ALÉM DAS ÁGUAS DE IRISADA FONTE
Luciano Maia
No último sonho, milagrosas águas
serão as vastas águas de um açude
onde irão imergir todas as mágoas
que por águas sofrer em vida pude.
Um sangradouro azul banhando as fráguas
de um ermo que em oásis se transmude.
Nessas hídricas dádivas, apago as
Rugas da terra e a alma não se ilude:
a morte agora em vida se refaz.
Águas beijando o céu, desde o horizonte
Estendido ao olhar, onde jamais
deixarão de lavar aos pés do monte
os meandros de um rio que me traz
águas perenes de irisada fonte.
Veneza, 31 de outubro de 2016
O MAR E O SONHO LUSITANO
Luciano Maia
Mar português, limite do Ocidente
cemitério do sol, naus em distâncias
de intérminos adeuses, longas ânsias
de regressar a um sonho intermitente.
– Ao Levante chegar
pelo Poente –
e avistar, até onde a proa alcance as
terras de outras estrelas e fragrâncias
de outras flores e clara água corrente.
Por novas Troias, aurorais Ilíadas
quantas mortes sofreram os lusíadas
a esquadrinhar o múltiplo Oceano?…
Milhares, porém mais lhes deu o Mar
na Aventura de nunca mais findar
do incurável sonho lusitano.
Lisboa, 11 de novembro de 2016
NOTA DO EDITOR:
Acompanha
o poeta Luciano Maia nas fotos de viagem sua mulher Ana Maria Jereissati.
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