VENI, VIDI, VICI
Por Vianney Mesquita*
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Dante Alighieri |
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Olavo Bilac
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Mediante reforma adulterina procedida da educação
brasileira, cujo mentor de bestunto tão estreito me escuso de referir, foi o
ensino da Língua e Literatura Latina -- código glossológico, também, de Dante
Alighieri (italiano) -- proscrito dos curricula do antigo Curso
Ginasial, fato representativo de incalculável prejuízo ao culto, cultivo e
aprimoramento da derradeira flor romana de Olavo Brás Martins dos Guimarães
Bilac.
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Quevedo y Villegas |
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Júlio Laforgue |
Língua-mãe, ainda, de várias outras codificações
glotológicas (línguas, dialetos, idioletos e patois), deriva do Latim,
idioma matricial de Quevedo y Villegas (castelão), a maior parte das formações
vocabulares e das mencionadas ordens linguísticas, motivo por que o estudo,
entendimento e diacronia do nosso idioma têm como fonte inexaurível as
sistematizações românicas, ora oficialmente inacessíveis à massa, porquanto
banida das escolas, como matéria basilar, a expressão lingual herdada do Lacio,
pela qual também Júlio Laforgue (uruguaio) e Vicente Blasco Ibañez (platino)
escreveram suas obras.
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Vicente Blasco Ibañez |
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Alphonse Daudet |
Há, contudo, no Brasil, alguns dos seus discípulos
desobedientes à espúria determinação, embatendo-se diuturnamente pelo retorno
da fala original de Alphonse Daudet (francês) às grades curriculares dos
estabelecimentos de ensino secundário, no entanto, até agora, sem ressonância
nas oitivas moucas das autoridades de instrução no País.
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Frédéric Mistral |
Um desses poucos -- que conheço e de cuja amizade me
ufano de privar -- é o Professor Antônio Carlos Dias Campolina, filho do mestre
ubaense José Dias Campolina, coluna de retidão e sabedoria e que tem no seu
rebento, cuja pátria é também Ubá-MG, o continuador de sua obra como lente da
linguagem, na sua origem, usada por Frédéric Mistral (provençal ou occitano),
em Minas Gerais e alguns estados do Nordeste.
Qual derradeiro abencerrage de Chateaubriand,
Campolina se larga da sua BH por Minas Gerais inteira, pelo Ceará e Piauí,
procurando, com os raros cursos que monta, sensibilizar as autoridades, mediante contatos pessoais, depois de longuíssimos
chás de cadeira, e via imprensa, a reintroduzirem a matéria-base da literatura
de Emil Cioran (romeno) na escola, num mourisco trabalho apostolar em favor de
um concerto linguístico que jamais foi a óbito.
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Professor Campolina |
Somente ele sabe as necessidades por que passa, as
evasivas e grosserias que ouve, os parcos dinheirinhos que às vezes nem recebe,
o padecimento, enfim, em favor de uma disciplina propedêutica (com base na qual
Rosalía de Castro de Murguia compôs O
cavaleiro de botas azuis), das matérias de Língua, Literatura e Cultura
lusofônicas (Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e
Príncipe, Moçambique, Timor Leste e Macau).
O livro S.P.Q.R.
Latim Jurídico, em sexta edição, representa a exteriorização da sua peleja,
na queda de braço desigual, porém na certeza de um dia atravessar o Rubicon.
Ele até já pôde dizer como Júlio César: Alea
jacta est; e depois poderá, decerto (não se sabe quando), falar para os
Farnaces, reis do Ponto insensível brasileiro, perto de Zela (Brasília), no ano
47: Veni, vidi, vici.
Já veio, viu e haverá de vencer. É o que todos os
seus amigos, ex-alunos e admiradores esperamos.
*Vianney Mesquita
Professor da UFC
Escritor e Jornalista
Membro da Academia Cearense
da Língua Portuguesa
Titular da Cadeira de nº 22 da ACLJ
Meu caro conterrâneo palmaciano Vianney: Você, com seu relevante artigo remeteu-me ao tempo em que estudei Latim, no antigo Ginásio Municipal de Fortaleza (hoje sede do Instituto do Ceará). Era ministrado pelo saudoso Prof. Lacerda. Parabéns por enfocar, em profundidade, um tema tão importante.
ResponderExcluirJornalista e Prof. Paulo Tadeu Sampaio de Oliveira
PS: Estou nos Estados Unidos durante todo este mês de novembro em viagem de observação cultural...