segunda-feira, 25 de julho de 2016

ARTIGO - "Porraloucura" (RV)


“PORRALOUCURA”
Reginaldo Vasconcelos*



O mundo está balançando fortemente, sacudido pela violência no Oriente Médio, onde fanáticos trucidam cidadãos estrangeiros e explodem monumentos históricos, e provocam um tsunami de emigrantes fugitivos, com malucos diluídos entre eles, ou por eles produzidos em seus guetos.

Convencidos de que seria espiritualmente vantajoso sacrificar a vida de inocentes dos países que os acolhem, ou que acolheram seus pais, esses jovens barbarizam o mundo todo por uma causa imaginária – eles mesmos se incluindo entre as suas próprias vítimas.

E este é o maior problema: não há de como reprimir seus atos com ameaças penais, já que, como se fossem zumbis, estando sob intensa hipnose mística anulam o instituto de autopreservação, e nem mesmo a morte eles temem. Ao contrário, explodem-se a si mesmos, ou cometem chacinas tenebrosas e dentro delas se imolam.

O Brasil, enquanto isso, de tanto balançar, foi emborcado. Está de pernas para o ar no que tange à economia, quanto à moral pública, em relação à segurança, de tal sorte que não se consegue vislumbrar um só político que mereça confiança. Alguns presos, muitos processados, todos suspeitos e investigados pelos delitos mais diversos, enquanto mutuamente se acusam.


A floresta amazônica sofre desmatamento recorde neste ano, índios e fazendeiros digladiam-se em sangrenta luta campal e grupos de invasores de terras, estimulados pelos últimos governos, esbulham impunemente a propriedade alheia e atacam fazendas produtivas por todo o território nacional, sem que o Estado atue com energia e eficiência. 

Nas grandes cidades pulsa um estado paralelo, com zonas urbanas onde a lei não vigora e onde a polícia não penetra; onde grassam o contrabando de armamentos e o tráfico de drogas e a degradação psicossocial absoluta se instala pelo império das armas ilícitas e da barbárie absoluta.

Nos cidades dos sertões, grupos organizados atacam e acuam as guarnições policiais, com grande superioridade bélica, para explodir agências bancárias com frequência regular. Enquanto isso, a Nação discute as manhas de Eduardo Cunha, duvida que Presidentes da República sejam responsáveis por seus atos, resolve se troca ou não o obviamente pior pelo aparentemente menos ruim.

E em meio à desordem e ao regresso social que desmentem o dístico da Bandeira Nacional organizam-se no País certames esportivos mundiais, mesmo que se tenha que mobilizar todas as polícias e as três Forças Armadas para garantir segurança mínima. Isso importa ainda em obras faraônicas desnecessárias, enquanto o povo se torna mais pobre, mais confuso, mais atordoado pelo ópio desportivo, que já aliena as torcidas de futebol organizadas, foco de banditismo e violência.

Os competidores aquáticos estrangeiros vêm ao Brasil enfrentar rios e mares poluídos por esgoto e lixo, sujeira que de última hora se tenta varrer para debaixo do tapete, enquanto americanos, ingleses e australianos se recusam a entrar na vila olímpica, com seus prédios mal projetados, inconclusos, imundos. E o prefeito engraçadinho do Rio de Janeiro, entre outras aleivosias, faz piada de mau gosto dizendo que, se necessário, coloca até um canguru saltando na frente da delegação da Austrália. Uma molecagem! 

Nesse contexto, em preparativos de Olimpíadas abre-se uma exceção no acordo tácito entre o Governo e o crime organizado: transferem-se para outros presídios, até que passe o campeonato, os grandes chefes do tráfico  que sabidamente comandam de dentro das penitenciárias as suas poderosas facções. Retornarão certamente aos seus “escritórios delitivos, quando tudo “voltar ao normal”.

Então, o serviço secreto americano, de lá mesmo nos dá conta de que há no Brasil pelo menos doze sujeitos se preparando via internet para perpetrar atentados olímpicos, já devidamente “batizados” pelo chamado Estado Islâmico. Dez são imediatamente presos, o décimo primeiro se entrega e o último é capturado em seguida. Seriam os únicos? Obvio que não.

Incontinenti vêm Suas Excelências o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, e da Justiça, Alexandre de Moraes, tranquilizar a Nação informando que não há perigo, porque se trata de “amadores”, uns verdadeiros “porraloucas” – expressão chula que não deveria se ouvir na equipe de um Presidente erudito, que se comunica com mesóclises.   

Toda sorte, deduz-se de suas falas oficiais que os homens presos não são terroristas “profissionais”, nem “experientes suicidas” – como se para se autoexplodir em público, metralhar pessoas avulso e dirigir um caminhão contra o povo fosse preciso ser lúcido e sensato, ajuizado e coerente, e ter um longo passado de crimes – tudo o que não eram e não tinham os mais recentes homens-bomba e “lobos solitários” que atuaram mundo afora.

Assim, as autoridades brasileira quase que se desculpam com a Nação por terem preso os suspeitos de planejar ações terroristas, já que a nossa legislação é leniente com bandidos e severa demais com a polícia, cujos agentes são recriminados pela imprensa se usarem de maior energia em confronto com bandidos, e, se morrem criminosos nessas ações, os autos de resistência são questionados pelos arautos dos "direitos humanos", sempre em favor do banditismo.  

Por conta  disso, no célebre caso do ônibus 174, ocorrido no ano 2000 no Rio de janeiro, atiradores posicionados não receberam ordem de abater o sequestrador, que somente foi morto depois de trucidar a sua refém – e o mesmo aconteceu com a jovem Eloá, sequestrada e morta pelo ex-namorado, em 2008, em São Paulo. Em qualquer país do mundo a segurança das vítimas têm prioridade sobre a vida de seus agressores. No Brasil dá-se o contrário.    

Valha-nos Deus! Que Ele se apiade de nossas almas!



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