VOZ
Totonho Laprovitera*
Vestida com uma apapagaiada blusa customizada
e uma colorida calça legging fusô queimando arroz, toda de flozô, a moça
parecia estar areada e aperreada do quengo.
Escondendo o olhar por trás dos espalhafatosos
óculos de lentes espelhadas azuis, ao arrodear para furar a fila do ônibus, no
Terminal do Papicu, ela levou um cagaço do tamanho dum bonde, seguido de uma
debochada vaia. Aí, fumando numa quenga, capou o gato com o rabo entre as
pernas.
Avexada, a moça deixou cair no chão uma
caderneta que me fez deduzir que ela seria uma devota cantora ou carola
locutora, pois assim estava escrito na capa: “Senhor, meu Deus, eu confio em
Voz”.
COMENTÁRIOS:
1. Perdoe-me o
insigne escritor, mas procedi a várias leituras da "crônica" e não
logrei entender muita coisa. Não consegui divisar nenhum desfecho conducente a
um fim – moral, intelectual, filosófico, esportivo, brejeiro, traquinas “et
reliqua”.
Será que, ao
colar a matéria, engoliu uma ou duas linhas? Pode ter ocorrido isto!
Toda a vida,
porém – e nisto pode descansar a falta de alcance do escrito – sempre
experimentei muita dificuldade de descodificar textos muito cifrados; problema
de escolaridade na seara da Literatura, decerto.
Apreciei o
"nordestês"
Mil desculpas.
Vianney
Mesquita.
2. Ao que me
parece, a moral da história na crônica de Totonho não é outra senão a impostura
dos modernosos, que se enfeitam e posam de muito bem antenados, mas que no
tocante à cultura formal são como girafas sobre um pântano.
Em décadas
passadas eram os ex-militantes do “movimento estudantil” que, em vez de se
terem instruído nas matérias do currículo, empregaram o tempo em leituras
esquerdistas e terminaram como intelectuais ideológicos, sem nenhuma base na
cultura clássica.
Agora são
“emissis” e “didheis”, achando que são poetas refinados nas suas paupérrimas
letras de “funk” e “ripirrop”, rimando diminutivos, assim como os seus
seguidores incultos, de que figuras como o Falcão e a Rossiclea fazem
caricaturas – dois artistas que, por trás das suas magníficas máscaras cênicas,
são pessoas bem letradas.
Um dia desses
havia uma dupla de cantores desse tipo em entrevista na TV, quando um explicou
que conhecera o outro numa festa na casa de uns amigos “incomuns” – quando
queria dizer que eram “amigos em comum”.
A personagem da
peça do Totonho, na sutil ironia do cronista, se achava elegante e
espiritualizada, entretanto não sabia a diferença entre o pronome “vós”, que se
aplica a Deus nas preces, e o substantivo “voz”, que refere a fonação dos
animais (e não só do ser humano), que são vocábulos homófonos.
Reginaldo
Vasconcelos
3. Confrade Vianney, crítica devidamente
anotada. Presidente Reginaldo, grato pelo entendimento da "crônica".
Totonho Laprovitera
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirConfrade Vianney, crítica devidamente anotada.
ResponderExcluirPresidente Reginaldo, grato pelo entendimento da "crônica".