RESSONÂNCIAS
(Acerca de Canção de um Solitário)
Vianney Mesquita*
A água voa sozinha, os corvos em bando; o
imbecil precisa de companhia, o sábio de solidão. FRIEDRICH RÜCHERT – poeta e prosador alemão.
19.05.1788 – 31.08.1866).
Há
poucos dias, de uma assentada de menos de uma hora, deliciei-me com a leitura,
ligeira mas profunda, de um livro, pequenino no tamanho e incomensurável na
conquista, intitulado Canção de um
Solitário, publicado em João Pessoa, da agricultura do ex-frade capuchinho
fortalezense Raimundo Luciano
Correia Lima de Menezes (fotografia),
o qual já priva da Glorificação paradisíaca.
Esta
substanciosa obra literária, malgrado suas frugais, porém amplíssimas 74
páginas de subido artifício literário e engenho anímico, me foi cedida para
leitura pelo sobrinho do Autor, o oficial da Polícia Militar do Ceará, Sérgio
Arruda, meu amigo de sadias conversas às sextas-feiras, em duas horas, no
máximo, durante as quais desenvolvemos saudáveis lérias, no estabelecimento
comercial do amigaço Sr. José Maria
Nascimento, no Benfica, em Fortaleza.
Em
Canção de um Solitário (foto), admiravelmente
composto em português que varia do castiço ao comum-correto, o Escritor expõe
todo o seu ardor inventivo, calçado em um estilo agradabilíssimo e com torneios
de fácil entendimento, ao expor o seu estro artístico de sábio na solidão.
Como
é simples de o leitor divisar, esta circunstância resta configurada, na
epígrafe destes comentários, pelo literato germânico Friedrich Rüchert (foto), célebre mestre de Contos Líricos (Lyrisische
Gedicthe), em cuja perspectiva, para que o pensador produza, se determina
uma contingência de insulamento, a fim de as relações pessoais não perturbarem
o veio produtivo no momento de materializar a criação.
Parece,
pois, haver sido tal isolamento das pessoas e fatos do Mundo, vinculados – seja
expresso – aqui, exclusivamente, ao amor conjugal, no decurso da conjuntura
monástica do Autor, que o conduziu a edificar um conjunto de reflexões
artístico-literário de tal estimação, conforme se ajuntam em Canção de um Solitário, de sabor
estético indiscutível e propriedades tão nobres, a conduzir quem o lê e
distingue ao apogeu da satisfação.
Não
intento, e isto é mais do que evidente, deixar de lado sua atuação como ungido
do Senhor durante largo tempo, até conhecer sua Glória de Lourdes, numa
ensancha propiciada por Deus, a qual lhe concedeu o segundo half-time, após o seu primeiro tempo de
vencedor ao propagar a Palavra, com sabedoria, acerto e determinação, conforme
seu juramento na oportunidade em que recebeu o Sacramento da Ordem, (Foto) cuja
suspensão foi concedida, pela Santa Sé e ao seu rogo, em 1967.
Aproveitando
o ensejo de realização do Campeonato Mundial de Futebol, na Rússia (FOTO), no
segundo tempo desta Copa, de Deus e do Mundo, o Autor recebe, também, as
bênçãos de Cima, haja vista a família constituída, o bem esparzido, o exemplo
ordenado, a correção orientada, o caminho que procurou endireitar, as veredas
que, batistinamente, tencionou desentortar, para, enfim, aportar a uma
literatura de alevantada qualidade.
Este
status quo o transporta, sem nenhuma
dúvida, a um lugar de destaque na prosa brasileira, mesmo com obra curta, fato
ocorrente com vários escritores nacionais, como sucede com Augusto dos Anjos
(Foto), coincidentemente paraibano, o qual somente publicou Eu e outras Poesias e, assim mesmo, é
autor conhecidíssimo não apenas no Brasil.
Têm
ressalto na bela publicação ora comentada um lúcido e profundo prefácio da
lavra do médico, escritor e poeta Luiz Luciano Arruda de Menezes, bem assim um
texto de quarta-capa, de alçado teor histórico, a respeito do novo mundo do
Autor – o Mundo do Amor.
Dirijo
aos dois Lucianos os parabéns por haverem ornado, decerto, até em boa redundância
plástica, a obra do primeiro Luciano, já por si mesma alimentada de alcance e
idoneidade.
Nota:
o volume sob escólio, de Luciano Menezes, é raro, porém, foi publicado pela
Ideia Editora Ltda, de João Pessoa, e pode ser procurado por quem interessar
mediante o sítio "ideiaeditora@uol.com.br".
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