O CAFÉ IRACEMA
E O SALÃO REX
Totonho Laprovitera*
Noutro dia, passando pela Praça dos Voluntários, no
Centro de Fortaleza, deparei-me com a esquina do prédio onde ficava o Café
Iracema, de propriedade do meu avô Miguel Laprovitera, na primeira metade do
século passado. Hoje, o edifício abriga uma sapataria.
O Café Iracema era ponto de encontro de
representativa parte da intelectualidade fortalezense, de maneira especial, a
dos jovens. Políticos, autoridades, advogados, doutores, comerciantes e
estudantes por lá passavam para tomar café e merendar os deliciosos bolos que a
minha avó Marianna preparava. Foi lá onde, no pós-guerra, o Vovô inaugurou uma
grande novidade: a primeira máquina de fazer pipoca de Fortaleza. Foi com ela
que ele conseguiu se recuperar financeiramente do enorme prejuízo que o
famigerado quebra-quebra lhe causou.
Agora, uma coisa me deixou surpreso. Vizinho ao
prédio do Café, ainda existe o Salão Rex, onde Vovô Miguel levava a mim e meu
irmão Gera, para cortar o cabelo. Lembro que o barbeiro tinha uma enorme unha
no dedo mínimo da mão esquerda, que me dava uma gastura lascada perto dos meus
olhos, causando a impressão de que iria furá-los. Ainda hoje guardo essa
desconfortável sensação.
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