PRECISAMOS DA
ORDEM DOS ADVOGADOS
Cândido Albuquerque*
Pela
sua história de lutas em defesa dos direitos e interesses coletivos, além da
defesa intransigente das prerrogativas dos advogados, a Ordem dos Advogados do
Brasil converteu-se no principal porta-voz da sociedade civil. A OAB, hoje, de
fato, já não é uma instituição apenas dos advogados, mas um patrimônio da
sociedade brasileira. E assim precisa ser tratada e mantida.
A
responsabilidade de manter a nossa entidade como uma referência ética e
engajada na defesa dos direitos individuais e coletivos é, e sempre será, dos
advogados. Somos nós os responsáveis pela renovação dos dirigentes, o que
precisa incluir a preocupação no sentido de não permitir que falsos profetas,
travestidos de defensores dos fracos e dos oprimidos, façam da nossa entidade
um trampolim, em busca de interesses pessoais.
Precisamos todos nós, os jovens e
os experientes, ter consciência de que não podemos transigir com os destinos da
nossa entidade. Mais que isso, precisamos cobrar de quem está na entidade, e de
quem pretende ali se instalar como gestor, uma postura altiva, impessoal,
serena e combativa. O diálogo com as demais entidades, notadamente com o
Judiciário e com o Ministério Público, precisa ser respeitoso, e tanto somente
será possível se o Presidente da OAB for visto como alguém com credibilidade
ética e intelectual.
A
profissionalização da política de classe, com a presença de marqueteiros
ensinando como conquistar o voto dos jovens, por exemplo, e ainda o espetáculo
verdadeiramente constrangedor a que se assiste a cada eleição, com a presença
de conhecidos advogados assediando os eleitores na porta das sessões
eleitorais, não podem mais ser tolerados. É chegada a hora do voto eletrônico, à distância, como já acontece em algumas entidades.
A campanha precisa ser
retomada tendo-se em vista os principais interesses da advocacia e a
recuperação das nossas instituições. Os jovens precisam compreender a
importância da OAB como instituição de classe, independentemente de quem seja o
presidente, devendo o bastonário, por dever de ofício, representar a classe,
identificar os interesses coletivos e “governar” para todos.
O
diálogo com o Judiciário é imprescindível e reclama clareza, respeito e
conhecimento do ofício. A cada dia, advogar está ficando mais difícil, e quem
paga essa conta é a sociedade. As disfunções éticas na advocacia, no Judiciário
e no Ministério Público precisam ser combatidas com firmeza. Não podemos
aceitar que a OAB tenha receio ou conveniência no combate a irregularidades
cometidas por quem está a serviço da prestação jurisdicional. Somos, os
advogados, representantes da sociedade e guardiões dos seus melhores valores.
Portanto,
como teremos eleições este ano, cumpre a nós, advogados e advogadas, jovens ou
já experientes, pôr sobre os nossos ombros a responsabilidade de manter a nossa
entidade como uma referência na defesa dos interesses da sociedade e,
principalmente, das prerrogativas profissionais. Aliás, seremos nós, em
primeiro lugar, as vítimas das más escolhas. Sem uma entidade capaz de
estabelecer o diálogo com os entes públicos, será cada dia mais penoso advogar,
e, com isso, será cada vez mais difícil defender os direitos que nos são
confiados.
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