o rabo entre as pernas.

Avexada, a moça deixou cair no chão uma caderneta que me fez deduzir que ela seria uma devota cantora ou carola locutora, pois assim estava escrito na capa: “Senhor, meu Deus, eu confio em Voz”. 








COMENTÁRIOS:

1. Perdoe-me o insigne escritor, mas procedi a várias leituras da "crônica" e não logrei entender muita coisa. Não consegui divisar nenhum desfecho conducente a um fim – moral, intelectual, filosófico, esportivo, brejeiro, traquinas “et reliqua”.

Será que, ao colar a matéria, engoliu uma ou duas linhas? Pode ter ocorrido isto!

Toda a vida, porém – e nisto pode descansar a falta de alcance do escrito – sempre experimentei muita dificuldade de descodificar textos muito cifrados; problema de escolaridade na seara da Literatura, decerto.

Apreciei o "nordestês"

Mil desculpas.

Vianney Mesquita.



2. Ao que me parece, a moral da história na crônica de Totonho não é outra senão a impostura dos modernosos, que se enfeitam e posam de muito bem antenados, mas que no tocante à cultura formal são como girafas sobre um pântano.

Em décadas passadas eram os ex-militantes do “movimento estudantil” que, em vez de se terem instruído nas matérias do currículo, empregaram o tempo em leituras esquerdistas e terminaram como intelectuais ideológicos, sem nenhuma base na cultura clássica.

Agora são “emissis” e “didheis”, achando que são poetas refinados nas suas paupérrimas letras de “funk” e “ripirrop”, rimando diminutivos, assim como os seus seguidores incultos, de que figuras como o Falcão e a Rossiclea fazem caricaturas – dois artistas que, por trás das suas magníficas máscaras cênicas, são pessoas bem letradas.

Um dia desses havia uma dupla de cantores desse tipo em entrevista na TV, quando um explicou que conhecera o outro numa festa na casa de uns amigos “incomuns” – quando queria dizer que eram “amigos em comum”.

A personagem da peça do Totonho, na sutil ironia do cronista, se achava elegante e espiritualizada, entretanto não sabia a diferença entre o pronome “vós”, que se aplica a Deus nas preces, e o substantivo “voz”, que refere a fonação dos animais (e não só do ser humano), que são vocábulos homófonos.

Reginaldo Vasconcelos



3. Confrade Vianney, crítica devidamente anotada. Presidente Reginaldo, grato pelo entendimento da "crônica".

Totonho Laprovitera
 

2 comentários:

  1. Confrade Vianney, crítica devidamente anotada.
    Presidente Reginaldo, grato pelo entendimento da "crônica".

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