POUCO FOGO
E
MUITA FUMAÇA
Reginaldo Vasconcelos*
Em todo esse episódio envolvendo o IPHAN e
os dois ministros demissionários, o Presidente Temer teve dois erros de origem.
E, politicamente, ele está pagando caro.
Primeiro, errou ao compor o seu Ministério
com um tipo como Geddel Vieira Lima, ex-ministro petista, um político que
procura estar sempre junto ao poder, não importando que o cetro esteja com Anás,
com Caifás, com ferrabrás, com satanás.
Segundo, errou Michel Temer quando convidou
para o Ministério um tipinho como esse Calero, o qual montou uma arapuca para
prejudicar o Governo, que o acolhera em sua equipe. Um sujeito com status de
Ministro de Estado que se comportou como um escoteirinho. Gravou conversas com
seus pares, e com o Presidente da República, e disse que foi orientado a fazê-lo
por amigos da Polícia.
O problema é que o Brasil continua
funcionando com o “presidencialismo de coalizão”, de modo que o presidente
precisa conviver com as raposas velhas da política, para garantir a
governabilidade.
Por isso Geddel Vieira Lima no Governo; por
isso Romero Jucá no Governo; por isso Henrique Alves no Governo, gente
envolvida em escândalos, mas que, administrada de perto, se acredita não poderia
fazer um grande estrago. O que não se sabe é o que esse Calero estava fazendo
no Planalto.
Sim, Geddel teve força política na Bahia
para desembaraçar o seu empreendimento, que, no entanto, foi vetado no nível
federal – e ele, sendo do Governo Federal, imaginou que também nessa seara iria
conseguir ter influência. Não teve. E não deveria ter.
Não estamos falando em desvio de verba
pública, nem em fraude a licitação, nem em prática análoga a escravidão, nem em crime
ambiental irreversível, nem em aprovação de projeto de prédio com areia da praia na
argamassa. Não. Apenas se tinha um cidadão inconformado, exercendo o jus esperniandi. Teve enorme prejuízo em empreendimento imobiliário, em
virtude da conveniência estética de uma região de importância histórica, o que autorizou o IPHAN a embargar a obra, com base na lei.
Por acaso, o prejudicado era um ministro, que adotou um comportamento impróprio, ao dar “carteirada” em um
colega de Ministério. A pretensão foi negada, a conduta foi denunciada à
instância superior, que recomendou ao ministro pressionado se
desincompatibilizasse, passando o pleito para a área jurídica do Governo, que certamente não transigiria com a lei. Pronto.
Nada de mais. Fogo apagado.
Mas o Calero, feito um bebê chorão, pediu
para sair do Governo, e saiu produzindo uma coluna de fumaça, fazendo crer que desde o princípio
ele fosse um oposicionista infiltrado. Ora bolas! O País luta para superar uma
crise enorme, para vencer um momento gravíssimo, e não pode estar se detendo com questiúnculas banais. Mas o episódio
todo teve como saldo positivo a saída dos dois ministros trapalhões. Toca
adiante, Brasil!
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