IMPRIMATUR
NO JARDIM DE ACADEMO
(Para
a História da Editoração Acadêmica no Ceará)
Vianney Mesquita*
Oh! Bendito o que semeia livros a mancheias. E
manda o povo pensar! (Antônio
Frederico de CASTRO ALVES. * em Castro Alves-BA, 14.03.1847; + Salvador,
06.07.1871).
A
primeira vez que tive notícia da palavra editora
foi durante a alfabetização, sob a regência da histórica e extraordinária
Professora Eunice Leite, na Palmácia dos ‘1950. Foi quando aprendi, decorado e
de salto, as letras do alfabeto português, soletrando e escrevendo no Caderno Avante as primeiras sílabas
componentes da cartilha Criança
Brasileira, com o sinete da
Livraria Agir Editora.
Anos
depois, fui mais a fundo na noção, quanto tomei contato com a obra de José
Bento Monteiro Lobato (1882-1948), jurista de Taubaté-SP que, ocasionalmente,
se fez grande escritor, notabilizando-se, em particular, pelo incitamento por
ele imprimido à literatura de teor infantil no País, tendo sido, também,
editor.
O
nome tipografia – impende reforçar –
é hoje banido de uso corrente e dos dicionários, em decorrência das fulgurações
modernistas e dos sempre renovados processos de composição e impressão
introduzidos pela maravilha da Informática.
Conheci
a primeira tipografia no ano de 1960, quando entrei para a Escola Industrial de
Fortaleza. Ali era, ex-vi da
legislação relativa ao ensino técnico-industrial, obrigado a transitar pelas
Artes Gráficas, sob o comando do esquisito, mas bondoso, Prof. Antônio Siqueira
Campos, de todos conhecido como Mestre
Camarão.
Nos
bancos da então EIF, hoje (2018) Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia – IF-Ceará, descobri-me com pendores para a escrita, e lá redigia
pequenos e enjambrados periódicos (não jornais, pois estes, a rigor e conforme
o nome aponta, são diários) de número só, carregadíssimos de adjetivos desnecessários,
defeito do qual me corrigi, em parte, por obra e graça do professor canindeense
Mário Barbosa Cordeiro, a quem tive, aliás, a satisfação de cumprimentar, no
dia 24 de julho de 2017, pela passagem dos seus 96 anos.
Uma
vez jornalista de ofício, graduado pela Universidade Federal do Ceará em 1974,
onde recebi aulas substanciosas ministradas pelo Prof. Heitor Faria Guilherme
(de lembrança saudosa), a Professora Doutora Adísia Sá arranjou-me um emprego
de redator na TV Educativa (hoje TV Ceará – Canal 5), ao tempo em que o sempre
relembrado Carlos Neves D’Alge – também, como Adísia, jornalista e docente da
UFC – era superintendente.
Por
indicação do Professor Faria, de novo, entrou Adísia em cena e me levou para
ministrar aulas no Curso de Comunicação da UFC, onde, depois, por seleção de
títulos, fui efetivado, acumulando legalmente com o emprego da TV.
Após
o fastígio dos 12 anos do Mestre Antônio Martins Filho como Reitor (fundador)
da UFC, registou-se um hiato no progresso da Instituição, com uma seguinte
administração muito fraca, acompanhada de duas, operosas, no entanto ameaçadas
e tolhidas constantemente pela espada damoclesiana (Ovídio) da chamada revolução de março.
Seguiu-se
o reitorado do intelectual e acadêmico coestaduano, Prof. Paulo Elpídio de
Menezes Neto, o qual, então há pouco egresso de altos estudos realizados em
França, homem culto e bem relacionado nacionalmente, reformulou totalmente o
projeto de publicações da UFC, fazendo das Edições
UFC (batizadas por ele) paradigma nacional na seara da editoração
universitária, somente “rendendo homenagens” às editoras da UNB e da USP; mesmo
assim, diferentemente das demais, os programas dessas instituições possuíam
caráter comercial e visavam ao lucro.
Paralelamente
às ações docentes, militei nas Edições
UFC, onde fui secretário-executivo, ali me demorando oito anos, durante as
administrações de Menezes Neto – e de José Anchieta Esmeraldo Barreto – de quem
sou coautor em duas obras, o que me agrada e honra sobremodo. Na sequência, fui
fazer parte da equipe do Reitor seguinte, Professor Raimundo Hélio Leite, como
seu assessor especial.
Vivíssima
e operosa, ainda está a Edições UFC,
trabalhando a emprego total, arrimada em seriíssimos critérios de seletividade,
sob o crivo de uma Comissão Editorial de alçada competência, e hoje encontra-se
sob a direção editorial do Prof. Antônio Cláudio Lima Guimarães, profissional
competente, produtivo e diligente, de caráter moral e intelectual inatacável.
Depois,
então, desses compridos ganchos para introduzir o lance principal da estória,
tem-se que, ao assumir a Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, o novo
Reitor – o pranteado Prof. José Teodoro Soares – cuidou, entre outras
providências urgentes, de instituir as Edições
UVA, tendo por fim precípuo conceder vazão editorial aos seus trabalhos de
incutir nova cultura institucional junto a sua comunidade acadêmica, derivando,
bem pouco tempo depois, para a edição de escritos de real valor, da colheita de
seus docentes e pesquisadores.
De
efeito, fruto de qualificação do conjunto de professores e investigadores da
UVA, por ele estimulada, o acúmulo de originais de boa qualidade foi
aumentando, motivo por que foi necessário instituir outros periódicos
científicos que calçassem as opiniões e achados havidos como saber novo,
produzidos no âmbito institucional. Um desses periódicos, ainda bem vivo, é
denominado Essentia – Revista de
Ciência e Cultura da Universidade Vale do Acaraú, dirigida, por muito tempo,
pelo pesquisador e docente, com diversos livros publicados, Professor Doutor
Teobaldo Campos de Mesquita (UFC e UVA).
Essentia sai semestralmente – hoje informatizada – de
modo que já foram editados dezenas de números bastante alentados, cujo conteúdo
recebe do público especializado no País os mais favoráveis conceitos, em razão
da seriedade e mercê da responsabilidade como o seu Colegiado Editorial procede
ao selecionar as matérias propostas, consoante ocorre, também, com os seus
outros excelentes periódicos.
Em
formato de livro, as Edições UVA
publicaram centenas sob plural temática, coincidente com estudos de graduação,
especialização e mestrado.
Como
o óbvio às vezes se absconde – em especial, pro
rata temporis – não será ocioso reafirmar a ideia de que o absoluto sucesso
do Programa Editorial, como de resto toda a UVA, é creditado ao espírito então
aberto, renovador e inovador que presidiu ao trabalho do saudoso Reitor Teodoro
Soares, o qual, contando sempre com uma excepcional equipe, sempre dizia sim aos bons projetos e jamais
rejeitava por completo os defeituosos, porém os devolvia, a fim de que deles os
autores procedessem ao devido saneamento, voltando a oferecê-los à publicação.
Por
todos esses resultados, o Programa Editorial da UVA constitui atividade ancilar
de relevância, para que o desiderato do Reitor-Fundador de fazer da UVA uma
academia de médio a elevado porte, agora, algum tempo depois de seu passamento
para a outra dimensão, continue sendo materializado e à plenitude, o que já
sucede, com certeza, haja vista a excelência dos seus programas e o aporte de
mais projetos, a cada dia trazidos à Universidade, como o de que ora cuido,
ocorrência do ano de 1996 (há 22 anos), o que chamo de Imprimatur no Jardim de
Academo.
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