BAIÃO AFRICANO
Totonho Laprovitera*
Totonho Laprovitera*
O Cantinho do Frango reúne bons boêmios e grandes artistas de Fortaleza. O
estabelecimento é o ambiente perfeito para o exercício da arte de fazer e conservar
amigos. Orgulho-me de constar em seu painel artístico pintado pelo Kazane,
porém, nunca entendi porque fui retratado de paletó.
Pois é, foi lá onde o Alex Holanda criou o Baião Africano, nada mais, nada
menos, do que um baião-de-dois feito com feijão preto e ingredientes da
tradicional feijoada brasileira. E inspirado no rico espaço etílico cultural,
eu escrevi sobre o lugar, para depois o Chico Pio musicar e o Caio publicar no
cardápio da casa.
Na mesa posta a cerveja,
No Cantim não há segredo,
Anuncia a boemia,
Bem gelada desde cedo
Com o ventilador no três,
Esqueço as contas do mês
E abuso do Figueiredo
Tem arroz e feijão preto,
Tem linguiça calabresa,
Toicim, charque, carne-de-sol
O prato é uma beleza,
Diz Alex a Sicrano:
Se o baião é africano,
Mato a fome e a tristeza!
Um gole, um tira-gosto,
Na vitrola o cantor chora
O Penna com uma canção nova,
O Pineo fazendo hora
E o Chico na viola
Tocando pra corriola,
Jogando conversa fora
A boemia no salão,
No sobrado o carteado
Em verso rimado fala
O poeta inspirado:
Tem retrato na parede,
Só não tem lugar pra rede
De repente, improvisado
No lugar se vive a vida,
Sendo dela um aprendiz
Se feliz ninguém for nela,
Deverá ser por um triz
Diante de tal excesso,
Eu agora me despeço,
Como faço e sempre fiz
Caio, manda a saideira,
Uma cana pra encerrar
Como sou um bom freguês,
Some as contas preu pagar
As outras tantas pendure –
Não há mal que não se cure –,
Que amanhã quero voltar!
Um pouco de boemia nessa vida,
ResponderExcluirA raiva e a morte evita...