domingo, 31 de julho de 2016

CRÔNICA - Baião Africano (TL)


BAIÃO AFRICANO
Totonho Laprovitera*


O Cantinho do Frango reúne bons boêmios e grandes artistas de Fortaleza. O estabelecimento é o ambiente perfeito para o exercício da arte de fazer e conservar amigos. Orgulho-me de constar em seu painel artístico pintado pelo Kazane, porém, nunca entendi porque fui retratado de paletó.

Pois é, foi lá onde o Alex Holanda criou o Baião Africano, nada mais, nada menos, do que um baião-de-dois feito com feijão preto e ingredientes da tradicional feijoada brasileira. E inspirado no rico espaço etílico cultural, eu escrevi sobre o lugar, para depois o Chico Pio musicar e o Caio publicar no cardápio da casa.



Na mesa posta a cerveja,
No Cantim não há segredo,
Anuncia a boemia,
Bem gelada desde cedo
Com o ventilador no três,
Esqueço as contas do mês
E abuso do Figueiredo

Tem arroz e feijão preto,
Tem linguiça calabresa,
Toicim, charque, carne-de-sol
O prato é uma beleza,
Diz Alex a Sicrano:
Se o baião é africano,
Mato a fome e a tristeza!

Um gole, um tira-gosto,
Na vitrola o cantor chora
O Penna com uma canção nova,
O Pineo fazendo hora
E o Chico na viola
Tocando pra corriola,
Jogando conversa fora

A boemia no salão,
No sobrado o carteado
Em verso rimado fala
O poeta inspirado:
Tem retrato na parede,
Só não tem lugar pra rede
De repente, improvisado

No lugar se vive a vida,
Sendo dela um aprendiz
Se feliz ninguém for nela,
Deverá ser por um triz
Diante de tal excesso,
Eu agora me despeço,
Como faço e sempre fiz

Caio, manda a saideira,
Uma cana pra encerrar
Como sou um bom freguês,
Some as contas preu pagar
As outras tantas pendure –
Não há mal que não se cure –,
Que amanhã quero voltar!



Um comentário: